Me protegendo

Hoje na marmitaria, quase terminando as montagens, uma pessoa trouxe de volta 2 marmitas dizendo. “Esses estão com o “tsukemono”(conservas) arrepiado!” e deixou na mesa. Logo olhei e vi que numa delas o “tsukemono” estava meio levantado e a outra tinha um pedaço caído por cima do arroz. Lembrei, uns instantes depois, que era eu que estava colocando. Nesse momento que lembrei, automaticamente, surgiu um sentimento de culpa, como de querer esconder, de arrumar rapidinho, pra que as pessoas não vejam.
Achei muito engraçado a mudança instantâneo do meu estado de quando ainda não tinha me tocado que era eu que tinha colocado e depois disso.

Sentimento negativo – enrosco

Quando surge algum sentimento negativo em relação a alguém, muitas vezes isso fica enroscado dentro de mim, me incomodando como se eu não aceitasse esse meu estado e me culpando por ter isso, tentando não ter mais isso.
Parece entro num circuito dentro de mim de que eu preciso melhorar, me tornar uma pessoa saudável, me esforçar.
Isso parece ser uma não aceitação do meu estado atual, me julgando que não devo ser assim, levando a pensar cada vez mais para o lado negativo, criando uma imagem de mim mesmo, como eu sendo uma pessoa assim.

Me aceitar no momento que surge a reação simplesmente. Tipo “Ah! Surgiu! Olha ele aí de novo!”
Perceber isso e simplesmente olhar para isso.
Tentar olhar o que está acontecendo dentro.
Tentar enxergar qual era o meu desejo naquele momento.

Enrosco é quando quando fico arrastando isso por um tempo ou até por um longo tempo. Achei a palavra “enroscado” bem apropriado para esse estado. Ao longo do dia acontece muitas coisas e reajo o tempo inteiro, mas aquela coisa enroscado dentro de mim, parece que não sai, a cabeça entra num circuito de pensamentos (guru guru) e por mais que tento repensar novamente, só consegue chagar no mesmo ponto.
Vejo como é importante poder e falar abertamente com pessoas com os mesmos propósitos em um ambiente seguro para conseguir sair desse circuito mental viciado.
O cérebro volta funcionar de um jeito inteligente.

Check up 12

Hoje durante a reunião de como foi fazer da marmitaria a Naoe san me perguntou algo como: o que foi que você tava planejando hoje? Eu senti que ela estava com um sentimento de repreensão em relação a mim. Mas ela estava como que chorando e disse que não estava se sentindo segura hoje na marmitaria. Ao ouvir isso eu fiquei meio que preocupado com relação a isso.


Eu fiquei pensando que a causa da reação dela era eu.

Teve uma hora durante a manhã que ela ficou sozinha para fazer a limpeza e falou para eu procurar alguém para fazer a limpeza com ela. Eu estava fazendo outras coisas no momento e pensei: acho que nao tem problema ela procurar pessoas para a ajudarem por ela mesma, acho que na verdade esse eh o fluxo natural. Então disse para ela procurar por ela mesma.


De vez em quando eu sinto umas postura de algumas pessoas no trabalho, algo como: Diego faça alguma coisa, resolva isso! A minha reação é ficar preocupado se a pessoa nao vai ficar com um sentimento ruim, e acabo cedendo fazendo o que acho que precisa para a pessoa ficar de boas. Mas será que fazendo assim vai surgir na pessoa um sentimento de pertencimento em relação ao trabalho? Será que vai no sentido de construir uma relação/ambiente saudável?


Eu acho que eu tenho bastante nessa coisa de agir de maneira que a outra pessoa nao se sinta desconfortável, de maneira que a outra pessoa nao tenha algum tipo de reação.

Check up 11

Hoje de manhã a Yuki chan estava com sintomas de gripe e não veio trabalhar.


Da hora que eu ouvi isso fiquei com um sentimento de pressa/atarefado.


Ficavam surgindo pensamentos como: se não terminar logo de fritar essas parada não começa a montagem das marmitas; se não terminar logo de montar as marmitas não consigo começar o preparo das verduras.


