PSE 4 – [23/05/2020]

Durante a reunião, Jon In e Haruka contaram o acontecido de manhã na marmitaria. Como eu também estava nessa cena de manhã, o Sato San me perguntou: como foi para você? Na hora eu falei e tentei pesquisar, mas depois revendo com calma como eu estava naquele momento eu percebi que eu nao fui direto pesquisar como estava naquele momento, eu fiquei dando voltas, nao indo direto ao ponto. Fiquei pensando o que será que eu tentei proteger naquela hora, o que será que aconteceu? Acho que tem alguns pensamentos como: eu não posso ter esse tipo de reação ou; eu já deveria estar em um estado diferente. 

Antes disso eu tinha falado sobre uma cena com Fulano e Ciclano que, ao ouvir a conversa das duas pessoas, mesmo o conteúdo da conversa em si não mudar muito, minha maneira de ouvir as duas pessoas foi bem diferente. Acho que isso também é um tema interessante. Olhando essas reações que surgem durante o PSE acho que outro tema eh: como será que eu vejo as pessoas?

Como eu vejo a pessoa?


Como eu vejo o eu?

“acertou” vs. “errou”

Numa conversa hoje, a outra pessoa usou várias vezes a palavra Blackout quando falou do Lockdown.
Eu reparei neste erro dela, mas não falei nada. Por um lado, não quis interromper o fluxo da conversa, não tinha importância para a nossa conversa se ela falar do jeito que falou.
Mas tem mais aí.
Se eu “corrigir” ela, ela poderia sentir vergonha de ter errado, de ser “pego cometendo um erro” e eu não quero estar na situação de ter causado um mal-sentimento a ela.
Tem várias incoerências aqui.
Várias factualizações da minha parte.
Várias contradições.
Existe de fato algo como “erro”?
Existe de fato algo como “ter vergonha”?
Existe de fato algo como causar um “mal-sentimento” a uma outra pessoa?

Eu consigo imaginar sem grandes problemas de falar para alguém “Acho que se usa a palavra Lockdown para isso, Blackout é outra coisa”, só que hoje, nessa situação específica senti essa resistência em falar, é algo que eu não consigo entender direito.
Mas acho que tem bastante uma visão que “errar é algo ruim”.
Será que eu olho para muitas coisas basicamente colocando em duas listas “acertou” vs. “errou”, tanto em relação a mim, como as outras pessoas e acontecimentos?
Certo/errado, bom/ruim, bem/mal.
Olha aí, velhos acompanhantes na minha cabeça/conceitos sem fundamento…amanhã vou no Curso para conhecer a Sociedade”, vou querer aproveitar dessa oportunidade para esclarecer mais as bases reais da sociedade em vez de andar em círculos dentro da minha cabeça. O clima social é construído por cada indivíduo, pela ligação e influência mútua de cada um, por isso se eu avançar o todo vai avançar.

PSE 3 – [22/05/2020]

Quando a reunião do PSE terminou fui à estante buscar meu tênis, mas nao achei. Na estante tinha sobrando apenas outro tênis parecido com o meu, pensei que alguém poderia ter trocado por engano, então tirei uma foto e mandei uma mensagem no grupo de zap da comunidade. Depois veio uma mensagem do Nakai San falando que ele tinha trocado por engano. Fui ateh a casa dele destrocar o tênis, quando entrei ele disse: entra ai vamos tomar uma cerveja. Então fiquei lá tomando cerveja e conversando com ele. No mesmo dia na parte da tarde tinha tido uma reunião da marmitaria com o Nakai e o Takemichi, entao essa conversa a noite acabou sendo a continuação da conversa da tarde. Fazia tempo que nao eu nao tinha uma prosa a 2 com o Nakai san. 

