Saio da reunião no Zoom. Percebo em mim um sorriso por dentro. Um estado leve de coração.
Kayo me perguntou o que eu estava chamando de “kokoro” e eu falei desse estado de abertura para o outro e pra vida, que parece que surge quando vamos nos conectando na conversa.
Sempre sinto isso quando vou para o Yamaguishi, seja fazendo curso, vila Paraíso ou numa visita. Começa assim: chego na vila geralmente de São Paulo, geralmente com a cabeça cheia e ligeiramente ansiosa. Então sinto que as primeiras aproximações com as pessoas muitas vezes são desatentas ao estado delas, racional e, de uma certa forma, distante (mesmo que eu esteja comunicativa).
À medida que começo a escutar as pessoas, algo se movimenta em mim e vai dando uma vontade maior de me conectar com aquilo que estou ouvindo e com quem está falando. Esse estado de abertura que percebo em mim, altera até a sensação física do meu corpo. A sensação é que meu corpo se ancora, assenta, volta pra uma sensação de movimentos justos, num estado sem precipitação ou ansiedade. É um estado gostoso de estar.
No encontro de hoje sinto que comecei assim: meio sem saber o que falar, puxando falas “pra movimentar o grupo” e achando que não tinha nada de interessante para colocar. Ainda bem que no meio da conversa as partilhas me levam a este estado de observação e consigo olhar para essa ansiedade de “ter que parecer”, de “ter que fazer alguma coisa” e em algum momento alguma coisa mais despida, mais verdadeiro se apresenta, movimenta a conversa e me movimenta.
Sinto que cada encontro vai se despindo e se revelando a mim como uma cebola sendo descascada (Sem o sofrimento de descascar uma cebola, claro!). Mas esse estado de eu e dos outros coletivamente “revelados ” é que faz eu desligar o computador com um sorriso na cara e é o que eu tenho chamado de kokoro ou “estado de kokoro”, como o Diego disse.
Escrevi assim, sem pensar muito, do movimento que veio do nosso encontro.