Com meu estado de reação assim comecei a montagem das marmitas. No começo eu entrei na posição de fechar a tampa, mas achei que a coisa não tava fluindo como queria e troquei de posição com a JonIn. Depois ainda achei que a coisa tava lenta e fui colocar arroz trocando de posição com o Yamachan.


Ao colocar arroz eu falei para a JonIn que estava na tampa para aumentar a velocidade da linha. Por um momento a coisa andou em velocidade alta, mas de repente a velocidade caiu.


Eu pensei que a JonIn que diminui a velocidade então eu olhei para ela, meus olhos encontraram os dela, então ela olhou na direção do Yamachan. Entendi que era um sinal para olhar para ele.


Quando eu olhei, o mano tava se matando para tentar acompanhar a velocidade da linha.


Eu pensei Aaaa pode crer. Então olhei de novo para ela e ela estava com uma cara serena e um olhar de quem me dizia: abaixei a velocidade para ele poder fazer mais tranquilo.

Difícil de colocar em palavras como foi para mim a cena, mas essa troca de olhares com ela, esse diálogo sem palavras foi muito massa. Senti na hora o trabalho em equipe.

A partir dessa cena aquele sentimento de pressa/atarefado que eu estava desapareceu.


Hoje a pessoa saudável da marmitaria foi a JonIn.

Check Up 10

Hoje eu fui com o Yoshi até a cidade vizinha estudar sobre a higiene no trabalho.


Na hora do almoço a gente foi comer uma marmita que ele trouxe em um parque próximo.


Todo dia eu como uma marmita que a gente produz, mas geralmente não penso sobre a higiene/segurança alimentar da marmita. 


Hoje enquanto comia a couve japonesa fiquei lembrando as etapas para ela chegar até a marmita onde ela estava. Olhando a partir desse ponto de vista da higiene, serah que nossa marmita já está na qualidade maxima?


Quero que as pessoas que comam as marmitas que a gente faz possam estar completamente seguras em relação a isso.


A reunião de como foi fazer a gente fez comendo Lamen 

Seguir o padrao = entrega do si na sociedade

Outro dia durante a reunião diária de como foi fazer da marmitaria a JonIn levantou uma questão sobre como fazer para as pessoas montarem as marmitas de acordo com o padrão. Vou escrever o que pensei sobre isso. 


(só para contextualizar, todas as manhãs a gente monta uma marmita que vai servir de padrão para a maneira de colocar os alimentos, as quantidades, na teoria as pessoas olham para esse padrão e vão fazer as marmitas)


Eu acho que esse estado de não tentar fazer de acordo com a marmita padrão eh apenas um sintoma do estado de coração da pessoa. Nao eh uma coisa da consciência, acho que eh um estado de coracao. 


Eh o estado de coracao que nao ha entrega na sociedade.


Se houver estado de entrega/confiança, tenta se harmonizar, ao ver qualquer padrão fica com vontade de fazer de acordo com pensado.


Fica com vontade de conhecer e corresponder aos sentimento da sociedade (pessoa).


Se for por essa linha, mesmo falando para a pessoa fazer de acordo com o padrão, parece que nao vai ter muito efeito. 


Ao invés de pensar em como fazer para a pessoa seguir o padrão da marmita, tentar olhar para ver se a pessoa está ficando no estado de coracao de entrega em relacao a sociedade.


Mais do que o tema pessoal daquela pessoa, é o tema de saber se está rolando uma sociedade que acontece de se entregar ou não.

Acho que eh um tema de como realizar uma sociedade que as pessoas possam se entregar/confiar.

foco no meio

O trabalhador é uma mercadoria, que precisa se vender. Para isso, podemos investir em nós mesmos com estudo e cursos profissionalizantes, cursos de idioma, etc. Também nos vendemos através das redes sociais, nossa vitrine. Com certeza, essa é uma das lutas que lutamos sem querer lutar.

Não há satisfação nenhuma em ficar aumentando o próprio valor enquanto mercadoria para ser vendida por ai. Acho que a satisfação verdadeira está no que fazemos pelos outros, não no que fazemos para nós (no sentido do auto investimento ou marketing pessoal; não no sentido de auto cuidado, porque esse é imprescindível).