o meu estado do dia a dia

Ontem estava me sentindo bem cansada e mandei uma mensagem para Madoka avisando que eu preferiria ficar descansando e não ir no Salon de leitura.
Algum momento depois ela veio até meu quarto, vendo como eu estava.
Isso me deixou muito tranquilo e seguro (anshin).
A gente sentou e conversou um bom tempo sobre as coisas que apareciam no momento, meus sentimentos e pensamentos.
Depois do Naikan, talvez como um reflexo do tema “mentiras e disfarces/dissimulações” eu comecei a perceber que eu estava evitando de olhar sobre meu estado do dia a dia (nichijou no kurashi) fora do local de trabalho.
Situações especialmente relacionadas ao refeitório Joy ou no refeitório dos cursos, às refeições em conjunto com as pessoas.
Eu não me sinto “à vontade” durante as refeições, mas como eu já tinha me sentido muito menos a vontade de que agora, eu meio que estava ignorando essa forma como eu me sinto agora. Também o estágio na marmitaria está sendo divertido e interessante, então foi tentador me focar nisso e abafar os sentimentos de desconforto nestas situações nas mesas.
“Uma intimidade/proximidade como se fosse uma família” – atualmente eu estou observando as outras pessoas tendo esse ar de estar junto descontraído, conversando, rindo, mas como “observadora de fora, eu mesma não faço parte.”
Isso certamente não é a realidade, é o reflexo de como eu capto a situação.
Vou começar a me observar e tentar esclarecer o que está acontecendo dentro de mim para retirar esses obstáculos que me impedem de ver o real, o que tem e de me satisfazer com isso.

PSE 2 [21/05/2020]

Hoje ao começar a pesquisa contei o exemplo de uma reação que tive, porem nao tem gravado na memória o que a outra pessoa falou naquela hora, como foi exatamente aquela cena. 

Mesmo dizendo: eu ouvi de tal maneira o que a pessoa falou. Logo em seguida a cabeça começa a pensar várias coisas, elaborar várias teorias ao invés de tentar olhar objetivamente o que aconteceu. O que a pessoa disse? Como vejo aquela pessoa? Como vejo o lugar que estava naquele momento? Senti que preciso de mais prática para conseguir a observação objetiva do eu. 

PSE 1 – Pratice to Make ScienZ Everyday [20/05/2020]

PSE = Pratice to make ScienZ everyday (prática para passar a usar ScienZ no dia a dia)

Hoje começou uma nova temporada das reuniões de PSE. 

Durante o período aproximado de 20 dias com reuniões diárias de uma hora, participando os estudantes da academia e o SatoSan como zelador. Vão ser dois pontos de vista para a pesquisa a partir de exemplos práticos do dia a dia: Como serah que está o eu atual? e na mesmo exemplo: Como seria a reação de uma pessoa normal/original (saudável)? 

Atualmente participei do conhecer o si reconhecendo vários aspectos que acho que não estão saudáveis em mim e fiquei empolgado com essa oportunidade agora. Ouvindo a conversa sobre os encontros estava animado, porém no final do encontro saiu uma conversa sobre escrever no blog todos os dias o que pensou. Quando ouvi isso tive uma reação do tipo: isso eu nao quero fazer!

Eu tenho um sentimento de querer me abrir olhando e podendo deixar claro como está o estado de coração do eu atual, assim as pessoas podem me ver e pensar para mim em cada momento qual o melhor ambiente. Mas acho que mesmo pensando assim o estado de coracao nao parece estar completamente aberto assim. Vou começar essa temporada por esse tema, o que estou defendendo? Onde não sinto segurança?  

