Check Up 40

Hoje acordei mais ou menos umas 4hs: puta sono quero dormir mais, mas em seguida veio um pensamento de que a galera ja tava trabalhando na marmita, ai tive uma reacao do tipo to mandando mal. Ai eu pensei nossa ainta to reagindo nesse tipo de coisa, mas que se foda, agora ta assim, dai resolvi ir trabalhar.


Lá na marmita fui preparar uma refeição que vão ovos, na hora de preparar derrubei uns 5 no chão. Depois percebi que tinha errado a receita e faltaram ovos. Outra hora fui cortar uma cenoura no ralador e cortei o dedo. Depois tava montando umas marmitas e deixei uma montada pela metade cair no chão.

A Milkisan me disse: cuidado para nao acontecer algum acidente hoje. Dai eu falei já entendi pode deixar que já tô parando por hoje.


Depois a gente tava na reunião sobre a higiene no trabalho. Dei uma proposta sobre a maneira de receber as mercadorias, então o Kenji nessa hora virou e falou: vê se vc carrega essas paradas também. Eu pensei acho que ele ta me repreendendo. Aí já deu um link na minha cabeça com a história de ir mais tarde para o trabalho que pensei ao acordar de manhã. Depois pensei se ele estiver me repreendendo também tanto faz, não tem importância.


Eu fiz essa conversa hoje na reunião e depois pensei:


Mesmo que estejam me repreendendo ou pensando mal de mim, o que serah que eu realmente quero fazer. Caso haja agora na marmitaria um clima de ter que trabalhar/responsabilidade, eu quero seguir nesse caminho?


A sociedade onde qualquer pessoa pode viver a partir do seu coracao original, onde, quando, com quem começa?

Visões da maturidade

Hoje eu tive uma conversa muito legal com uma senhora que mora aqui no sítio. Ela já foi exilada da ditadura, já foi monja budista e teve uma comunidade. Ela conduz meditações todos os dias e tá sendo a primeira vez na vida que eu to conseguindo meditar e entendendo o processo.
Mas o que eu queria contar era sobre um ponto que ela trouxe: como nós mesmo em comunidade vamos desistindo das relações, vamos perdendo interesse pelo outro, vamos criando uma ideia fixa sobre o outro na cabeça e aí tudo vai perdendo a graça, coisas bobas começam a irritar… e vamos nos fechando pra transformação que o outro pode me promover.
Foi legal pq ela trouxe bem explicitamente exemplos de momentos em que tivemos alguns conflitos, e foi legal sentir que ela tava disposta a falar disso abertamente comigo. Senti que ela tava resgatando o interesse pela relação comigo. Ela falou: a gente vai criando preconceitos do tipo: ah você é uma menina que só fica viajando por aí e não sabe de nada. Na hora que ela disse isso eu senti que ela já tava aberta para abrir mão dessa visão fechada, e daí conversamos sobre comunidades, sobre projetos e ideais…

foi legal me sentir ouvida verdadeiramente, sem os pré-julgamentos de antes.

Isso foi importante pra ver que estou fazendo isso com outras pessoas aqui, fixando uma imagem deles e perdendo o interesse de conhecer de verdade, sem julgamentos, sem defesas, sem barreiras.

Parece que essa conversa abriu um espaço dentro de mim.

O outro ele mesmo

Eu disse que iria na reunião de terça, mas eu não fui. Tinha vontade de participar e ao mesmo tempo estava angustiada com o Pedro, querendo falar umas coisas pra ele. Pensei: vou lá falar depois vou pra reunião. Mas isso foi sem noção, porque dava pra prever que não seria uma conversa rápida.

Essa atitude acho que exemplifica um jeito irresponsável de ser, que eu tenho e não gosto. Quando fico irritada (de leve rs) com o Diego, acho que é porque ele faz coisas que eu queria fazer, mas de um jeito que eu não faria.. pra mim ele é bastante disciplinado. Acho que a diferença é que com o tempo se constrói coisas mais sólidas assim, enquanto o meu jeito é estilo pegar papel na ventania.

Voltando para a conversa com o Pedro, ficou muito nítido que eu não queria desistir da relação. Acho q o impulso de conversar vem de “não estou gostando de você nesse momento, mas eu queria gostar”, algo como o “normal” seria gostar, por isso acho que dá pra procurar juntos onde travou.

