Hoje eu tive uma conversa muito legal com uma senhora que mora aqui no sítio. Ela já foi exilada da ditadura, já foi monja budista e teve uma comunidade. Ela conduz meditações todos os dias e tá sendo a primeira vez na vida que eu to conseguindo meditar e entendendo o processo.
Mas o que eu queria contar era sobre um ponto que ela trouxe: como nós mesmo em comunidade vamos desistindo das relações, vamos perdendo interesse pelo outro, vamos criando uma ideia fixa sobre o outro na cabeça e aí tudo vai perdendo a graça, coisas bobas começam a irritar… e vamos nos fechando pra transformação que o outro pode me promover.
Foi legal pq ela trouxe bem explicitamente exemplos de momentos em que tivemos alguns conflitos, e foi legal sentir que ela tava disposta a falar disso abertamente comigo. Senti que ela tava resgatando o interesse pela relação comigo. Ela falou: a gente vai criando preconceitos do tipo: ah você é uma menina que só fica viajando por aí e não sabe de nada. Na hora que ela disse isso eu senti que ela já tava aberta para abrir mão dessa visão fechada, e daí conversamos sobre comunidades, sobre projetos e ideais…
foi legal me sentir ouvida verdadeiramente, sem os pré-julgamentos de antes.
Isso foi importante pra ver que estou fazendo isso com outras pessoas aqui, fixando uma imagem deles e perdendo o interesse de conhecer de verdade, sem julgamentos, sem defesas, sem barreiras.
Parece que essa conversa abriu um espaço dentro de mim.