Segunda rodada do Encontro Vipa, sobre conversa mútua, intimidade e desejo sincero

Para contextualizar, participei da primeira rodada de um encontro das pessoas que queriam organizar a Vila Paraíso. Depois disso participei do Curso para Olhar a Si, onde outras pessoas se encontraram para organizar a vida num paraíso 😛

Não escrevi nenhum relato sobre a primeira rodada, mas resumidamente senti que foram várias pessoas que passaram bastante tempo vivendo suas vidas, experiências e momentos, de alguma forma digerindo mentalmente e sozinhas. Nisso quando se apresenta um ambiente onde podemos olhar para todos os sentimentos (vontades, pensamentos e sensações), a gente ficou meio desesperado pra expor tudo, cru e numa tradução grosseira da experiência subjetiva em palavras. Nisso inclusive eu mesmo.

Senti que era um processo importante para eu mesmo conseguir olhar melhor para as coisas de dentro de mim. Precisava tirar essas bagunças. Coisas muito grandes e cheias de emoções que dificultavam ver qualquer coisa na verdade. Depois de lavar a roupa suja, coisas mais sutis começam a ficar mais fácil de enxergar. De repente a gente consegue olhar melhor para os próprios desejos, as vontades que me movem. Fica mais claro pra discernir o que é pensamento e o que é vontade, o desejo genuíno.

Para mim, o desejo genuíno é só a minha vontade, só que sinceramente, sem confundir “eu quero fazer isso para evitar consequências” com “eu quero fazer isso”. Nisso entra a conversa mútua, que parece ser uma troca de vontades, de desejos genuínos focadas nas pessoas, no eu e no outro. Mas realmente para conseguir ter uma conversa simples com o outro parece que precisamos passar por várias etapas na lavanderia mental.

Mas repentinamente, nesse processo de limpar a vista e perceber qual o desejo, a vontade, as ações práticas parecem se tornar mais eficientes, com um norte que está na vontade da pessoa e não no que há de ser conquistado.

Encontro da Vipa do fds e Conversa Mútua

Passamos o final de semana com a turma jovem que está preparando a próxima Vila Paraíso reunidos aqui na As One em Jaguariúna e conversando sobreo que é “conversa mútua”.

Ontem depois do encontro fui conversar com o Alam, ele queria saber minha vontade em relação a data para voltar para o Japão.

No começo falei para ele: não está claro para mim o que quero fazer.

Começamos a conversar a partir dai. Qual seria o conteúdo da minha vontade de ir agora em junho. Qual seria o conteúdo da minha vontade de ficar ate o final de julho. Estávamos pensando com essas duas opções.

Depois fomos conversando sobre o que o Alam gostaria que eu fizesse ficando mais um pouco aqui.

Sinto que fomos expondo mutuamente nossos sentimentos e pensamentos.

Chegou uma hora que eu falei: eu quero fazer as duas opções. Demos risada. Fisicamente acho que não é possível, mas talvez fosse o mais perto de como estava me sentindo naquela hora.

Ao ouvir do Alam que ele deseja que eu faço algo. Ao ouvir que o pessoal de Suzuka quer que eu volte para fazer algo. Mesmo sem saber direito o conteúdo vou ficando com vontade de fazer.

Ao ir conversando sobre isso meu sentimento parece que vai mudando várias vezes.

A conversa parou por aí, não definimos nada na hora e ele disse que vai conversar mais com o pessoal de Suzuka.

Acho que foi interessante fazer essa conversa depois da pesquisa da conversa mútua.

Sentir

Pode ser que dentro de você algo esteja gritando, pode ser um silêncio ensurdecedor, então você não vai conseguir prestar atenção em mais nada ao seu redor. As pessoas podem falar com você, mas você não vai conseguir ouvir. Só que isso faz muita falta. Então você tenta silenciar esse ruído interno com remédio. E funciona. Finalmente está calmo. O quê? Você está falando comigo? Ah, sim! Eu te ouço! Também consigo falar e me movimentar; não, não estou tão cansada. É muito bom não estar cansada só por estar em pé, ou mesmo deitada, meu corpo não dói. Então, o que eu sinto? Como assim, sentir o quê? Minha mente acelerada, as palavras correm para fora da boca, as vezes atropelam as suas. E dentro de mim, dentro de mim eu não sei. Mas eu gostaria de saber. 

Curso Olhar a Si (12 a 15 de Maio)

Esse texto escrevi no domingo quando acabou o curso.