Então, conversando, acho que consegui voltar para esse estado, saindo do Pedro da minha cabeça e indo pro Pedro ele mesmo. Quando ele fala dele, o que na minha opinião é raro, me faz ver um pouco do mundo que existe dentro dele, um mundo invisível para mim e que não tem a ver comigo. O enrosco começa quando acho que o que ele faz tem a ver comigo. Perceber que é algo que surge de dentro dele torna tudo mais fácil (mais fácil ter empatia talvez). 

Check Up 39

hoje na reunião da cozinha de manhã


O Kenji explicou que em breve vamos começar a marmita com menu de peixe, e aproveitou para explicar um pouco como fazer alguns pratos.


O Isayamasan ouviu e começou a falar que ia ser difícil fazer desse jeito e tal


Ai Kenji falou, ok entendi. por favor se acostume.


Eu pensei, massa essa maneira de falar, leve direto, vou imitar,

daí falei


Semana que vem o Nakamura kun não vai estar aqui, então todo mundo se esforça ai 


Ai Kenji falou, não vou me esforçar não


Ai eu falei, beleza


fim


Achei boa essa conversa.


Outra conversa


Hoje foi a primeira de vez de uma nova participante no Encontro As One time C. Entao cada um devia se apresentar e nisso incluir o que está achando divertido ultimamente.


Eu disse que o dia a dia normal esta divertido ultimamente, de maneira que outro dia nem quis ir na montanha com a galera.


O Ryu san ouviu isso e lembrou que no começo quando vim eu odiava trabalhar na marmita, então o Sakai san falou para ele arrumar meus dias de folga de maneira que eu pudesse ir com outro mano passear na montanha.


Ao ouvir isso meu coração ficou quente.


Ai o Toshiyuki falou, Diego vc ficou com vontade de chorar?


Na hora eu disse que nao, mas na verdade os olhos encheram de lágrimas.

Check Up 38

Hoje eu falei: tem uma pessoa que nao me surge um sentimento de amor em relação a ela


Me falaram de volta: tem casos que esse sentimento não surge mesmo.


Depois participei do Salão de leitura


Mesmo sem aflorar o sentimento de amor, estou vivendo no mundo movido pelo amor (tem uma expressão que se usa aqui, não estou colocando muita força na tradução disso.)


Pode ser que com a mudança das circunstâncias aflore amor por essa pessoa, ou talvez não


Como nao eh algo para se fazer


Acho que eh só isso mesmo.


Outra conversa

Hoje eu e o Ushimarusan fomos procurar umas mesas para marmitaria na cidade vizinha.


Entrei no carro e ele tacou um Deep Purple e falou: banda que tem batera boa eh outra coisa neh, e eu que fazia um air drums naquela hora respondi que sim!


Fazia tempo que eu nao curtia um rock com alguém, foi daora!

Tem horas que o pessimismo pega

Me lembro que no curso de conhecer a vida humana, ficou claro na minha história o quanto eu sempre tinha uma visão muito crítica do mundo, sempre muito difícil me adaptar, muito difícil me relacionar, muito difícil me sentir parte da escola, do trabalho, do mercado, da faculdade, do relacionamento amoroso. Parece que meu olhar sempre vai pra ver o que não tá dando certo, o que não tá sendo coerente, o que tá desconectado. E de verdade, se a gente para pra olhar tudo isso, faz sentido o olhar crítico. O problema é que só ficar procurando cabelo em ovo não muda nada. O que pega na verdade é a impotência. É sentir que não tem outro caminho.

Daí quando participo de um curso na Yamaguishi, ou quando to aqui na Ana Thomaz, vejo que tem outro caminho, e que tá dentro, mas é quase como se ficar na visão pessimista fosse mais seguro. Olha, é melhor não criar expectativa, é melhor não inventar outra coisa pra não se frustrar … e tb não é isso

eu sei que chegamos no fim da linha. Tem uma pandemia gritando em auto e bom som: Chegamos no fim da linha!!!