O corpo humano sobrevive por causa da homeostase, que é o equilíbrio dinâmico do meio extracelular. Quer dizer, as células vivem e cumprem suas funções, graças ao meio no qual estão imersas. Esse meio precisa ter condições adequadas à vida das células. Acho curioso que a homeostase seja o equilíbrio do meio e não das células em si.

Outro exemplo desse tipo são os movimentos do chi kung/tai chi: o foco não está em contrair e estender os músculos do corpo, mas “empurrar” e “trazer pra si” o meio externo, o foco está nessa relação do corpo com o não-corpo, que no fim é um só corpo.

ufa! desenroscou!

Queria dar as boas novas!

Não vou me estender muito agora,

mas o essencial foi:

1- pedir ajuda

2- me deixar ser cuidado (receber carinho)

3- conversar com pessoas (mais carinho)

4- falar sem medo, sem querer mover a pessoa, só expor como está aqui. (carinho e pesquisa)

5- falando as barreiras imaginárias dentro de mim perdem força e me sinto satisfeito e mais próximo das pessoas. (pesquisa ficando mais prática)

ufa! que satisfação!

Meeting

Faz um bom tempo que não escrevo no blog em japones.
Pensei em escrever em japones, mas resolvi escrever em portugues para ver o quanto consigo expressar o que rola em portugues.
Hoje foi segundo dia de trabalho na marmitaria.
O trabalho é de ajudar a montar a marmita na esteira.

Ao meu lado esquerdo estava o Shintyan e do lado direito estava o Gousan. Durante o montagem os dois ficaram falando da dificuldade do Shintyan montar o menu principal, pois o espaço para colocar não ficava ajeitado para acomodar o prato principal. O Shintyam pedia para Gousan colocar de um jeito, mas o Gousan dizia que o problema num era ele e sim o Shintyam é que não estava sabendo colocar direito. Eu estava entre eles, ouvindo e achando engraçado a situação e ate rindo, pensando como e quando eles vão se resolver.

Depois na reunião de como foi, falando sobre isso, o Nakaisan disse “Como seria se fosse uma pessoa saudável?”
Percebi que, estava meio indiferente com a situação, no sentido de, isso não tem a ver comigo. Tipo vamos ver como eles se vão sair dessa. Estava num estado de não me envolvimento.
Na outra reunião (do programa de estagiário) o Satosan disse algo como que, isso é não ter autonomia. Até então, não tinha percebido essa ligação.
Fico aqui pensando o que é ter autonomia.
Não sei o que é isso.
Penso que quero me mover com sentimentos originais que brotam dentro de mim.
Parece que no meu cotidiano, na maioria das vezes estou me movendo com coisas que vem de fora
Hoje participei de 4 reuniões. Achei muito massa ter todo esse espaço e oportunidades para poder falar, ouvir e pesquisar, de um jeito aberto, onde todos podem expor do jeito que vem, sem me julgar, sem ser cobrado.

Check Up 9

De manhã na marmitaria, aconteceu mais ou menos o seguinte diálogo:


Satomisan: o pedido da loja hoje são 40 marmitas.

Diego: entendi, agora ta fazendo uma  das guarnições, a hora que ficar pronto eu monto elas.

Satomisan: beleza, às 10 horas eu gostaria de ter pelo menos umas 5 para expor  na loja.

Diego: como não tem a guarnição vai ser difícil fazer.

Fiquei intrigado com essa minha reação de responder vai ser difícil fazer, da onde serah que veio isso? Por que nao consegui apenas ouvir o que ela tinha a dizer?


Depois de falar que era difícil eu olhei o relógio e ainda era 9:30, dava tempo de sobra na verdade.


Na verdade eu também quero ter as marmitas na loja as 10hs.


Durante o reuniao do check up a Miyoko san disse, como não dá para fazer as marmitas em um passe de mágica ela precisa pedir com antecedência neh?!


Claro, isso eh natural.

De alguma maneira ao ouvir a Satomisan eu entrei no modo, preciso fazer alguma coisa logo.


modo: ouvir = fazer.


Depois de falar para ela que seria difícil fazer eu olhei para cara dela, ela não parecia satisfeita com essa conversa. Isso eh claro neh?!