Impressões Pós-reunião dia 25/08/2020

Saio da reunião no Zoom. Percebo em mim um sorriso por dentro. Um estado leve de coração.

Kayo me perguntou o que eu estava chamando de “kokoro” e eu falei desse estado de abertura para o outro e pra vida, que parece que surge quando vamos nos conectando na conversa.

Sempre sinto isso quando vou para o Yamaguishi, seja fazendo curso, vila Paraíso ou numa visita. Começa assim: chego na vila geralmente de São Paulo, geralmente com a cabeça cheia e ligeiramente ansiosa. Então sinto que as primeiras aproximações com as pessoas muitas vezes são desatentas ao estado delas, racional e, de uma certa forma, distante (mesmo que eu esteja comunicativa).

À medida que começo a escutar as pessoas, algo se movimenta em mim e vai dando uma vontade maior de me conectar com aquilo que estou ouvindo e com quem está falando. Esse estado de abertura que percebo em mim, altera até a sensação física do meu corpo. A sensação é que meu corpo se ancora, assenta, volta pra uma sensação de movimentos justos, num estado sem precipitação ou ansiedade. É um estado gostoso de estar.

No encontro de hoje sinto que comecei assim: meio sem saber o que falar, puxando falas “pra movimentar o grupo” e achando que não tinha nada de interessante para colocar. Ainda bem que no meio da conversa as partilhas me levam a este estado de observação e consigo olhar para essa ansiedade de “ter que parecer”, de “ter que fazer alguma coisa” e em algum momento alguma coisa mais despida, mais verdadeiro se apresenta, movimenta a conversa e me movimenta.

Sinto que cada encontro vai se despindo e se revelando a mim como uma cebola sendo descascada (Sem o sofrimento de descascar uma cebola, claro!). Mas esse estado de eu e dos outros coletivamente “revelados ” é que faz eu desligar o computador com um sorriso na cara e é o que eu tenho chamado de kokoro ou “estado de kokoro”, como o Diego disse.

Escrevi assim, sem pensar muito, do movimento que veio do nosso encontro.

Reuniao Terca – Como foi fazer

Hoje durante a reuniao com o pessoal do brasil confesso que estava trocando umas mensagens pelo celular com o pessoal daqui de suzuka.

As vezes minha atencao se roubava nisso.

Mas foi interessante porque estavamos na reuniao conversando sobre uma relacao verdadeiramente segura ao ler o texto, e pelo celular estavam rolando mensagens do trabalho e ao responder eu me perguntava: estou sendo eu mesmo?

Ao trocar essas mensagens no mesmo tempo pensando sobre a verdadeira seguranca me deu coragem de escrever algumas coisas da maneira que vinham, logo apos enviar a mensagem vem aquele pensamento: serah que nao falei de mais?

o velho habito de procurar a seguranca a partir de coisas boas e ruins, coisas que devem ou nao serem feitas.

Desde a semana passada em uma reuniao da academia saiu essa palavra coragem. Se eu sempre fico me movendo pela sensacao de segurannca, fazendo que acho que eh bom, o que acho que as outras pessoas esperam que eu faco, fico sempre prezo a essa coisa da relacao condicionada porque ela eh momentaneamente confortavel/segura. Acho que as vezes preciso lancar mao da coragem para quebrar o habito e tentar conhecer uma outra forma de relacao, algo mais verdadeiro.

No final da reuniao o Alam comentou que o Ze Luiz disse que tem lido e gostado das coisas que escrevo aqui no blog. Eu tinha mais umas 4 traducoes que estao prontas mas achei que se lancar tudo de uma vez as pessoas nao leriam. A partir de ouvir a conversa do Alam resolvi colocar logo esse material de uma vez mesmo.

Quando se fala do Ze Luiz, ou anti zelador, como alguns conhecem, eu lembro uma vez que fui da livraria dele junto com o Romeu, o filho dele tambem estava, estavamos bebendo vinho e rolando umas conversas que eu nao entendia nada (eu ainda era muito careta naquela vez), mas foi uma memoria que ficou muito gravada vendo aqueles tiozinhos doidoes conversando umas coisas loucas, com certeza foi um episodio que me influenciou bastante a partir dali…

PSE 4 – 2 -[25/08/2020]

Ontem eu queria ter pesquisado esse exemplo na reunião, mas como não deu tempo vou tentar escrever aqui.


Estou planejando a reforma da sala de preparo das verduras na marmitaria, pensando o lugar das geladeiras, comprar uma pia nova, arrumar a questão da eletricidade, etc.


Ontem tinha planejado de mover as geladeiras, mas logo de manhã o UshimaruSan e o Takemichi disseram que na verdade a  questão da higiene não estava muito clara então a gente precisaria conversar mais antes de fazer a mudança.


Ao ouvir aquilo me deu meio que uma tristeza, essa reação é uma que eu queria ter pesquisado na reunião.


Na hora passou a vontade de fazer as coisas. Logo de manhã eu estava animado ao olhar as salas e as geladeiras e ficar imaginando a nova disposição, de repente não poderia mais fazer aquilo.


Algumas horas depois dessa cena de manhã eu vi o UshimaruSan entrando na cozinha sem o chapéu de proteção e falei para ele: UshimaruSan, ou não entra aí sem chapéu. Daí ele me falou algo como: se não posso entrar aqui em chapeu, quem dirá colocar a geladeira onde você queria.


Nao sei ao certo como foi a reação dentro dele, mas senti que ele tomou minhas palavras como um ataque de vingança em relação a cena da manhã. 


Dentro de mim surgiu um sentimento muito forte de querer falar para ele: eu não estou te atacando.


Eu queria pesquisar o que eh esse Eu que quer falar isso para ele, o que foi essa reação?
Por alguns minutos continuou dentro de mim esse sentimento muito forte de querer falar para ele que nao estava atacando ele, que está tudo bem.


O que serah, serah que penso que a relação vai ficar ruim? Serah que eu penso que é minha responsabilidade ele ter se sentido atacado e isso eh uma coisa que nao devo fazer? Eu não posso fazer os outros terem sentimentos ruins? O que serah que foi essa reação?


Ao ver ele de manhã entrando sem o chapéu na cozinha, logo depois do sentimento de querer falar para ele para não entrar veio um sentimento interno dizendo para mim evitar essa fala por que ele poderia tomar uma vingança pela cena da manhã. Mas mesmo assim eu resolvi falar na hora.


Que estado será esse?