E tá todo mundo agindo como se fosse algo passageiro, daqui a pouco voltamos ao normal…

não quero voltar ao normal!
Não quero ter que viver num mundo onde só cabe crítica. Não quero ficar me justificando pra viver algo que não faz sentido mais. Em busca do menos pior, botando na balança do custo benefício.
eu to puta com esse engodo que a gente segue sustentando. Vivendo em cima de bases falsas. De mentiras, ilusões…

quando olho pra essa menina crítica, eu sinto que ela tem razão. Mas ela não queria ser uma menina crítica. Ela queria poder ter vivido a infância que um criança saudável pode ter, uma adolescência saudável, num ambiente saudável amigável, onde ela podia investir seu tempo e energia no que realmente tinha interesse.
Como uma criança pode reagir quando seus pais dizem dentro de casa que vc não é obrigada a ter religião nenhuma e depois te coloca em uma escola de padres onde é obrigada a ter aula de religião?!!!!

Como é crescer com tanta coisa sendo dita diferente do que tá sendo feita?

Como pode tanto pai falando que não concorda com a escola, que não acredita na escola e continua com seu filho lá? É despotencializar a vida de quem ainda tá cheio de potência! Pra mim o que sobrou foi o pessimismo, se meus pais não conseguem realizar o que acreditam e vivem cheios de justificativas e compensações, como eu poderia acreditar em outra coisa que não fosse isso? Como eles podem dizer: vai vive seu sonho, pq eu não consegui viver os meus!
Pais impotentes podem dar tudo aos seus filhos, menos a potencialização de sua potência.

Eu hoje só consigo afirmar: viver nesse tipo de estrutura impotente, me faz desacreditar de mim, me faz pensar que não tenho mais jeito, foram anos suprimindo a potência. Anos castrando, anos de paralizia em uma cadeira, sendo estuprada de informações e conhecimentos e que depois deveriam me validar. É com essa experiência que me relaciono hoje com o mundo.

Não tem como eu não estar puta! Não tem como não ser crítica, não ser pessimista e não me venha com chavões e frases de efeito! Ah pq o guru tal dizia tal coisa… fod..-se!

Eu to cansada dessa cegueira coletiva. Dessa complacência, dessa impotência. Tem muita raiva dentro de mim. Isso agora fica muito claro.

chegamos ao fim da linha…

e eu nem sabia que esse seria o começo

Check Up 37

​Ontem o Nakai san não estava na reunião de como foi fazer da marmitaria e hoje ele passou o tempo todo em silêncio.


Na minha percepção, surgem várias conversas naquela reunião e o Nakai san a partir de ouvir as conversas fala alguma coisa de acordo com a maneira que ele vê o mundo.


Durante os cursos os zeladores na maioria das vezes fazem perguntas. O estilo da Nakai san eh mais de usar alguma metáfora, provérbio, conto, algum acontecimento, algum exemplo da tv, etc para tentar transmitir a visão de mundo dele.


Não parece ser um processo que ele ouve e pensa o que vai falar, mas meio que ele ouve e fala alguma coisa que ele reagiu em relação ao que ouviu. Acho que como ele está pisando em outro mundo (pelo​ menos, parece estar pisando em mundo diferente do meu), ao ouvir o que ele fala passo a ver alguma coisa nova, tem algo que me encanta. Tem vez que também não tem nada disso.


Ontem e hoje como praticamente ele não participou ou não falou, meio que surge em mim a vontade de pensar alguma coisa para falar na reunião.​​ Acho que não adianta pensar muito, enquanto não pisar em um solo diferente, enquanto nao conhecer mais a essência tem um limite no que eu posso fazer. Escrevendo agora parece ser mais uma conversa óbvia…


Hoje na reunião de como foi fazer: uma relação próxima, um só time, como será realizar uma experiência/miniatura dessa na marmitaria?


Outra conversa

Outro dia eu escrevi no blog sobre o sentimento de preguiça que me deu ao pensar em preparar a marmita sem carne para o cliente que pediu.


Agora que chegou a hora de fazer eu não tenho de preguiça de fazer essa marmita, pelo contrário, mesmo a pessoa dizendo que basta tirar as comidas com carne e não colocar nada no lugar, da vontade de colocar alguma coisa no lugar.

Aquele dia conversando com o Yosshi ficou claro para mim que a preguiça não era de fazer a marmita sem carne, mas de ficar pensando os cardápios, o que tirar, etc. Eu deixei essa parte de pensar para ele.


Foi interessante repensar que não saber a origem da reação, o ponto que pega, sem saber isso acaba sendo levado pela reação.

