o estágio em andamento

Estes dias estamos em 4 pessoas estagiando, alguns outros estão no Curso para conhecer a si.
Para mim isso também cria oportunidades para conhecer melhor cada um.
Apesar de a gente falar de tudo nas reuniões, e eu me sentir a vontade, não sei muito de cada pessoa além das coisas que surgem nas reuniões.
Quem é esse Koji, esse Yoshi, a Reiko, o que trouxe essas pessoas para cá?
O que eles querem realizar aqui?
Porque eles estão aqui comigo?
O que é realmente viver juntos em uma intimidade como se fosse uma família?
Isso também vale para Madoka, Ikawa san…quem quer que esteja aqui presente na construção de uma sociedade onde todos podem viver seguro e ricamente, conforme o verdadeiro desejo.
Percebo agora que no fundo, eu penso de mim que estou “estranhando” as pessoas, como algo que eu penso de mim desde adolescência, eu parto da base que pessoas são estranhas por natureza, se na real eu tenho aqui uma clara sensação e experiência que as pessoas estão tentando criar o clima social de abertura em segurança (Open), sem barreiras entre as pessoas.
Uma parte dos meus medos que aparecem devem ter a ver com essa visão do ser humano como basicamente estranho e separado, e que existe intimidade e proximidade somente sob certas condições. Se o outro é separado e estranho, isso também quer dizer que ele pode ser potencialmente um inimigo, uma ameaça.
“…..mas o que gostaria de afirmar aqui, é que é possível se tornar íntima e próxima com qualquer pessoa de acordo com a mudança dos pensamentos, oportunidades e meio ambiente.” algo assim está escrito no livro 1 que lemos no seminário.
É o que eu vou querer focar daqui para a frente, aprender a fazer a observação de mim mesma sem desviar, o mais reto possível em direção à descoberta do real, do original, do essencial.

Em que tipo de sociedade você mora?
Que tipo de sociedade você está tentando alcançar?
Até onde isso já foi realizado?

escrever no blog

Na reunião dos estagiários estávamos falando sobre escrever no blog.
Desde que eu comecei a participar dos cursos da nova Escola Scienz no Brasil, na maioria das vezes, eu não conseguia escrever um relato das minhas impressões, e muitas vezes também não um relato sobre o dia.
Fiquei com inveja das pessoas que pareciam saber colocar no papel as ideias, os insights, os sentimentos, os pensamentos.
Quando tentava escrever geralmente ficava insatisfeita e acabei jogando os papéis no lixo.
Mas por outro lado fiquei também guardando anotações que eu tinha feito para mim, sobre o conteúdo em si e sobre alguns movimentos internos que eu não me senti a vontade de compartilhar, coisas como enroscos meus, sentimentos ruins em relação a outras pessoas, experiências que ficavam guardadas no memória e que eu nunca tinha conversado com ninguém, etc.. Pensando bem, me parece como eu tivesse criado um mundo paralelo, um mundo só meu que eu não ia compartilhar com outros, por vergonha dos meus sentimentos ruins e da minha falta de entendimento, por medo de ser mal-entendida e com isso medo de ser atacada.
Mas mesmo essa vontade de viver uma parte de mim em um mundo paralelo, não fui eu que criei isso querendo. Também é um reflexo de como eu captei o mundo ao meu redor. Sem saber o que estava acontecendo eu acabei me fechando. A sensação de não ter ninguém para conversar sobre tudo e qualquer coisa. Não é falando sobre as outras pessoas, é falando sobre como eu me senti: Tem coisas que não podem ser reveladas às outras pessoas.
Agora neste programa de estágio/treinamento do método ScienZ, eu percebo como eu me abro natural e levemente. Eu coloco as coisas nas reuniões, o que eu percebo, os momentos que eu observo alguma reação mais nítida, não penso em esconder ou embelezar algo, as coisas saem do jeito que eu as vivi naquela hora.
E na maioria dos dias sento no computador e escrevo sobre esses momentos, como foi, o que eu pensei e senti, como será que eu vi ou ouvi aquilo, etc.
Penso que é o clima social de abertura, de aceitação das coisas como elas são que me muda.
Eu quero pesquisar junto com os outros sobre como eu vi e ouvi, sobre como foi o fato, o real, sobre com que base saíram as reações. Com o objetivo de voltar ao estado original, de abertura, de flexibilidade, de curiosidade.
Fiquei lendo os poucos textos que eu já postei no blog da Escola ScienZ do Brasil. Agora eu percebo um ponto valioso desses textos. Escrevi um ou dois anos atrás coisas que eu achei que só agora estão ficando claro. Eu acho interessante agora fazer do blog um meio de me conhecer por poder sempre voltar ao passado, ver como eu via as coisas, e com essa retrospectiva começar a conhecer melhor o meu próprio pensamento.

