como eu vi? como eu ouvi?

Tema: Como eu ouvi? Como eu vi?

Conversa com Diego:
Eu pergunto: Quanto tempo antes da partida você acha bom eu vir?
Ele faz algumas perguntas, sobre como eu me sinto, como eu gostaria de fazer, etc.
Eu tento olhar para isso, falo que às vezes não durmo tão bem, então fico mais cansada, mas que nem sempre é assim, tem dias que estou disposta, etc.
Em algum momento eu falo, ok, vou vir uns 20 minutos antes, vou ver na hora.
Aí o Diego fala: E também, não precisa vir. (Ou “E também, tudo bem não vir”)
Imediatamente eu falo: Mas eu quero vir.
E vou embora.
No meeting dos kenshuusei falei sobre isso.
Senti algo estranho quando ouvi o Diego falando.
O que será que foi?
“Ele está falando isso de novo”…
me sinto como se eu estivesse sido avisada que tem um erro na minha maneira de raciocinar.
“quantas vezes precisa falar para a Marceline que não existe um tem que vir?”
fui desmascarada como uma pessoa com raciocínio lento, não sou esperta.
Falei essas coisas, achando que eu estava falando sobre “como eu ouvi?”, mas o Hiroya perguntou “Como vc ouviu, será?”
Tentei olhar mais um pouco como eu estava nesta situação. Na real “o Diego falou algo e eu ouvi assim, dentro de mim, o que eu captei”. Acho que vi mais alguma coisa de mim:
não tive interesse no que o Diego quis dizer (resultado antes de tudo da confusão entre “ele falou” e “eu ouvi assim”.)
Pela falta de interesse no que o Diego quis dizer, veio a minha rápida resposta “Mas eu quero vir”.
Um monte de pré-conceitos: Eu quero trabalhar (“fazer algo produtivo”) por isso vou trabalhar. Se eu não for trabalhar, o que eu vim fazer aqui? Pessoas que trabalham são mais sérias que pessoas que não trabalham. Senso de responsabilidade = de seriedade. Pessoa confiável, pessoa que apoia, que dá força, que pensa nos outros.
(Tudo bem querer ser assim, mas muito provavelmente é algo mais movido por pensamentos = obedecendo voluntariamente a coisas de fora (tem que fazer, é bom fazer, medo de punição, etc., do que a partir da livre vontade).

PSE 12 – [31/05/2020]

Hoje pesquisei no PSE minha reação ao receber uma mensagem do Yoshi. Ele disse algo como: por favor não coloque eu na escala de amanhã. Ao ver essa mensagem fiquei com um sentimento ruim. 


Acho que eu captei as palavras dele como se fosse uma decisão de que ele nao ia entrar no trabalho no dia seguinte. Não ouvi como sendo algo que ele quer fazer, algo que contêm o sentimento dele. Vi a mensagem e logo se formou um sentido fixado de que ele nao vai fazer algo que ele deveria fazer. 


Coisas a fazer, coisas que aparecem, os fenômenos (base de visão no fazer)


Os sentimentos das pessoas, o lugar de origem dos sentimentos, tentar olhar o mundo daquela pessoa (base de visão na conversa mútua)

PSE 11 – [30/05/2020]

Quando escuto a pessoa falar: quero que você faça isso. O que será que eu escuto?


Minha atenção se volta para mim mesmo? A minha atenção se volta para a pessoa que fala?

O sentimento de fazer uma marmita bonita brota porque a marmita vai ser entregue para uma pessoa. Um gato ou um cachorro não saberiam ver a beleza de uma marmita. 

PSE 10 – [30/05/2020]

Hoje de manhã na marmitaria:

Eu queria colocar goma-shio no arroz. O Félix queria colocar ume-boshi. Para decidir o que fazer conversamos. Mas não saíram muitas palavras.

Felix pergunta para a Haruka como ela quer fazer, ela responde que tanto faz. Naquela hora eu já tinha imaginado ela respondendo que prefere colocar o ume-boshi, nesse caso seriam 2 contra 1, acho que o coração já estava preparado para obedecer a decisão da maioria. Estava trabalhando algum pensamento do tipo: tem que fazer o que a maioria quer.

