Tem horas que o pessimismo pega

Me lembro que no curso de conhecer a vida humana, ficou claro na minha história o quanto eu sempre tinha uma visão muito crítica do mundo, sempre muito difícil me adaptar, muito difícil me relacionar, muito difícil me sentir parte da escola, do trabalho, do mercado, da faculdade, do relacionamento amoroso. Parece que meu olhar sempre vai pra ver o que não tá dando certo, o que não tá sendo coerente, o que tá desconectado. E de verdade, se a gente para pra olhar tudo isso, faz sentido o olhar crítico. O problema é que só ficar procurando cabelo em ovo não muda nada. O que pega na verdade é a impotência. É sentir que não tem outro caminho.

Daí quando participo de um curso na Yamaguishi, ou quando to aqui na Ana Thomaz, vejo que tem outro caminho, e que tá dentro, mas é quase como se ficar na visão pessimista fosse mais seguro. Olha, é melhor não criar expectativa, é melhor não inventar outra coisa pra não se frustrar … e tb não é isso

eu sei que chegamos no fim da linha. Tem uma pandemia gritando em auto e bom som: Chegamos no fim da linha!!!

E tá todo mundo agindo como se fosse algo passageiro, daqui a pouco voltamos ao normal…

não quero voltar ao normal!
Não quero ter que viver num mundo onde só cabe crítica. Não quero ficar me justificando pra viver algo que não faz sentido mais. Em busca do menos pior, botando na balança do custo benefício.
eu to puta com esse engodo que a gente segue sustentando. Vivendo em cima de bases falsas. De mentiras, ilusões…

quando olho pra essa menina crítica, eu sinto que ela tem razão. Mas ela não queria ser uma menina crítica. Ela queria poder ter vivido a infância que um criança saudável pode ter, uma adolescência saudável, num ambiente saudável amigável, onde ela podia investir seu tempo e energia no que realmente tinha interesse.
Como uma criança pode reagir quando seus pais dizem dentro de casa que vc não é obrigada a ter religião nenhuma e depois te coloca em uma escola de padres onde é obrigada a ter aula de religião?!!!!

Como é crescer com tanta coisa sendo dita diferente do que tá sendo feita?

Como pode tanto pai falando que não concorda com a escola, que não acredita na escola e continua com seu filho lá? É despotencializar a vida de quem ainda tá cheio de potência! Pra mim o que sobrou foi o pessimismo, se meus pais não conseguem realizar o que acreditam e vivem cheios de justificativas e compensações, como eu poderia acreditar em outra coisa que não fosse isso? Como eles podem dizer: vai vive seu sonho, pq eu não consegui viver os meus!
Pais impotentes podem dar tudo aos seus filhos, menos a potencialização de sua potência.

Eu hoje só consigo afirmar: viver nesse tipo de estrutura impotente, me faz desacreditar de mim, me faz pensar que não tenho mais jeito, foram anos suprimindo a potência. Anos castrando, anos de paralizia em uma cadeira, sendo estuprada de informações e conhecimentos e que depois deveriam me validar. É com essa experiência que me relaciono hoje com o mundo.

Não tem como eu não estar puta! Não tem como não ser crítica, não ser pessimista e não me venha com chavões e frases de efeito! Ah pq o guru tal dizia tal coisa… fod..-se!

Eu to cansada dessa cegueira coletiva. Dessa complacência, dessa impotência. Tem muita raiva dentro de mim. Isso agora fica muito claro.

chegamos ao fim da linha…

e eu nem sabia que esse seria o começo

Check Up 37

​Ontem o Nakai san não estava na reunião de como foi fazer da marmitaria e hoje ele passou o tempo todo em silêncio.


Na minha percepção, surgem várias conversas naquela reunião e o Nakai san a partir de ouvir as conversas fala alguma coisa de acordo com a maneira que ele vê o mundo.


Durante os cursos os zeladores na maioria das vezes fazem perguntas. O estilo da Nakai san eh mais de usar alguma metáfora, provérbio, conto, algum acontecimento, algum exemplo da tv, etc para tentar transmitir a visão de mundo dele.


Não parece ser um processo que ele ouve e pensa o que vai falar, mas meio que ele ouve e fala alguma coisa que ele reagiu em relação ao que ouviu. Acho que como ele está pisando em outro mundo (pelo​ menos, parece estar pisando em mundo diferente do meu), ao ouvir o que ele fala passo a ver alguma coisa nova, tem algo que me encanta. Tem vez que também não tem nada disso.


Ontem e hoje como praticamente ele não participou ou não falou, meio que surge em mim a vontade de pensar alguma coisa para falar na reunião.​​ Acho que não adianta pensar muito, enquanto não pisar em um solo diferente, enquanto nao conhecer mais a essência tem um limite no que eu posso fazer. Escrevendo agora parece ser mais uma conversa óbvia…


Hoje na reunião de como foi fazer: uma relação próxima, um só time, como será realizar uma experiência/miniatura dessa na marmitaria?


Outra conversa

Outro dia eu escrevi no blog sobre o sentimento de preguiça que me deu ao pensar em preparar a marmita sem carne para o cliente que pediu.


Agora que chegou a hora de fazer eu não tenho de preguiça de fazer essa marmita, pelo contrário, mesmo a pessoa dizendo que basta tirar as comidas com carne e não colocar nada no lugar, da vontade de colocar alguma coisa no lugar.

Aquele dia conversando com o Yosshi ficou claro para mim que a preguiça não era de fazer a marmita sem carne, mas de ficar pensando os cardápios, o que tirar, etc. Eu deixei essa parte de pensar para ele.


Foi interessante repensar que não saber a origem da reação, o ponto que pega, sem saber isso acaba sendo levado pela reação.

Tem a vontade de corresponder ao cliente, mas não dá vontade de planejar a questão. Se for colocar tudo no cesto da preguiça, vai ficar sobrando algo no coração, algo que não vai ser satisfeito.


Pensei que eh muito importante perceber onde está o ponto que não está de acordo com meu sentimento.