Tem a vontade de corresponder ao cliente, mas não dá vontade de planejar a questão. Se for colocar tudo no cesto da preguiça, vai ficar sobrando algo no coração, algo que não vai ser satisfeito.


Pensei que eh muito importante perceber onde está o ponto que não está de acordo com meu sentimento. 

A gente não sabe pensar

Já tem um tempo que tenho afirmado que na maioria das vezes eu não ajo eu Reajo, nem sinto, eu Resinto. Agora abriu essa percepção de que tudo que eu achava que era pensamento, também não é pensamento. Sentir, agir e pensar, só podem surgir do vazio, do campo de criação, do Zero. Todo o resto é: especular o futuro, imaginar o futuro, relembrar ou imaginar o passado, julgar as coisas em cima de ideias e crenças, criticar a partir de bases já construídas de ideias. Apesar de usar a mente pra isso, não estamos pensando. Saber o que não é pensamento já é um primeiro passo. Não estou pensando! Estou aqui no guru-guru. Deixando a mente no automático, reproduzindo imaginações sem parar. Daí com essas imaginações eu resinto e reajo. São atitudes que estão desconectadas do presente. Estou aqui agora escrevendo, tem um celular em minhas mãos, tem um corpo que está sentindo tudo isso enquanto escreve. Paro e percebo a respiração. Dá pra acreditar nisso tudo? Dá pra sentir o que é se perceber um ser não-pensante que acredita que está pensando o tempo todo? Onde é que eu tava esse tempo todo meu Deus?! Onde? Tava na imaginação de um passado ou de um futuro, nunca aqui e agora! Distante de mim, distante do outro, distante do acontecimento. Léguas e léguas de distância. E aí lá de longe vem a vontade e um esforço gigante pra se reaproximar, dando voltas pra chegar mais perto e ficando cada vez mais distante. Intimidade. Quero intimidade com um estado natural de ser humano. Não dá pra conhecer-me de fora. Se to fora, se to longe, se estou me enxergando através de teorias, julgamentos, especulações, morais. Não vou ficar íntima nunca. Sempre estrangeira em mim mesma, estrangeira nessa terra, nunca familiar. Pisando em solos perigosos, desconfiada, armada. Sem intimidade

o que tá íntimo é o que tá perto, é o que está confortável e seguro em si mesmo. Intimidade não tem esforço, tem estar perto sem barreiras. Como será esse estado dentro de mim?
se não consigo ter intimidade nem comigo mesma, se estou sempre fora de mim, do que acontece agora, como vou ter relações de intimidade?

Pra começar me sentir íntima desse processo de pensar, sentir e agir a partir do zero

Check Up 36

Como foi fazer 1 mês


Como será uma pessoa saudável? Acho que esse ponto de vista ainda é fraco em mim. Conhecer o estado saudável, o conteúdo disso.

Isso eh melhor fazer assim; tem que ouvir as pessoas; têm que responder/atender as pessoas; são vários pensamentos e conceitos que me fazem mover minhas ações e palavras tentando parecer uma pessoa saudável, tem um erro aqui eu acho.


Acho que já desde antes de ouvir essa ideia de pessoa saudável, foi a moral/princípios que sempre estiveram no consciente e inconsciente não permitindo ver os sentimentos apenas como eles são.


Todo dia nesta reunião colocando os exemplos práticos a gente vai junto clareando qual será a forma saudável/original do ser humano.


Todo dia com a oportunidade de colocar meus exemplos a cabeça vai funcionando, nao fica presa em alguma coisa, sinto que tá sempre avançando. Também tem o sentimento de satisfação por estar sendo ouvido.

Reação sem importância


As reações surgem, mas ao dar importância  para elas que a coisa fica na cabeça, o sentimento fica pesado, escuro, mas se não der importância, pronto logo acaba… tudo bem, bom próximo!!


Mais do que essa coisa de reação sem importância, eh uma questao de nao dar importância para os fenômenos.

As palavras das pessoas, as ações das pessoas, os acontecimentos, etc na verdade isso talvez nao tem muita importância.


Se não der importância para estes fenômenos acho que nao tem necessidade de se proteger, também não surgem os sentimentos ruins.