a partir das convenções sociais (minhas)

Hoje no bentouyasan, comecei a me sentir cansada e pedi para a Haruka ir para a casa descansar e depois voltar para a reunião. Ela pediu para avisar o Takemichi kun também.
Enquanto eu estava o procurando, mudou o horário da reunião e acabei ficando.
Quando eu saí do prédio para ir no quarto de reunião, cruzei com Takemichi kun. Ele estava como máscara, acenou a cabeça, falou rapidamente alguma coisa que eu não entendi e entrou no prédio.
Na hora senti o impulso de querer me justificar, de falar para ele: Não estou indo para a casa sem pedir a sua permissão, estou indo na reunião, tudo direitinho, ok?
Foi algo bem parecido da semana passada quando estava conversando com Fe na sala dos academy-seis e apareceu o Teruko san e eu senti “Droga, não é para eu estar aqui conversando com Fe sem “pedir permissão”.
Eu tinha falado sobre essa situação numa reunião dos kenshuuseis, senti profundamente que eu não quero mais viver desse jeito, com essas reações de medo, com este estado de alerta o tempo todo, e que para isso eu penso que preciso saber/conhecer o que está acontecendo comigo e na real.
Desde o começo desse programa de estágio Scienz pode se dizer que eu entendi o próprio intuito desse programa de uma forma equivocada.
Eu não estou sendo recebida pelas pessoas que preparam esse programa para obedecer elas, para cumprir ordens, para deixar os meus próprios desejos de lado (negando os, suprimindo os).
Desde o começo as pessoas falaram “Vamos conversar sobre qualquer coisa, não precisa pensar sozinha.”
Eu entendi “Não pode fazer nada sozinha, tem que conversar sobre tudo, e se não fizer isso, é aluna má.”
Junto com os cursos de Conhecer a vida humana e Realizar o Um, está ficando mais claro que não se trata de eu ou alguma outra pessoa melhorar, mas que o único intuito desse treinamento do método Scienz é de voltar à figura original, de voltar ao estado saudável e normal, o estado em conformidade com a razão.
Tudo que se manifesta como medo, desconfiança, tensão, sensação de inferioridade ou superioridade, impulsos de querer me proteger, de me preocupar com os olhos dos outros, é coisa que adquiri ao longo do tempo e não tem nada a ver comigo na minha forma original.
Eu lembro do trecho do livro 4:
“Entretanto, acredito que o conteúdo deste livro seria totalmente inaceitável se você o lesse a partir das convenções sociais e do senso comum de hoje.”
Então, o conteúdo dessa Sociedade Una que as pessoas estão tentando realizar aqui não é possível para mim ser entendido se eu olhar a partir das convenções sociais (minhas) e do senso comum (meu) de hoje…

pergunto ou não pergunto?

Durante a montagem dos obentous fiquei com vontade de perguntar para o Diego se a quantidade da salada de nabo estava tranquila.
Fiquei naquele estado de “Pergunto ou não pergunto?”, “Qual seria o momento adequado para não atrapalhar o Diego?”
Pensei “É difícil de perguntar…”
E junto com esse pensamento já percebi que comecei a me sentir pesada, meio escura.
Neste momento fiquei de repente com vontade de olhar para isso.
Percebi que eu penso que é difícil.
Não tem nenhum problema com isso.
Eu percebo uma situação, capto ela, reconheço e interpreto: “É difícil”.
Assim eu penso. Eu penso assim.
É meu pensamento.
Mas não é algo real.
Não preciso me convencer que é melhor ou mais correto não pensar assim.
Eu posso pensar assim, é o meu jeito de interpretar esta situação, tem toda a minha história, as minhas experiências, os meus valores que eu juntei que contribuem para essa avaliação, mas não é a realidade.
Não existe motivo para ficar escura ou pesada por pensar e por pensar assim.
É reconhecer que eu penso e que eu penso assim e ver “como será que está na real?”
“Difícil” não é algo real, é um pensamento meu, que tem uma origem, ok.
Mas o que está acontecendo na real?

Como eu capto, como eu reconheço?
Estou conhecendo o meu pensamento?
Estou conhecendo o meu pensamento como um pensamento humano que capta e reconhece as coisas factuais e reais?

Sem conhecer isso, vou dando voltas sempre dentro da prisão que eu mesma crio. Caminhar ao léu.
“A expressão “caminhar ao léu” é caminhar sem rumo, vagar sem destino, sozinho.”
Ou ficar a mercê das próprias emoções = sendo levado pelas próprias emoções, perdendo a razão.