o estado de normalidade e saúde

No Salão de leitura o Sugie san falou algo assim:
As pessoas que visitam a comunidade As One aqui em Suzuka perguntam:
Porque as pessoas aqui não ficam com raiva?
E acabamos tentando explicar que é por causa disso e daquilo.
Mas isso não é estranho?

Entendi assim:
Pois não existem motivos e causas para o estado de normalidade e saúde das pessoas.
A pergunta é muito mais: Porque será que as pessoas ficam com raiva.

Ou também a pergunta como ficaria se tivesse pensando em montar uma comunidade com amigos sem intervenção de dinheiro.
Será que não pensássemos em um esquema para regulamentar as coisas?
Pois viemos vivendo com a sensação que o dinheiro é algo que existe na realidade.
Não é só o dinheiro que está interferindo entre as pessoas, mas também pensamentos e ideias como leis, regras, direitos e deveres, senso de certo/errado, bom/ruim, bem/mal, sensações de desconfiança, alerta, confronto, de querer acusar, julgar e punir as pessoas.

Hoje na reunião dos estagiários ouvi vários exemplos que me fizeram pensar o que o Ikawa san tinha falado anteriormente: Será que eu tenho interesse no meu sentimento? (no real do meu sentimento) O que eu realmente queria fazer? O que eu realmente queria dizer? Alguém foi lá hoje cedo ver o Fe se ele ia no obentouya. Lembrei das muitas vezes que eu acordei o Fe de manhã com o coração apertado de ter que mandar ele pra escola, me convencendo todas as manhãs que era isso que ele tinha que fazer, sem ter a escolha de ir ou não ir.
Sem uma sociedade de livre escolha ao redor (mesmo em pequena escala), não tinha como eu sozinha avançar nesta questão.
O que eu vejo agora aqui no experimento da Comunidade As One é um sincero apoio mútuo para cada um poder enxergar e viver de acordo com o verdadeiro desejo (honshin).

não sei direito.

Na linha de montagem do Obentou, comecei a colocar o peixe frito com o baran.
Aparentemente ia ser algo fácil, mas não consegui acompanhar a velocidade da linha de montagem no começo.
Falei isso, pedi para parar e me mostrar mais uma vez um jeito de colocar.
Depois de uma ou outra tentativa o Diego falou:
Que tal vc sair daí e fazer algo nas coisas ao redor?
Na hora pensei: Não quero sair daqui, não é possível que eu não consiga fazer algo tão simples, quero treinar mais e ver se consigo.
Ontem a Mitsuko san tinha falado que ela queria ter feito algo e acabou não falando, lembrei disso e resolvi falar que eu queria continuar.
Continuamos e fiquei bem estressada, com medo de ter que pedir novamente para desacelerar a linha e ser visto como “ridícula de ter superestimado as minhas capacidades.” Foi difícil de ter que pular um ou outro obentou por não ter dado tempo de escolher um peixe com cuidado e colocar de forma que não encoste no frango e que fique bonito o baran. (Com tempo relaxei, peguei o jeito e fiquei contente de ter conseguido.)
Porque será que fiquei estressada?
No meeting o Hiroya fez várias perguntas sobre a situação.

– Eu consigo ver bem que o meu estado foi alterado, e tenho bem claro que isso não é normal.
– Entendo de alguma forma que a minha maneira de ver o Diego, de captar a fala dele é bem distante de tentar ver “o que será que ele está tentando dizer?”
– Entro em um estado que toda a minha energia vai para o manter uma aparência?
– Eu não queria de jeito nenhum “perder o controle”, como aconteceu uma vez que eu também não tinha conseguido entender de imediato como colocar um peixe e eu sai da linha pulando e falando “Não dá, não entendo, não consigo”.
– Eu não quero ser visto como “desequilibrada”, “emotiva/louca”, alguém que “dê trabalho”.