no departamento de imigração

Hoje coloquei no meeting dos kenshuuseis sobre a diferença do meu estado nas duas idas ao Departamento de imigração para a renovação do meu visto.
Na primeira ida senti bastante tensão, aflição, um estado de preocupação em relação ao desconhecido, fisicamente se manifestando também no coração batendo mais forte e rápido quando estava sentada na sala esperando a minha vez.
Me senti um pouco mais tranquila nos momentos que o Takemoto san estava junto comigo.
Demos entrada no pedido de visto e fomos embora.
Depois de 10 dias o Takemoto san me levou novamente para ir pegar o resultado.
Dessa vez estava muito mais relaxado. Entrei no carro, batendo papo com Takemoto san, chegamos no prédio e falei para ele: “Pode ir procurando uma vaga para estacionar, eu me viro sozinha.”
Entrei no prédio, vi a fila, entrei na fila, entrei na sala, peguei uma senha e sentei. Fiquei observando os funcionários e as outras pessoas que estavam esperando a vez delas.
Eu ouvi as pessoas conversando, alguns falando japonês fluente, outros com sotaque ou estando com tradutor. Senti um incômodo, pensei que seria legal se tivesse uma parede entre o balcão de atendimento e a área de aguardar para as pessoas não ouvirem me falando com o funcionário em um japonês com erros. Eu não gosto de ter que me expôr numa situação (não ter opção de me esconder) que eu me considero insuficiente/deficiente = não “boa”, “certa”, “bem feita”. Percebo que eu não tinha medo do intercâmbio com o funcionário, mas que minha aflição nesta hora era sobre o que os outros solicitantes de visto iam pensar de mim falando em um japonês com erros.

Chegou a minha vez. O jovem funcionário pediu para eu assinar um papel e escrever que meu vôo foi cancelado. Como consegui acompanhar o que ele pediu senti cada vez mais segura e a vontade. Ele me devolveu o passaporte com o novo visto e fui embora. “Com orgulho que eu tinha conseguido fazer todo esse processo.” Orgulho de quê será? “Orgulho”?

Tem mais coisas aí, mas hoje vou parar aqui.
A questão não é enumerar cada vez mais reações, mas também conseguir enxergar que eu “reagi ao quê”.
Acho que eu vou querer ver isso com calma mais uma vez no curso para olhar a si ou no conhecer a si.

Agora estou querendo descansar e dormir.

naikan em maio 2020

Rascunho das coisas que pensei, pesquisei, enxerguei, senti durante a semana fazendo Naikan

O que eu pesquisei
O eu em relação a minha mãe
O eu em relação ao meu pai
O eu em relação ao Isack
Mentiras e disfarces
Coisas recebidas pelas pessoas ao redor

O objetivo do Naikan é alcançar um estado de espírito de viver com felicidade em quaisquer que sejam as circunstâncias exteriores.
Assim eu entendo o que está escrito na orientação.
Quando iniciou o Naikan, não consegui realmente vislumbrar um estado de espírito assim. Questionei a real possibilidade disso, achando que estava sendo colocado o objetivo alto demais. Achei papo filosófico, irreal, somente pessoas que seriam moralmente superiores podiam pensar em algo assim e colocar isso como alcançável, como o velho Sr. Yoshimoto que fala e insiste que precisa entender o quanto foi cuidado e mimado pela mãe, pelo pai, ou pelos avós que muitas vezes tratariam a gente como gatinhos fofos.
Mas também estava disposta a tentar fazer o Naikan deixando de lado as outras experiências com Naikan, me colocando no “Eu não sei, sou ignorante e aprendiz”.
Eu coloquei como tema que eu queria pesquisar o eu em relação à minha mãe pois mesmo depois de várias vezes tentando fazer essa pesquisa em outros Naikans eu falei que existia em mim uma barreira, uma não-aceitação da minha mãe da minha parte. Depois do último Curso para realizar o Um comecei a entender que barreiras e não-aceitação é algo irreal e não em conformidade com a razão. Um estado não-saudável, desviado do original e essencial. E que para isso tinha uma causa que podia ser removida fazendo o esclarecimento dos fatos, da realidade, do original e essencial.