Esse reuniao do check up tem apenas mais três semanas, no momento agora eu ainda queria um pouco mais…

relações amorosas

durante a conversa de hoje surgiu a questão de intimidade e relação estreita com as pessoas. a certa altura comentamos sobre como condicionamos a nossa percepção sobre alguém, e que, mesmo convivendo e executando tarefas juntos, pode acontecer de nos esquecermos de perceber e ouvir o que está dentro do outro. o foco sai da relação e vai para outro lugar, e com isso vem as cobranças, o outro perde sua subjetividade e se torna uma função. já quase no final da reunião veio forte a questão dos relacionamentos amorosos que já tive. o quanto assumir a função “namoro” mudou coisas. e o quanto eu não soube o que fazer com meus sentimentos diante de uma experiência de paixão.

para mim sempre foi mais cômodo administrar uma vida sexual do que administrar uma vida afetiva, embora as duas se entrelaçam. mas no campo do discurso e da prática há diferenças sim, e esse lance de manter a minha liberdade era algo fundamental, e manter a liberdade do outro também. não sei bem o que quero dizer com liberdade, mas sempre tive um segredo interno de que eu não poderia me deixar levar pelos sentimentos, principalmente os de namorado. quase para marcar e reafirmar minha autonomia enquanto mulher. minha autonomia sexual, intelectual e artística! só que no meio desses envolvimentos eu me apaixonei algumas vezes. 3 vezes especificamente. e lidar com isso não foi tão simples. percebo que era como se a minha liberdade ficasse ameaçada, então eu nunca soube como agir mto bem em relação ao que eu desejava verdadeiramente. de coração. ainda não sei bem como agir, apesar de ter mais consciência do que se passa no coração. 2 dessas paixões ainda ecoam em mim, penso nelas e tenho sentimentos e não sei como agir tb. então para refletir um pouco sobre essa fenda do desejo que percebo em mim vou escrever sobre essas paixões, nas quais eu fiquei confusa entre o que eu queria e o que repelia, quem sabe assim eu consiga me pesquisar melhor.

a 1° paixão foi por um músico com quem tive um relacionamento de 3 anos . nos 2 primeiros anos era uma coisa mto boa e divertida, estávamos desprendidos um do outro, ele vivia a vida dele e eu a minha, nós nos víamos qdo dava e não existia cobrança de nada. muitas vezes eu me sentia insegura do quanto dizer sobre meu sentimentos, mas isso não importava muito pq transávamos muito bem e era evidente que sempre íamos manter esse vínculo, além de sermos artistas e ter boas conversas. no primeiro ano nosso relacionamento era muito discreto, mas no segundo ano foi se tornando algo mais social, fazíamos atividades públicas e viagens com nossos amigos. em uma dessas viagens eu fiquei com mto receio do quanto eu estava gostando dele, e o quanto eu poderia me decepcionar, achei que o melhor fosse me distanciar pra evitar alguma desilusão. mas ele tb estava mto apaixonado, e voltando da viagem ele me pediu em namoro. a priori eu não queria, mas tivemos umas conversas pra entender o que chamávamos de namoro, e eu aceitei, nesse caso namorar significava ter um relacionamento fechado e alguns acordos específicos. para mim, não tinha mais problema de ser fechado, pq eu já não me envolvia com outras pessoas nesse momento. apesar da confusão eu acabei topando e foi muito suave o começo do namoro, estávamos praticamente vivendo juntos, trabalhando juntos em 2 peças e tínhamos mto desejo de estar perto um do outro. só que em um certo momento começou a ter mtas cobranças da parte dele, e eu comecei a ficar insegura, comecei a negligenciar minhas vontades para dar conta disso, e fui ficando insatisfeita, mas não sabia sair disso. fiquei pensando que assumir o namoro mudou algo, o quê? por quê? essas cobranças não existiam antes. bom, a partir daí o relacionamento foi bem intenso, não durou mto. logo terminamos, mas foi bem intenso mesmo, cheio de acontecimentos que me deixaram chateada e triste, juntou mtas coisas na minha vida e nos últimos meses acabei tendo depressão e perdi 10 kg. felizmente consegui sair desse estado depressivo com ajuda médica e acolhimento dos meus amigos e da minha família.