Não sei se tem alguma coisa a ver com tudo isso, mas escrevendo tudo isso me lembro da minha mãe que fica “brava” ou irritada facilmente e não esconde isso, algo que me incomoda desde criança e parece que criei um valor dentro de mim que pessoas instáveis, frágeis emocionalmente são pessoas que não prestam, que atrapalham, que tem menos valor do que pessoas estáveis e seguras.
“Tem que ser” uma pessoa fácil, gentil, alegre e amigável.
Não sei direito.
よくわからない。

reprimir, tentar controlar, segurar

Desde uns dias antes de ter ido no curso, eu fico emocionada facilmente, especialmente nas reuniões e conversas com as pessoas.
Na época do Yamagishi se falava que quando alguém chora é porque está com apego ao próprio pensamento. Não sei lá o que é isso, mas com certeza é um tipo de alteração.
O Satou san tinha falado para outras pessoas para chorar mais, para não reprimir, para deixar sair tudo.
Acho que é por aí, me parece que o choro é uma válvula pela qual escapam emoções e sentimentos reprimidos ou segurados, coisas que não quer ver, algo no inconsciente.
A figura original é de saúde, o estado do coração original é puro, sem raiva, irritação, desconfiança. O estado original é de felicidade. Se o meu estado não é isso, tem uma causa. Entendendo a causa, posso voltar ao meu estado original que é flexível, calmo e seguro. A causa está no meu pensamento. A origem está nos valores e emoções que eu adquiri em contato com as pessoas ao redor.
O importante é colocar finalmente o foco na observação de mim mesma com “Será que eu tenho autoconsciência que é pensamento meu?” e “Será que eu tenho interesse no fato, na realidade?”

curso para realizar o um – parte 2

Para mim, a participação no “Curso para realizar o Um” foi muito esclarecedora.
Ficou mais clara a conexão entre meu pensamento e meu estado do coração.
Tornou-se mais clara a conexão entre o estado da sociedade e o meu estado de coração.
Pude ver como este estado do coração se forma através da influência do meio ambiente.
Tornou-se mais claro que o estado original de todas as pessoas é de saúde e normalidade, e com isso de felicidade.
Tornou-se mais claro também onde colocar o foco na observação de mim mesmo, ou seja, entender que sentimentos de irritação, de confronto, de não aceitação, de insegurança, são uma manifestação de um estado doente e não normal do coração. Com esse foco posso ver com calma o que está acontecendo, tentando descobrir a causa desse estado do coração e remover a causa.
Ao conviver com outros participantes do curso, também tenho observado como podemos juntos nos tornar pessoas com um coração calmo.
O estado original é flexível (sem fixação) e um (sem barreiras).
Quando lemos sobre a organização da Sociedade Única e sobre o Hub como a existência de pai e mãe dentro da sociedade eu também senti o desejo de me tornar uma pessoa com qualidades de mãe.
Agora tenho o desejo de aproveitar ao máximo a oportunidade que tenho através da minha estadia aqui para aprender e incorporar tudo o que é necessário para alcançar o retorno ao estado original e natural.
Gostaria que olhassem para mim, me acompanhassem, me ajudassem a realizar isso.
Sei agora que isso não é possível sozinho ou com minhas próprias forças.

curso para realizar o um – parte 1

Depois dos dias no Curso para realizar o Um, não quero voltar ao Brasil agora.
Eu quero ficar aqui.
Aqui eu me sinto em casa, aqui está a sociedade que me acolhe e dentro da qual eu posso amadurecer e me tornar aquilo que eu nasci para ser. Eu quero aprender sobre essa sociedade, me tornar capaz de realizá-la.

“Os movimentos de um grupo de pássaros ou peixes são lindos e metódicos, mas não existe um método para eles serem assim. Não existe motivo nem possibilidade de algo se tornar algo que já é desde a origem.
O que não conseguimos ao nascermos, vamos naturalmente adquirindo aos poucos.
Não precisa de um método para o recém-nascido ter um coração puro, sem raiva e desconfiança.
Não existe uma causa ou um método para o ser humano ser o que ele originalmente é.
Não é algo de melhorar através de atividades e esforços.
Se o objetivo é realizar a figura original do ser humano, não é possível através do “melhoramento” da situação atual.
O importante é como (com qual método) vamos eliminar(retirar) o que causa raiva, ódio, desconfiança e alerta.
Em outras palavras, se precisamos de um método para realizar a nossa forma original, então o caminho é eliminar (retirar) aquilo que nós atrapalha e impede a ser a nossa forma original.
E o que impede e atrapalha a figura original é o pensamento humano.
Através do método ScienZ.
Através desse método cada um pode ter a auto-consciência daquilo que impede e atrapalha.”