Anotações:
Em relação a minha mãe
Ela me deu a vida como uma jovem de apenas 22 anos e assumiu me criar, junto com meu pai igualmente jovem.
Ela ficou grávida de mim e não foi planejado.
Às pressas casou com meu pai, eu nasci e ela começou a viver em função de mim.
Ela e meu pai eram jovens sem dinheiro, mas mesmo assim nunca faltou nada.
Ela costurou as minhas roupas, e não foram roupas quaisquer, ela caprichou com os detalhes, fez enfeites bonitos.
Ela penteou meu cabelo sempre antes de ir para a escola.
Ela veio andando comigo no primeiro dia do jardim de infância, tendo que levar junto o meu pequeno irmão e minha irmã que tinha acabado de nascer.
Ela comprou as pantufas para usar na sala de aula e a roupa para educação física.
Ela me levou para esquiar, me puxando para cima das colinas para eu poder deslizar para baixo, inúmeras vezes. Ela deve ter passado muito frio enquanto eu e meu irmão nos divertíamos. Minha mãe mesma não sabia esquiar. Na infância dela não tinha folga econômica para saindo por aí, passear, esquiar. Mas para mim ela comprou esquis, os sapatos de esquiar, as roupas quentinhas, tricotou as luvas e os gorros. Quando passei frio, ela esquentou as minhas mãos esfregando com as mãos dela. Quando crescemos, junto com o pai também esquiador fomos esquiar em lugares mais sofisticados, eram caros e para economizar a minha mãe fazia comida para levar. Sempre tinha caldo salagadinho e quente de legumes para tomar em uma garrafa térmica e sanduíches, maçãs e chocolates para comer. Enquanto ela ficava esperando no carro, a gente saia para esquiar e voltamos para tomar caldo quente e comer sanduíches. Minha mãe deve ter passado muito frio e deve ter sido muito tedioso para ela. Mas eu queria esquiar e nunca pensei um segundo sequer como seria para a ela ficar esperando a gente voltar da nossa diversão.
Para aumentar a renda da família, ela começou a trabalhar como faxineira na biblioteca municipal as noites quando meu pai podia tomar conta da gente. Ela nunca deixou eu e meus irmãos sozinhos.
Quando eu voltava da escola, ela sempre estava esperando na janela da cozinha para ver se eu podia atravessar a rua muito movimentada em frente ao prédio com segurança.
Quando eu roubei umas coisas numa loja, ela foi comigo para devolver e me ajudou a colocar de volta sem chamar a atenção. Ela deve ter sentido muito medo de ser pego. Mesmo assim ela não me repreendeu.
E assim a lista das coisas que ela fez para mim é interminável.
Às vezes a minha mãe ficava brava e sem paciência comigo e com meu irmão. Ela não gostava de ter a gente por perto quando ela tinha aquele monte de coisas para fazer, lavar, costurar, consertar as roupas, cozinhar, limpar, fazer geleias e conservas, cuidar ainda da casa da mãe dela como os irmãos solteiros. Minha mãe tinha sempre um padrão de limpeza e ordem muito alto, ela sempre deixava as coisas impecáveis, apesar de ter sido criada numa casa modesta e simples onde nem tinha banheiro com um vaso sanitário, somente um bloco de madeira com um buraco em cima do galinheiro. Somente quando eu já era grandinha que finalmente foi instalado um banheiro moderno da casa da avó.
Minha mãe também deu à luz 4 crianças em 6 anos e perdeu uma dessas crianças com 10 dias de vida por causa de um problema no coração do pequeno.
Será que alguém amparou ela nesses tempos difíceis?
Ela chegou a me contar uma vez que as pessoas tinha falado para ela não ficar triste, que ela já tinha duas crianças e que ela era nova e podia ter mais uma depois da perda. Quando visitei minha mãe quando ela tinha já quase 80 anos, ela falou que não foi concedido a ela um trabalho de luto adequado. Foi umas das poucas vezes que minha mãe se abriu comigo, falando dos sentimentos dela.
Uma outra vez foi quando eu liguei para ela, eu tinha 23 anos e ela 45. Eu perguntei “Mãe, como você está?” e ela respondeu “A vida é uma merda.” Eu era imatura demais para amparar ela, deixando ela falar mais dos sentimentos dela. Acho que rimos juntas, falando “pois é, a vida é assim mesmo.”
No apartamento onde morávamos até eu ter 12 anos, tinha um batedor de tapete, era de plástico, a cor era um rosa pálido. Esse batedor estava pendurado na porta da entrada do apartamento. Minha mãe chegou a usar para bater na gente, mas eu não lembro de momentos concretos. Mas o que eu lembro era que o batedor estava pendurado lá e foi usado como ameaça para a gente não fazer coisas erradas. Eu tinha medo desse batedor. E somente a minha mãe usava. Meu pai nunca bateu em nós crianças pequenas. Então eu criei dentro de mim a imagem que a mãe era brava e sem amor, e que o pai era carinhoso e seguro.

