OBS: esse post não é sobre os temas de pesquisa, é só um relato do sonho dessa noite, para deixar no blog-diário-de-viagens o registro de um mergulho em águas abissais.
Hoje é meu aniversário de 29 anos. Essa noite eu tive um sonho muito diferente dos que eu costumo ter. Eu nem era a protagonista do sonho, mas uma espécie de espectadora onisciente. Pode ser que eu estivesse identificada com o protagonista do sonho, que era um homem jovem, negro e malandro, do tipo que sabe se virar nas piores circunstâncias. E de fato, a circunstância no sonho era das mais terríveis. Por algum motivo, a população daquele bairro ficou sabendo que iria morrer. Não teria mais comida e todos iriam morrer, era só uma questão de tempo. Pessoas se reuniam para aguardar a sua hora, meio amontoadas, sem saber muito o que fazer. Alguns se organizaram em gangues e tentavam alguma agressão. Enquanto o protagonista usava os cabos de luz da rua para fugir de um grupo desses, um cara subiu na fiação e se soltou lá de cima. Ele não queria esperar pela morte. Aos que aguardavam, aconselhei que poupassem a energia não pensando muito, pois o cérebro consome muito açúcar. Uma garota me disse que sabia que estava bem, porque tinha feito um exame de sangue, então pensei que na verdade tinham roubado o sangue dela para a própria sobrevivência. Era o caos. Mas de alguma forma o protagonista foi seguindo e o cenário foi mudando. De uma favela apocalíptica, o bairro foi ficando mais com cara de classe média-baixa. Ruas mais largas e mais vazias, supermercados que pareciam galpões. A comida voltou. E voltou farta. Mas o protagonista continuou andando, reconhecendo esse novo território. Encontrou memórias da antiga escola da minha avó, uma espécie de museu recentemente habitado. Encontrou xícaras que supôs terem sido pintadas pelos alunos. Aquele espaço tinha um potencial ainda vivo, seria possível criar alguma coisa ali.