Quando lemos este trecho, ficou claro que nos seres humanos também somos como peixes e pássaros. Nós também não precisamos de um método para viver juntos em harmonia. Nascemos para viver assim, harmoniosamente. Nascemos sem nenhum tipo de sentimentos ruins, de desconfiança ou irritação. Se perdemos a capacidade inerente de viver harmoniosamente, tem uma causa. O ser humano na sua forma original não é complexo, complicado, sofisticado e com isso imprevisível e difícil de domar. Tudo isso é manifestação da influência de um meio-ambiente social não-saudável.

um mundo de só amor, harmonia e abundância.

A partir de amanhã vou participar do Curso para realizar o Um.
As pessoas falam para mim fazer levemente, sem forçar.
Como será que é isso?
….Não existe nada que tem que ser feito.
….Todas as reações que aparecem dentro de mim são reações a algo que existe dentro de mim, não à coisa em si, à pessoa em si, à situação em si.
….Tudo é um desde a origem, a separação e a fixação somente existe dentro da cabeça. Vai ser um curso para ir descobrindo juntos essas barreiras e separações que crio na minha cabeça e com o descobrimento (deixar subir na consciência) elas irão desparecendo para nunca mais voltar. Sinto alegria e ânimo para ir fundo nesta viagem para o Um incondicional, para um mundo de só amor, harmonia e abundância.

nada disso é de nascença.

17 de abril.
Cheguei 29 de fevereiro.
Tenho passagem de volta para 25 de maio.
49 dos 87 dias em Suzuka.
Comecei o programa de estágio ScienZ no dia 13 de março.
Hoje é dia 35.

Situação 1 – O Diego mandou mensagem para folgar na sexta-feira também.
Eu queria ir e pedi para me escalar na sexta-feira.
Ele respondeu: Ok, venha lá pelas 7:30. Pode fazer mawari no shigoto e souzai.
Quando li isso, pensei: “Fudeu! Não, mawari no shigoto, não!”
Lembrei da primeira vez que eu fiz mawari no shigoto.
O Diego explicou para mim cada detalhe enquanto ele estava colocando tampas nos obentous do dia e coordenando toda a movimentação do moritsuke.
Várias vezes eu tive que ir perguntar para ele coisas que ele tinha acabado de me explicar.
Por ex. não consegui entender de imediato o número de pedaços de ovos que ele pediu para mim cortar.
No fim desse dia eu até perguntei para ele como tinha sido para ele, achando que deve ter sido “cansativo” ou “exigindo esforço” de me orientar enquanto ele estava vendo o moritsuke. Ele falou “Foi tranquilo”. Mas eu acho que pensei “Mentira, não foi tranquilo, pelo menos um pouco”.
Quando eu vi então que ele me escalou para esse tal de mawari no shigoto, pensei “Vou tentar fazer o mais certo possível para não dar trabalho para o Diego, já que eu forcei ele a me escalar.”
E fui hoje de manhã, me esforcei para não dar trabalho, cada coisa que eu consegui fazer fiquei aliviada por não ter incomodado o Diego.
Se alguém puder me analisar e explicar que diabos me faz inventar essas histórias e me colocar sob uma pressão tão grande????

Situação 2 – Estava comendo no obentouya. Na minha frente tinha um tupper com pedaços de alface. Queria comer bastante alface, mas não estava querendo colocar o alface no meu prato que estava com molhos sobrando das outras comidas. Então comecei a pegar pedaços de alface com os meus dedos mesmo.
Senti levemente que “isso não se faz”, mas acho que estava mais focada na conversa com as pessoas.
Alguma hora chegou o Takemichi, ficando em pé atrás de mim, conversando com Diego. De repente surgiu um pensamento “Meu deusss, o Takemichi vai me xingar por colocar a mão na comida aqui no obentouya onde se troca de luva a cada hora e de jeito nenhum coloca a mão na comida!!!” Não vi onde o Takemichi estava olhando, se ele tinha reparado em mim, mas para mim parecia absolutamente real que ele estava aí atrás de mim, como um monstro que ia me atacar a qualquer momento por eu ter feito uma coisa muito, muito errada. Uma sensação real de muito medo, de ser castigada, exposta para todo mundo.
(Depois fiquei sabendo que o próprio Takemichi tinha pego um pedaço de frango frito na mão.)
Se alguém puder me analisar e explicar que diabos me faz inventar essas histórias e me colocar sob uma pressão tão grande????