O eu em relação ao meu pai
Desde pequena eu senti carinho pelo pai. Ele era divertido, alegre, esportivo e moderno. Apesar de os primeiros salários ainda curtos, ele trazia sempre as novidades primeiro, tínhamos carro, televisão, tocador de disco antes das outras famílias. Ele tinha muitos amigos, se divertia saindo com eles, bebia demais e chegava a vomitar em casa. Minha mãe ficava implicando com ele, acusando ele de ter uma amante.
Com o tempo ele parou de sair e se tornou um pai de família sério, dirigindo o carro para a casa das avós, para os passeios de domingo e para esquiar em família.
Ele também era muito forte. Ele ajudava na colheita de feno da família da minha mãe e ele era quem carregava as cargas mais pesadas. Eu tinha muito orgulho dele.
Ele começou a se dedicar totalmente ao trabalho dele, o salário dele aumentava e ele usava tudo em função da família, começou a pagar um apartamento para a gente ter mais espaço.
Eu comecei a me interessar por esporte também pela influência dele. Éramos colegas que batiam altos papos sobre jogos de futebol.
Ele tinha orgulho de mim por ter sido boa aluna na escola. Eu nunca senti medo do meu pai.

Assim foi a minha infância.
Nunca faltou nada.
Tinha amor, carinho, dedicação em abundância.
Eu tinha me tornado uma adolescente rebelde e mal educada especialmente com a mãe.
Eu cutucava ela ainda mais quando ela ficava brava. Eu entendo agora que eu fiz isso também porque eu no fundo sabia que ela nunca ia me abandonar. Era uma relação do lado dela inabalável. Eu podia falar coisas horríveis para ela, ela continuava de fazer comida para mim, de lavar a minha roupa e de limpar o meu quarto. Ela tinha uma ideal de mãe e tentou se ajustar o quanto ela podia – nunca deixar de faltar nada, sempre estar presente e dar o melhor de si.
Ela também começou a cuidar de uma amiga com esclerose múltipla com muita dedicação. Eu não entendia porque ela estava fazendo isso. Eu achava que minha mãe tinha que cuidar somente da família.

(Sobre mentiras e disfarces. Sobre coisas recebidas pelas pessoas ao redor. > vou escrever mais depois)

O que eu levo comigo agora desse Naikan é a sensação de ter compreendido um pouco o sentido dessas palavras iniciais da estado de espírito de felicidade em quaisquer que sejam as circunstâncias.
Vendo a minha vida só consigo ver agora a realidade de eu estar do lado de quem recebe, recebe e recebe.
Eu recebi da minha mãe, eu recebi do meu pai, eu continuo recebendo como seu eu fosse aquela criança dependente.
Eu recebo do Isack, amor, carinho, apoio em tudo que eu resolver fazer.
Ele me amparou em todos os momentos que eu me sentia sozinha e confusa.
Do lado dele a nossa relação é inabalável igual da relação dos meus pais, especialmente da minha mãe.
Tudo que eu fizer está sendo proporcionado pelas pessoas ao redor.
Nada é possível eu fazer sozinha.
Sozinha é algo que não existe.

Um outro ponto muito importante é que através desse Naikan eu compreendi melhor sobre “esse foi o meu estado naquele momento”, não tem necessidade de ficar ligando aquele meu estado ou os meus atos naquele momento com o presente. O que foi, foi. O que existe é a vida agora, o que eu quero ser, como eu quero que a vida será. Compreendendo que não existe culpa, nem minha, nem das pessoas, mas que os nossos atos e palavras são manifestações do estado daquele momento que foi se formando pelas influências da sociedade ao redor. A única pergunta é o que eu quero fazer daqui pela frente, que pessoa eu quero ser.

