Satisfação

Vindo de fora, eu penso que preciso de dinheiro, profissão, salário, marido, reconhecimento, independência.

E vindo de dentro, as vezes eu sinto que estou insatisfeita e me pergunto qual é a minha necessidade real?

Se me sinto satisfeita, então é mais fácil saber.

Tenho me sentido satisfeita diante do conhecimento criativo, diferente das informações pra se acumular na cabeça, porque isso me dá bastante preguiça, mas um conhecimento que parece que acessa um lugar mais interior. Na aula de cinesiologia da faculdade, no curso de moxaterapia ou lendo Virginia Woolf, sinto que me conecto com pessoas que mergulharam na tentativa de conhecer o ser humano, a vida, a sociedade, a natureza.. isso é muito empolgante para mim.

Quando estou insatisfeita, geralmente a sensação é de solidão ou de pequenez, quando eu acho que poderia ter mais vida na vida. Então eu quero receber carinho ou fumar e beber cerveja ou comer amendoim vendo série.

Ser pequena ou grande, eis a questão. Ser grande quer dizer ser mais do que um eu – o que já é assim; então, perceber isso com os sentidos do corpo e da compreensão.

Relato Naikan 28/10 – 03/11

Entre os dias 28/10 e 03/11 eu fiz o meu primeiro Naikan, por esses 7 dias tentei revisitar as minhas memórias. Eu tinha uma sensação que conseguiria chegar até o final do curso por ter feito um outro curso parecido (Vipassana) ainda nesse ano, mas estava com medo de não conseguir fazer a pesquisa, não conseguir seguir o que estava sendo proposto. Neses últimos meses quarentenado (pandemia) e sem trabalhar, fui entrando aos poucos em um estado depressivo e de pouco movimento, sendo cada vez mais difícil “pesquisar” e tentar “olhar à partir do Zero”. Tenho participado dos encontros semanais online e através deles fui notando que conforme o tempo foi passando, a dificuldade de pesquisar ia aumentando.

Dado esse cenário, sem não ter conseguido um emprego até o momento, achei que era um momento oportuno pra fazer o Naikan, já que sempre quis fazer o curso e nunca batiam as datas. Nos primeiros 3 dias eu tive bastante dificuldade para me manter concentrado, ficava com bastante sono e de certa maneira, o café acabou me ajudando nesse aspecto. Acho que o quarto e o quinto dia foram os dias em que eu estava me sentindo melhor, ao pesquisar o “eu” em relação ao meu pai e minha mãe pela segunda vez. Os momentos das refeições eram sempre uma espécie de refúgio <3

Um aspecto que foi me ajudou durante o Naikan foi me importar cada vez mais em lembrar das coisas (ato apenas de pesquisar) do que tentar anotar o que tinha lembrado, ou me preocupar o que que eu ia falar pro ouvidor.

Na primeira vez em que pesquisei a minha mãe eu consegui lembrar de bastante coisa que ela tinha feito por mim, mas não estava sentindo um agradecimento no coração. Já na segunda vez que pesquisei a minha relaçao com ela eu tive um sentimento muito forte por tudo que ela já fez e ainda tem feito por mim. E ao pesquisar os últimos anos que sai de casa pra fazer faculdade no interior percebi o quão pouco fiz por ela, mesmo depois de voltar a morar com ela ao terminar a faculdade.

Em relação ao meu pai, vi o quanto que ele trabalhou para poder prover para a família e o quanto ele me ajudou, principalmente nesse período da faculdade. Outra coisa que pude ver melhor com as lembranças foi o papel que o meu tio teve na minha adolescência, praticamente como um segundo pai. E sendo filho caçula, os meus irmão sempre estiveram presente me ajudando. Dessa forma, conforme os dias foram passando, foi ficando mais claro que existe toda uma rede da família que me criou e cuidou de mim até o momento presente.

Dediquei um tempo ao período da faculdade e vi como me vitimizei em alguns problemas que passei. Em relação ao namoro, lembrei de tanto trabalho que dei (e como meus pensamentos eram diferentes na época) e em troca recebi muito amor.

Sobre esse último ano, vi que continuo dando trabalho, me vitimizando e sendo egoista. Saiu do Naikan querendo pesquisar mais e espero contribuir por pelo menos uma parte do que fizeram por mim em todos esses anos.

Check Up 23

Aquele dia conversando com o Kenji eu pensei: ele tá de mau humor. Daí eu entro no modo tomar cuidado.


A Myoko san pergunta, por que vc entra nesse modo?


Aí eu percebo que estou achando que ele está de mau humor por algo que fiz.


A Myoko san diz: a pessoa tem a maneira dela de captar as coisas, a questao eh se a sua atenção vai para tentar conhecer isso ou vai para ficar no modo de auto proteção.


Nao eh a primeira vez que escuto essa conversa, mas senti ela de um jeito diferente agora.


Acho que mesmo nesse caso que entro no modo de cautela em relação a pessoa ainda tenho um sentimento genuíno em relação a ela, porém se fico nesse modo de protecao nao consigo fazer o que realmente gostaria.


Acho que esse modo de preocupação surge a partir de criar uma conversa imaginária na minha cabeça, se conseguir deixar isso um pouco de lado acho que já faz bastante diferença

Check Up 22

Hoje na reunião diária de como foi fazer da marmitaria


A Naoesan disse: quando muda alguma coisa gostaria que me avisasse antes.


Ao ouvir isso eu pensei: ela reclamando de alguma coisa. Me surgiu um sentimento de reclamação em relação a essa fala dela.


Eu nao perguntei para ela como foi para ela, entao eu nao sei como como foi que aconteceu, mas fiquei me perguntando por que essa reação surgiu em mim?


Digamos que ela estivesse se queixando, ou que não estivesse se queixando, o que que isso muda em mim? Fisicamente não tem absolutamente relacao nenhuma. 


Outro dia surgiu um papo sobre essa coisa de se abalar/reagir a partir das ações e falas das outras pessoas.


Acho tem uma coisa que é ao olhar a pessoa pensar: ah parece que a pessoa agora está em tal estado, daí a partir disso usar a inteligência para lidar com a situação. 


Outra coisa eh ao ver a pessoa pensar: essa pessoa está de tal maneira! e definir isso dentro da cabeça e a partir daí tomar ações de maneira a se adequar a situação, de maneira que alguma coisa ruim não aconteça por exemplo. Acho que tenho bastante desses segundo caso.


Como será uma pessoa que não se abala por qualquer coisa?