だめ =わるい / 役に立たない / ありえない。
ruim, mau; inútil; falhado, impossível.

O Sato san fala “Uai, porque é tão importante ser visto como alguém que saiba fazer bem as coisas? Não é muito mais leve podendo falar “Não sei fazer isso 😉 Não consigo fazer isso 😉
Além disso tem um monte de coisas que não sabemos fazer e nem por isso estamos preocupados, como “não consigo correr 100 metros em 10 segundos, e daí?”
Claro, crescemos em uma sociedade que valoriza e recompensa os fortes, os hábeis, os espertos, os rápidos e inferioriza e castiga os fracos, os desajeitados, os burros, os lerdos…Mas será que na real alguém quer fazer isso? Será que na real não é natural do ser humano de querer proteger e acolher os fracos? E dar apoio aos fortes para que eles possam se desenvolver bem e cuidar dos fracos? Essa ideia de bom e ruim, desejável, preferível ou melhor ou indesejável e pior….é uma ideia e sendo uma ideia ela pode mudar. Não sou teimosa, é meu pensamento que é. Como corrigir uma maneira de pensar com o mesmo cérebro que criou essa maneira de pensar cheia de equívocos? Essas ideias (conceitos, maneiras de ver, valores) são pensamentos = conclusões ativamente tirados da observação da realidade ou são simplesmente adquiridos copiando as pessoas ao nosso redor (como pais, professores, amigos, pesssoas na mídia…)?
“Observando a realidade” no sentido de ver como as pessoas se comportam – se uma pessoa fizer tal coisa, ela é castigada, xingada, cortada, mal vista = isso é algo que não pode fazer.
Daí vem esse grande medo das pessoas.
Tudo adquirido.
Nada disso é de nascença.
E nos seres humanos não estamos aqui neste mundo para viver desse jeito.

“I can go” and “I may as well not go”.

“Pode ir” e “pode deixar de ir”.
Eu não tinha entendido isso.
É algo muito forte dentro de mim:”enquanto eu puder ir eu vou.”
A base é “ir é bom”.
Daí eu me forço a ir apesar de não querer ir.
“Não querer” é inferior a “querer”.
Me parece que agora vai ser possível ir para o próximo passo.
Ter autoconsciência que é pensamento meu.
Ver, como é na real? e naturalmente viver em conformidade à minha figura original e essencial.
O valor da troca nas reuniões no local de trabalho, com os kenshuuseis, nas mini-reuniões é imensurável.
Crescer juntos+mutuamente, nos “tornar mutuamente”.

“I can go” and “I may as well not go”.
I didn’t understand that.
There’s something very strong in me: “As long as I can go, I will go”.
The basis is “to go is good”.
So I force myself to go even though I don’t want to go.
“Don’t want to” is worth less than “want to”.
It seems to me that now it will be possible to go to the next step.
To have self-conscience that is my thinking.
See, how is the reality? and naturally live in conformity with my original and essential figure.
The value of the exchange in the meetings in the workplace, with the kenshuuseis, in the mini-meetings is immeasurable.
Growing together+mutually, “becoming mutually”.

dia 32- 4/13 programa de estágio método scienz

ポルトガル語

Depois de mais de 30 dias de programa de estágio ScienZ enxergo:
Meu estado atual:
Meu interesse não vai em direção ao real, ao fato.
O que me atrapalha, o que me impede, os obstáculos devem ser as ideias de certo e errado, de bom e ruim, de ter que fazer, de não pode fazer e a falta de auto-consciência que tudo isso é pensamento meu.
Agora é tentar enxergar cada vez mais essas ideias, sendo o mais aberta e honesta possível, e através do conhecer me libertar dessas amarras que eu mesma construo.
Não tem nada de “errado” neste meu estado atual. Mas eu quero viver do jeito como eu realmente sou.

英語
After more than 30 days of ScienZ kenshuu program I can see:
My current status:
My interest doesn’t go toward the real, the fact.
What gets in my way, what prevents me, the obstacles must be the ideas of right and wrong, of good and bad, of having to do, of not being allowed to do and the lack of self-awareness that all this are my thoughts.
Now I want to try to see these ideas more and more, being as open and honest as possible, and through knowing myself free from these ties that I build myself.
There is nothing “wrong” about my present state. But I want to live the way I really am.