Vou copiar do Diego e mandar umas atualizações do Fe no Japão também.
Sábado passado foi meu último dia na marmitaria, por enquanto. Amanhã vou começar a ir na Suzuka Farm, onde o Leo também tá agora. Tive uma reunião-recepção hoje, pra colocar um pouco em linha o que ter em mente e pra onde seguir nesse novo ambiente.
Um ponto que me marcou na conversa foi sobre me tornar um homem. Uma pessoa. 一人前 (ichininmae), em japonês.
Acho que não é no sentido de “vira macho”. Escrevendo isso em português surge um sentimento de querer me proteger, querer explicar que não é uma expressão com cunho sexista e tals. Heh, rola um medo.
Deixando isso de lado, é me tornar alguém que consegue fazer um trabalho, alguém que se pode falar “deixo contigo” e eu respondo, “xá comigo”. Não por ser veloz, ágil, prático, eficiente. Acho que é no sentido de ser alguém que consegue se mover fazendo parte de um todo, tendo em mente como realizar o trampo como algo que tá ligado com o redor, não como só um serviço a ser feito.
Tipo enxergar o como colher as verduras não apenas pra terminar a colheita, mas tendo em mente o que vem antes, o que vem depois, quem tá ligado a isso, quem vai receber isso… Sei lá, é o que to achando agora e pode não ter nada a ver também.
Essa semana fui no Curso para Conhecer a Si, acho que é a 5ª vez. Os primeiros 5 dias foram, sinceramente, bem bosta. Mas aí olhei e pensei: pera, não sou eu que to vendo como bem bosta? Fiquei deixando os pensamentos só pra mim, sem botar na roda por achar que “não tá certo, não é a resposta, o grupo tá muito chato”. Aí conversei com o Takuki depois do almoço do 5º dia e deu um clique, não rola pesquisa pensando só consigo, ou melhor, pensando antes de falar. Daí pra frente fui tentando ir botando o que vinha em mente do jeito que vinha, sem pensar ou camuflar, ficou bem mais divertido e fomos indo mais fundo.
Um dos temas no Conhecer a Si é aquele “algo que não consigo fazer, ou que não consigo parar de fazer”. O exemplo pra mim foi “fazer as coisas, divertidamente, do jeito que o Gou-san (um tio lá da marmitaria) fala pra fazer”. Fiquei duro igual pedra imaginando fazer as coisas do jeito que ele fala, porque sempre acho o meu jeito melhor.
O exemplo foi esse, mas acho que tem algo muito maior dentro de mim de que “o meu jeito é melhor, é o certo”. Depende de coisa pra coisa, mas geralmente tenho uma baita segurança de que a minha percepção sobre o assunto é a certa e não consigo ouvir o que os outros pensam sobre aquilo. E não é só sobre como colocar a comida na marmita, é sobre a vida como um todo.
Quando eu era menor, tive umas vezes que pensei “o mundo inteiro podia ser Felix, aff”. Parece que esse estado continua um tanto quanto presente aqui.
Fiquei pensando, não estou vivendo de acordo com só a minha percepção das coisas? Tem gente com uma visão muito mais ampla, com muita vida vivida ao redor, pra eu ficar só fazendo as coisas do “meu jeito”. Agora, começando na Farm, como será que vou viver?