Com ti, nu ando

foi como me senti na reunião da última sexta.
Conversamos sobre comparar, se sentir superior, inferior.
Revisitei lugares e sensações de me sentir inferior às outras mulheres da minha geração por ” ser profissional do lar “
Meu pai sonhou, dando educação às suas quatro filhas mulheres, um futuro de emancipação, autonomia, independência.
Estudei artes e depois que casei e tive três filhos desempenhei a arte doméstica na maior parte do tempo. Toda vez que eu me apresentava a alguém morria de vergonha por isso.
Falar disso foi um desnudamento.
Pensei: Ai, agora eles não vão mais gostar de mim. Eu passo imagem diferente. Ser dona de casa é careta. Eu não representava a minha geração, ouvi de uma coordenadora de uma escola em que trabalhei : Ser dona de casa é pras burras.
Eu me achava ” interessante, diferente, ousada ” em tantas coisas e isso não combinava com o meu papel social.
No entanto no fundo eu gostava. Inventava pintar, restaurar móveis, renovar objetos, cozinhar…dentro de casa, com total liberdade.
Mas eu desejei ser quem eu não era ou quem eu fantasiava ser.
Eu invejei as profissionais contemporâneas, me envergonhei do pouco importante que eu fui.
Fui a grande sabotadora da alegria de ser uma dona de casa feliz.