O Felix queria fazer o ume-boshi a partir de qual sentimento? Eu queria fazer o goma-shio a partir de qual sentimento? Acho que o ponto eh esse. Se estiver em um estado que tudo bem não fazer o que eu pensei, sobra espaço para ouvir o sentimento um do outro. 

curso para conhecer a sociedade

Conhecer a Sociedade – 24 a 30 de maio de 2020

Na última conversa depois do Naikan, o Hiroya da Escola ScienZ sugeriu eu participar do Curso para conhecer a Sociedade.
Eu entendo o Naikan estar sendo preparado para conhecer a si em relação as pessoas ao redor, a realidade de que eu fui formada recebendo as coisas pelo ambiente, pelos atos das pessoas.
Eu estava mais pensando em querer participar de um curso básico como Conhecer a si ou Olhar a si para resolver melhor a questão da auto-consciência em relação ao meu pensamento, pois no programa de treinamento do método ScienZ percebi como muitas vezes meu interesse não vai nem um pouco para –Como será que é de fato, na real?, mas como fico presa a todo tipo de pensamento como –aqui as coisas são assim, isso tem que fazer, aquilo não pode fazer.
Mas pela chamada senti vontade de participar do Curso para conhecer a Sociedade.
Um outro ponto que me deixou com vontade de aproveitar bem do curso foram as últimas palavras do Patrick antes de ir ao curso. Ele escreveu –Eu também queria…-
Acho que prometi dentro do meu coração para o Patrick que eu ia fazer o curso como se fosse no lugar dele.Demos partida com algumas perguntas para aquecimento.
O que é a Sociedade? Qual a relação da pessoa com a Sociedade?
Se qualquer pessoa agir livremente, como fica a Sociedade?
Reagi bastante a esta pergunta, no sentido de simplesmente não conseguir imaginar muito além de caos, desordem, injustiça, com algumas pessoas aproveitando para tirar vantagens e outras sofrendo com faltas. Incomodou bastante de imediato. Parece que não existe nenhum modelo para se apoiar, para imaginar o funcionamento de uma sociedade com todas as pessoas, sem exceção, se movendo agindo livremente. Funcionaria talvez com *Pessoas boas, aquelas que tem consciência das necessidades da empresa, que não vão passear em um dia lindo mas sabem que tem um compromisso com os colegas de trabalho. Apesar de enxergar a incoerência de aceitar a ausência de um colega por motivos de doença e não aceitar a ausência por querer passear, não consegui passar muito alem das ideias comuns de responsabilidade, de colocar uma ordem de importância, etc.
Ao longo da semana se levantou esse véu e hoje vejo claramente~
A livre vontade existe para realizar a felicidade da pessoa.
Estamos neste mundo para realizar a nossa felicidade que é o estado saudável e normal do ser humano, a figura dele em conformidade com a razão.
O que nós move é a vontade que temos dentro de nós que originalmente é livre. Se nós nos submetemos voluntariamente as regras, leis, compromissos ou tolhemos a nossa livre vontade pelo medo de ser punido, castigado ou criticado, estamos nos movendo pela obediência voluntaria. É uma vontade, um querer, mas não é mais a vontade originalmente livre.
Também nao é tao difícil de conhecer a livre vontade.
Quando eu estou em um estado de não ter escolha, não estou com a livre vontade.
Não ter escolha? Quando acontece algo assim se eu vivo num mundo livre? Não estou numa prisão, vivo numa sociedade onde o ir e vir é pouco restrito. Mas mesmo assim me pego muitas vezes em um estado de auto-paralização. Pediram por ex. de guardar as cobertas durante o dia. A princípio eu concordo com esse desejo, quero responder a ele. Mas de repente percebo que eu não consigo mais deixar as cobertas no chão. Não existe mais a opção de deixar fora, =largados=.
Chega até o ponto de sentir insatisfação com a pessoa que pediu, como se ela estivesse me vigiando o tempo todo, tolhendo a minha liberdade.

Porque nao consigo reconhecer a liberdade da pessoa?

Tem que ?
Não pode?

Nao existe nada que tem que ser feito.
Tem que fazer é uma ideia fixa, um pensamento humano.
Também nao existe nada que seria bom fazer.
Podemos tudo deixar do jeito que está.
Nao precisa fazer.
Nao precisa mudar.
Do jeito que está está tudo bem.
Vivemos dentro de um mundo que fornece tudo que precisamos. Por isso estamos vivos.
Vivemos das coisas que existem.
As coisas que existem chegam até nós pelo fluxo natural da Natureza, as coisas feitas pelas pessoas chegam até nós pelas acoes das pessoas. Está assim.
Para viver uma vida de satisfação plena é importante conhecer essa realidade. Se alguma coisa chega até mim, é porque tem um ato de uma pessoas por trás. Nao é a ambulância que chega, é uma pessoa que dirige a ambulância até mim. Nao é o carro de bombeiros que chega para apagar o fogo, são pessoas que apagam o fogo. Não é a encomenda que chega, são pessoas que a preparam, pessoas que a trouxeram. Não existem motoristas, bombeiros, entregadores, médicos. Somente existem pessoas que fazem, que realizam, tendo uma vontade própria. Nao existem cargos e funções, existem pessoas que gostariam que coisas fossem feitas (tem pedidos e desejos, e tem pessoas que respondem a esses desejos e pedidos.