o 2° rapaz por quem me apaixonei foi um caso breve, 4 meses talvez, mas foi bem potente. é um desses que reverbera até hoje. nessa época eu realmente não queria nada com ninguém, e ele tampouco, então a gente se envolvia com outras pessoas, eu especificamente com um rapaz de sp. e foi nessas circunstâncias que no conhecemos. eu logo tive um sentimento mto bom, nós conversávamos muito e tivemos mtas aventuras. só que diferente do rapaz de sp, eu tinha vontade me envolver afetivamente, apesar de todo receio que eu estava de começar uma nova relação pela confusão que tinha sido a anterior, eu sentia vontade de construir algo, eu tinha mtos sentimentos que iam mto além da sexualidade, mas eu nunca falei pra ele. acabou que viramos amigos, conversávamos bastante e depois ele foi embora. eu digo que ecoa pq sei lá, às vezes que falo com ele ou vejo fotos dele eu sinto mto diferente meu corpo. eu não sei se isso precisa se encaminhar, mas é algo que eu percebo, existe um encontro, mobiliza meu corpo e meu imaginário.


o 3° foi um ator que conheci qdo me mudei para São Paulo. bom, nessa época eu tinha essa paixão que tinha ido embora e tb me relacionava sexualmente com àquele mesmo rapaz de sp. nós então começamos a nos envolver, e qdo me dei conta que aquele mesmo sentimento de paixão estava surgindo eu quis dar uma fugida disso, mas não deu mto certo. nós já tínhamos construído uma intimidade mto grande, e ele tb estava apaixonado. ai foi isso, aquele segredo interno e o receio de relacionamentos operavam de um lado enquanto meu coração operada de outro, e eu não sabia o que fazer. um dia ele me perguntou e eu fui bem honesta com ele e disse sobre essa outra paixão e o outro rapaz. ele não entendia o fato deu gostar de 2 pessoas ao mesmo tempo. era mto importante para ele se sentir seguro e isso gerava mta instabilidade. depois de um tempo, apesar de não querer abrir mão da minha liberdade de poder sair com esse outro rapaz, que apesar de não ter uma paixão por ele, era alguém que eu gostava de me envolver esporadicamente, eu acabei deixando isso de lado e pedi ele em namoro. eu já estava mais consciente de algumas coisas e queria trabalhar nessa contradições. tivemos 9 meses de namoro, foi algo mto legal. só que ele estava com outro planos de vida e acabamos desviando da possibilidade de estar juntos. ele se mudou para França para estudar cinema esse ano. essa paixão tb ecoa, já fazia um tempo que não nos falávamos, pq achávamos que era mais saudável cortar comunicação, mas sempre existiu uma vontade de saber como ele estava diante do caos sanitário que o mundo está vivendo. e isso foi um conflito interno nos últimos meses, escrever ou não escrever?
acabei mandando uma mensagem esses dias e ele respondeu a mensagem ligando, conversamos por 5h. eu fiquei mto feliz de saber que ele está saudável e bem. mas durante a semana depois da conversa, me que veio uma culpa, fiquei pensando que não deveria ter feito isso, mesmo tendo uma conversa super legal. como se ex-namorados não devessem conversar tanto, sei lá.

nessas questões de relacionamento eu sempre achei que eu fosse bem resolvida, mas não, era só ansiedade e medo de perder a liberdade de existir e fazer o que quero, e isso acabou me afetando. sempre busquei modos de agir para não deslizar, então acabei reprimindo coisas que queria ter dito e feito. esse meu medo secreto deve ter a ver com como funciona as relações nessa sociedade machista, medos abstratos que me fizeram olhar as relações humanas amorosas de um jeito determinista e superficial. por trás de tudo a insegurança se confrontando com o desejo de querer confiar, mas sem saber como fazer, buscando formulas às vezes. eu realmente me pego pensando essas coisas. mas pensar sobre as relações amorosas que mais me marcaram, está me fazendo refletir até sobre o conceito de paixão, sobre minha sexualidade, e sobre o que eu quero. poder limpar as coisas da frente pra poder realmente entender como essas coisas operam. no último ano minha visão do que é o relacionamento humano, sendo amoroso/sexual, ou não, tem se ampliado mto, e rever essas questões de paixões à luz da consciência um pouco mais alargada é mto interessante, é reconhecer que talvez eu possa ter esses sentimentos ainda, mas é não me apegar e me identificar com eles, é estar conectada e saber o desejo do coração a cada instante, sem ansiedade. é um processo, mas só de mudar o paradigma de pensar o que é as relações humanas, ajuda nesse processo todo.