não se preocupe

Eu perguntei para o Fe “Esses ika fritos vão ser suficientes?”
Ele falou algo como “Não se preocupe”.
Eu senti uma resistência em relação à essa resposta.
Senti algo como insatisfeita.
Acabei falando algo como “Só quero ter uma ideia”.
Eu comecei a pensar sobre isso.
Pensei porque eu pergunto algo para uma outra pessoa se eu não quero antes de mais nada aceitar a resposta do jeito que ela vier
(Não é a primeira vez que eu penso isso, acho que o motivo disso é de tentar mudar a reação, em vez de querer conhecer o que está acontecendo comigo.)
Na hora fiquei mais tranquila, foquei mais no que as pessoas estavam falando, tentando mastigar primeiro, olhar como eu tinha entendido isso, o que será que a pessoas estava realmente querendo dizer…

No meeting dos kenshuuseis coloquei esse exemplo.
O Hiroya perguntou “Estava reagindo ao quê?”

“Acho que eu não me senti levado a sério, ou fui ignorada, fui desconsiderada.”
Consciência de vítima.

Num dos CDs do Naikan falam sobre isso:
Consciência de vítima.
Egocentrismo. Só penso em mim.
Dependência. Meu estado emocional depende se eu gosto das reações “dos outros” (falta de autoconsciência que eu reajo à algo de dentro de mim, como eu capto, e não o que vem do “outro”.)

= A semente da infelicidade.

Tem a ver com complexo de superioridade também = por isso me senti inferiorizada.
Eu reajo à algo que eu mesma faço, pois se eu falo “Eu não gosto quando me tratam assim”, é totalmente incoerente, pois o Fe falou “Não se preocupe”, nada além. Ele não me “tratou assim”.

O que será que acho de tão grandioso em mim que me leva a me sentir superior?
Acostumada desde criança de saber rapidamente falar a resposta certa.
Força física e saúde que me leva a crer que eu mesma faço as coisas sozinha.
Que ignorante, tola, boba, tonta….

O que me leva a me qualificar dessa forma?
Complexo de inferioridade?

Amanhã eu vou no Naikan e espero que através da pesquisa de como eu fui formada como pessoa eu consiga também enxergar mais sobre as origens dessas maneiras de pensar. Para viver uma vida com interesse no real de mim, no real da pessoa, nos meus verdadeiros sentimentos, nos verdadeiros sentimentos da outra pessoa. Viver no aqui e agora e usufruir da vida como ela é, sem resistência.

Impressões do curso conhecer a si [08/05/2020]

Pesquisar como será que eh, como será que estou a partir da conversa crua

Talvez até agora participando dos cursos, reuniões de pesquisa, pesquisando o eu, ao falar as coisas que eu vi sobre mim estava falando com a intenção de ser transparente, falando as coisas assim como as vejo. Entretanto, percebi que vinha falando a partir de concluir os raciocínios, falando soh as coisas que acho que posso falar, falando de maneira que as outras pessoas passem a rir, falando sobre as reações que já se acalmaram, etc etc. Praticamente não vinha falando como realmente estou naquele momento de maneira transparente. Desta vez pensei em fazer o curso falando de maneira mais aberta e sincera possível. 

Durante a pesquisa do tema das reações, ao ir falando as coisas conforme elas vinham em mente em um momento surgiu um pensamento que eu fiquei com vontade de esconder. Tentei falar ele da maneira que estava e ao falar reagi a minha fala ficando com um sentimento forte de insegurança: vixe falei de mais. Fiquei com vontade de esconder esse meu sentimento, resolvi falar sobre isso e meu sentimento acabou acalmando, terminou o dia de pesquisa e fui dormir. 

No dia seguinte, o que aconteceu no dia anterior ainda estava na cabeça, fui falando desse meu estado e senti que aos poucos fui voltando ao estado normal. Sobre isso pensei que: falar após concluir o pensamento ou, falar de maneira que as outras pessoas riam; acho que eh um mecanismo onde fico julgando o que acontece dentro de mim pensando o que pode ser dito, o que vão pensar sobre o que eu falar, parece que estou fazendo com uma série de preocupações. Acho que eu não venho aceitando o eu como ele eh, nao venho aceitando meu estado como está. 