A questão da igualdade.
Achava que a igualdade consistia em todos terem acesso por igual, independente da posição, da idade ou qualquer outro aspecto que poderia diferenciar as pessoas. No sentido de todas as pessoas poderem manifestar a vontade por igual. Pensando bem, seria em outras palavras TER O DIREITO DE MANIFESTAR O DESEJO. Mas de fato qualquer pessoa pode fazer o que ela quiser com o bolo. Pode comer ele por inteiro, pode usar para jogar na cara de alguém, pode levar o quanto quiser para comer com outras pessoas. É livre para agir. Essa é a realidade. Conhecendo essa realidade, eu não preciso querer impedir a pessoa de fazer algo, a controlar. Eu posso calmamente expressar o meu desejo também. Não existe motivo para insatisfação ou culpar ou reprovar a pessoa. É o desejo dela. Todas as coisas podem ser usadas por todas as pessoas, de todas as formas. Nao existe restrição além de pensamentos como direitos, adequado ou não, justo ou não. Eu acho que até agora eu estava olhando para os atos das pessoas medindo se a pessoa estava tomando além o que eu considerava a quota dela. E isso também me impedia a olhar para o meu próprio desejo, e junto com isso não conseguia mais falar ele para as outras pessoas. Tolher a liberdade do outro e tolher a própria liberdade. Com essa insegurança eu escolhi colocar distancia entre mim e as pessoas, reservando escondido algo que eu queria comer sozinha ou com determinadas pessoas.
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Foi desenvolvido o método ScienZ. A primeira etapa é conhecer o pensamento humano. O pensamento fixo que existem coisas que tem que ser feitas.
Será que eu tenho auto-consciência que é pensamento meu.
Direitos, deveres, responsabilidade, posse, compromissos…
O sentido desses cursos não é entender os conceitos, as noções, das palavras, mas de conhecer a realidade. Será que eu avancei neste sentido. Nos meus sonhos aparecem com frequência situações de enganar alguém ou de não conseguir chegar a um lugar que eu queria ir. Parece como não fazer o que eu quero fazer, como fazer escondido o que eu quero fazer.
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Construir a sociedade
Cuidar das relações entre as pessoas, dando importância ao lado interno das pessoas.
Amar a sociedade e sendo amado pela sociedade.
Para que possamos viver juntos numa proximidade e intimidade de uma família.
Uma estrutura que tem como objetivo de realizar a felicidade de cada um, sem nada a ter que se submeter contra a livre vontade, sem nenhuma tipo de falta.
A livre vontade existe para ser feliz, para realizar a felicidade.
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Passei essa semana junto com Ono san, Hiroya, Ushimaru san, Reiko san de Okinawa, e a jovem mãe Yumi, com a filhinha Kokoro que foi trazida por outras mães para pousar todas as noites. A Keiko san e a Maiko tyan comeram com a gente algumas vezes.

PSE 8 [28/05/2020]

Ao ouvir a conversa da Naoe pensei que ela estava ficando rígida com relação a alguma coisa, meio que de brincadeira pergunto: o que você está defendendo? Depois pensei: qual será o conteúdo desse tipo de reação minha ao querer fazer uma brincadeira? Como será que eu vi ela naquela hora? Ficar com vontade de fazer uma piada e voltar a atenção para aquela pessoa acho que são conversas de mundos diferentes. 

PSE 7 [26/05/2020]

Surgem pensamentos como:

Tudo bem atrasar a produção.

Tudo bem não produzir todo o pedido.

Com esse tipo pensamento o que estou tentando fazer? O que estou tentando satisfazer?

Ter que fazer as coisas é uma premissa e partir desses pensamentos tento me acalmar.

Acho que quando surge esse pensamento acho que já estou no meio de uma reação. 

Refletindo parece que tem bastante tipos de pensamento dessa maneira, o que será que está acontecendo nesses casos?

PSE 6 – [25/05/2020]

Penso que:

Sou aceito pelas coisas que faço. 

Sou aceito de acordo com a minha postura.

Se não falar meus exemplos durante a reunião, vão pensar que estou de mau humor, nesse caso não serei aceito.

Ontem no jantar mensal enquanto falava percebi que fico preocupado com as reações do Sato San.

Como serah que estou vendo o Sato San?

PSE 5 [24/05/2020]

Pensei em lavar sozinho uns carrinhos que usamos na marmitaria. Durante a reunião de avaliação diária eu disse que iria fazer isso e o Félix falou: vou fazer junto com você. Fiquei contente na hora. 

Depois comecei a lavar os carrinhos e quando vejo o Félix está sentado mexendo no celular, pensei: por que que ele não está fazendo o que falou? fico encanado com ele.

Minha atençao nao se volta para o Felix nessa hora. Poderia perguntar: Felix tudo bem? Passou a vontade de fazer? Ficou com vontade de fazer outra coisa? Minha atenção se fecha no meu mundo. 

Se eu vejo a outra pessoa e parece que ela está de mau humor, logo penso que eh por minha causa.

Se eu vejo a outra pessoa e parece que ela está contente, logo penso que eh por algo que fiz.


Eu, eu, eu…