Naikan

10/07/2020

As imagens internas nos acompanham a vida toda, e muitas das minhas imagens internas são elaboração de acontecimentos. Pude perceber, no Niakan, quais são esses acontecimentos reais, localizando-os no espaço e na linha do tempo da minha vida.
No início desse ano eu fiz uma massagem, e o terapeuta localizou no meu corpo pontos onde a energia não fluía bem, e isso tem a ver com alguns acontecimentos da minha vida, coisas que ficaram marcadas”negativamente”, e a orientação dele foi que eu voltasse pra esse acontecimentos e lançasse bons conceitos, justamente porque eu não tinha “lançado” bons conceitos é eles ficaram marcados. Eu entendi abstratamente o que ele disse, mas não sabia como fazer isso. Durante o naikan, pelo simples fato de me por em relação as memórias fazendo as 3 perguntas, eu me peguei “lançando bons conceitos”.
Quando minha memória passava pelos fatos muita coisa aparecia, emoções, sentimentos bons e ruins, mas colocar o eu em relação a uma pessoa e localizar um espaço, um tempo e procurar ações concretas que ela fez por mim, me ajudou a reconhecer o que era do campo das emoções, o que era coisas que eu considerava concretas, mas que já era do campo do pensamento. O simples direcionamento que as perguntas dão me ajudou a trazer coisas boas e a reconhecer a minha própria história sem interpretações.
Percebi que emoções muito fortes, fossem elas positivas ou negativas, me atrapalhavam enxergar com clareza as ações de certos momentos. E que muitas vezes algo simples feito por alguém eu não considerava algo relevante, porque eu já estava cheia de interpretações sobre como as coisas devem funcionar e de como as pessoas devem agir, mas nesses dias de naikan eu senti gratidão por pequenas coisas, e reconheci o fato de nem sempre ter sido grata na mesma proporção das ações feitas por mim. Pequenas ações garantem a vida!!!
Fiquei com a sensação de que as coisas vão sempre acontecer e algumas imagens vão surgir na mente, e que é importante reconhecer e ordenar essas imagens, apenas. Apenas isso! O “eu” acontece em relação, e o “eu” do outro também, mas essas relações não são dadas… elas acontecem porque as pessoas alimentam essa relação, e olhar pra isso me fez perceber a beleza disso.
Examinar o eu me deixou muito concentrada, foram poucas as vezes que me distrai, e as vezes que me distraia era com pensamentos aleatórios sobre o futuro, ou porque me senti insegura com algo que pensei. Eu gostaria de manter esse estado de concentração pra sempre.
A segunda vez que examinei o “eu” em relação a minha mãe muitas memórias surgiram no período da infância, imagens que eu não tinha lembrado na primeira investigação, isso foi muito bom porque eu completei algumas lacunas da história da minha vida que antes era sensações amorfas.
Meu pai, meu tio, meu avô, minha avô, o Caio e minha mãe, essas são as pessoas que examinei nesse naikan, cada uma delas me trouxe temperamentos diferentes durante a investigação, a sensação que tenho é como se eu tivesse voltado pros acontecimentos que vivemos. Cada uma delas quando examinadas em relação ao eu me revelou conceitos e pressupostos a que eu estava tendo como reais.
Organizar a história da minha vida interna e me sentir segura para isso é o que ficou marcado da prática do Naikan.