Reagindo ao blog da Mari

Ao ler o blog da Mari falando que estava difícil de me ouvir a primeira coisa que veio foi na cabeça foi: melhor eu falar menos no encontro.

De alguma maneira quando comecei a participar da outra vez tinha na cabeça uma preocupação do tipo “se eu ficar falando muito o pessoal vai achar que estou me exibindo, vão pensar que estou me achando por estar no Japão”, tem um sentimento de não querer ser visto como uma pessoa assim. 

Mas percebi que estes pensamentos vieram mas não queria me atrapalhar por isso, quero participar falando as coisas da maneira que elas vem, estou tentando fazer assim. Mas achei legal que ao ver o blog da Mari a cabeça reage assim. 

Ao ler também fiquei com vontade de que ela falasse isso que pensou ainda no encontro, acho que seria legal conversar abertamente sobre esse tipo de coisas 🙂

Uma observação hoje

Eu ouvi o Hans conversando com Ono. O Hans falou meio para ele mesmo: “Como se fala mesmo “garçom” em japonês?”

Eu ouvi isso e queria sumir.

Senti um medo muito grande de o Hans se virar, olhar para mim e perguntar “como se fala “garçom” em japonês?”

Pois eu não sei.

Enquanto eu estava sentada lá, implorando para o Universo de o Hans me ignorar, tentei encontrar a palavra, só achei na minha cabeça o inglês “waiter”, fiquei um pouco mais calma por ter pelo mesmo alguma coisa para falar se ele fosse perguntar, de não ter que falar “Eu não sei”, mas junto ainda veio o medo de o Hans rir de mim e falar “Isso não é japonês, vc não sabe?”

Eu estava reagindo ao quê? De onde vem esse medo de ser “desmascarada”?

Observar

1.transitivo direto e pronominal – fixar os olhos em (alguém, algo ou si mesmo); considerar(-se) com atenção; estudar(-se).”observava as crianças no jardim”
2.transitivo direto – fazer uma observação científica de.”dedicou a vida a o. o comportamento animal”

Olhando o retrovisor para o dia que passou, ir examinando [como eu reagi?, como eu vi?, como eu ouvi?, como seria se fosse uma pessoa saudável?] através de exemplos concretos de minhas reações . . . 

[como eu reagi? como eu vi? como eu ouvi?] esses são temas de observação estritos/exclusivos. Não é outro a não ser apenas para ir observando através das lembranças dos exemplos concretos, com o foco na observação.   

Ao exercitar as lembranças, as vezes começa enxergar “hum, estava reagindo dessa maneira”, ou “hum… eu enxerguei(captei) assim e por isso eu reagi desse jeito”… assim, pode ter a sensação de que algo foi organizado/resolvido internamente, uma sensação refrescante…   

Dessa forma, ao conseguir enxergar, pensar que  percebeu, ao “segurar/agarrar” o pensamento (respostas/conclusões) tais como “hum… então foi isso que aconteceu, aquilo significa isso…”, neste momento, observação fica paralisada. . . . significa que trouxe um pensamento sobre o seu exemplo do acontecido e fez um ordenamento, não é possível chamar isso de observação. . .        

A questão é que, ao tentar repetidamente observar dentro de si mesmo, “como eu reagi, como eu vi, como eu ouvi”, vai sendo cultivada a auto consciência de que isso está acontecendo dentro de si, a auto consciência de o que é que está acontecendo dentro de si. . .    é algo nessa direção, é um “tema de observação” nessa direção,  

É claro que, ao repetir a observação, pode ser que você consiga perceber a sua condição/situação interna de agora ou consiga perceber sua condição de insanidade. . . no entanto, penso que de maneira nenhuma, não é algo para ir organizando/resolvendo cada um dos exemplos ocorridos.

by Ikawa 2020.07.19