Entretanto todos esses julgamentos são feitos com base nos meus próprios parâmetros: isso é bom, aquilo é ruim; ou seja, nao tem relacao com que a outra pessoa vai pensar, ou mais ainda, não tem relação nenhuma com a realidade. 

O quero eu quero fazer é estar sempre em um estado de felicidade e diversão. Se a outra pessoa pensar mal de mim, meu estado real nao vai piorar ou, se a pessoa pensar bem sobre mim meu estado real também ao vai melhorar, tanto faz o que as pessoas pensam. 

Se ficar pensando: isso é difícil de falar, ou isso eh facil de falar, são apenas julgamentos baseados em pensamentos que eu mesmo crio sem muita base. Acho que eh um processo de auto sabotagem que leva a esses sentimentos de insegurança. Acho que esse lugar de pesquisa está relacionado ao verdadeiro estado de segurança. 

Um dia a dia pesquisando o por que não está realizando o ideal

Ultimamente tem tido reações de insatisfação quando as pessoas não vêm ao trabalho de acordo com o planejamento. Diante disso tenho tentado olhar para meus sentimentos, desejos, como quero que aconteça, mas nao tenho me perguntado seriamente: como será que estou agora? como será que estou captando as coisas? Qual minha visão a respeito do planejamento? como vejo cada pessoa que trabalha comigo? qual minha visão de trabalho? Qual minha visão de ser humano? Tentando esperar que o ideal se realize de alguma maneira, porém sem pesquisar essas questões.

As vezes fico procurando o porque de algumas coisas não darem certo na prática, o que poderia estar atrapalhando. Penso coisas como: se fizer assim vai acontecer assado. Os olhos vão procurando soluções para os problemas nas coisas práticas, procurando a origem dos problemas nas coisas de fora, mas sem olhar para o meu estado interno: o que eu estou vendo como problema? Acho que posso fazer o quanto quiser assim, porém ao olhar para as pessoas penso que a pessoa deve fazer assim, ela tem obrigação de fazer tal coisa; enquanto estiver vendo as pessoas assim acho impossível realizar o desejo original. Mas acho que se procurar a origem desses sentimentos de insatisfação acho que é possível achar a causa e seguir em frente. 

Notas:
3.1 Visões de ser humano que percebi no meu inconsciente:
– homem tem que ser forte, não pode pedir carinho das pessoas;
– durante o trabalho o que eu falar as pessoas tem que ouvir e fazer da maneira como falei;
– se eu não fizer assim ou assado, o sentimento dela muda e ela vai gostar de outra pessoa;
– eu tenho que fazer a coisa acontecer por mim mesmo (responsabilidade);

3.2 As frases mais legais que escrevi durante o diário do curso
– Eu que ouvi assim, eu que captei assim. Mas, por que ela falou assim que eu ouvi como ouvi.
– As características que eu vejo de um objeto e esse objeto em si são coisas duas conversas diferente, são elementos de matéria diferente. 
– Se pensarem bem ou mal de mim, não muda meu estado real.
– Os 525.600 segundos vividos cada um em sua total realidade durante um ano, às vezes sobram na memória como apenas uma frase jogada: aquele foi um ano triste.
– De repente se cria na cabeça um pensamento como: eu devo conseguir fazer. Ao conversar percebo esse pensamento. Ao perceber esse pensamento me liberto.
– Se eu puder olhar e mostrar como está meu sentimento de insegurança da maneira como ele eh, na mesma hora que vejo ele assim, ele já se acalma.
– Tudo bem falar durante o curso: agora não estava pensando no tema.
– Quando penso: isso eu sei, isso eu conheço. O que estou tentando defender?
– Tem muita confiança no meu pensamento: se fizer assim, vai dar tal resultado.
– Quem tem confiança, não tem autonomia (liberdade).
– Vejo: coisa emprestada que tem que ser devolvida; coisa que tem que ser paga; pessoa que deve fazer tal coisa.
– Como dou importância para as aparências, vou tentando fazer as coisas pela forma. Por isso não mostro a verdade, não pesquiso a verdade, por isso não consegue a relação de verdade.
– Hoje o dia ta muito bonito para esquentar a cabeça.