Pegando um exemplo:

Ao ouvir algo como: “Diego você está pressionando ele”, fico com vontade de me defender. Assim como um sentimento de arrependimento por ter feito algo de “errado”.

De onde será que vem isso?

Parece que estou reagindo ao que a outra pessoa disse, mas o que há dentro de mim que desencadeia essa reação?

“Pressionar os outros é errado”; “Não posso ser visto como uma pessoa que fala isso”;

Mas enquanto estou tomado por essas emoções, meu foco não consegue ir para “o que realmente será que desejo?”

Qual relação quero ter com as pessoas ao redor? O que será que a pessoa que me disso isso tentou me dizer? O que eu realmente gostaria de dizer para a pessoa?

Para reagir assim estou partindo da premissa que consigo ouvir o que a outra pessoa falou realmente como ela falou, estou acreditando que posso conhecer o fato, mas será que isso é realmente possível?

A pessoa que falou assim, ou fui eu que ouvi assim?

Aceitar o eu como ele está, poder apenas olhar o eu, poder colocar me abrir da maneira como está, com isso, parece que vai clareando de maneira natural como realmente quero ser. O Original.

Como será que estou captando?

Ir conhecendo que as coisas estão acontecendo dentro de mim.

A partir daí surge interesse em saber “como será o real”, “como será a outra pessoa”?

A partir daí surge um estado de poder conversar mutuamente?

Café – Curso para Olhar a Si

15/05/22 4° dia 15:00 Curso para conhecer, digo, Olhar o Si

O curso para olhar a si, impressões para escrever em 40 minutos.

A ideia é desenvolver a habilidade para especular sobre os processos na maneira de captar a realidade とらえ方とは。Acho que no final das contas é sobre ter a leveza no coração para (nem mesmo que seja para se questionar) perceber que as impressões são ideias. É dificil de acessar objetivamnete a a realidade. Saber disso faz ser fácil não se apegar as ideias, faz ser tranquilo ouvir as pessoas porque não perde o foco nas ideias mas surge a curiosidade de saber qual o desejo do outro. Ou até mesmo qual o próprio desejo.

No momento meu desejo é estar com meu pai, algo sobre olhar o eclipse lunar. Mas a lua parece mais tímida sob as nuvens. Se não rolar viajar com meu pai porque tá nublado, me sinto mais leve porque o foco não está no astro.

no momento eu quero apreciar a fofura do Davi. Sentir saudades é sofrer pela ideia da ausência dele. Saudades parece muito ser um sentimento, uma emoção que sobe e desce o corpo todo.

Em algum canto do cérebro espero poder criar um circuito neural que cria quase como reação uma curiosidade sobre como eu vejo o mundo.

Usando café como exemplo pessoal. Eu tomo todos os dias. Não tenho certeza se gosto do sabor, mas tomo quase como necessidade. Neste meu exemplo, meu desejo é estar acordado? ou meu desejo existe como algo à parte, que depende de eu estar acordado? Por que eu faço as coisas no final das contas?

Não saber porque eu tomo café não torna a coisa errada de fazer. (puts.. tá chovendo, sem eclipse hoje).

A vonta de detomar café é permeado de bastante coisa que acontece dentro da cabeça, mas não deslegitima o ato, inclusive nem sustenta. Essas relações ocorrem na minha interpretação das coisas.

Remédio bom é amargo… dizem. Mesmo não muito confiante se gosto do sabor que o café me propicia, continuo tomando pelo efeito do café (“acordar”) Mas eu continuo com sono 😛

Isso tudo no final é um exercício para me observar, ver quais os processos que borbulham dentro de mim, e me compelem a realizar ações, geram pensamentos e fervilham emoções

um experimento que me ocorreu agora é testar quais as emoções que emergem se ficar sem café (hehe, clássico). Como estudo de caso. Talvez várias coisas que a gente faz, não sabe porquê e ainda soca juízo de valor se é errado ou não 🐟

Pensei agora sobre olhar as coisas de diferentes ângulos, curiosamente é tudo pensamento e tentativas de pensar sobre diferentes ângulos é só uma forma de reforçar a impressão de que o pensamento é a coisa, o fato, a própria pessoa. O pensamento sou eu.

Curso: Olhar a si

O que seria olhar a si ?
Seria o mesmo que pensar como sou,
nas palavras que falo, nos movimentos que faço?
Isso é a ponta do iceberg. O consciente. Isso até já sei !
Para compreender como respondo aos estímulos e tenho determinadas reações tive que olhar mais fundo. Observar algumas reações manifestadas como produto de todo um eu inconsciente formatado há 75 anos ou mais pelo ambiente, pelas crenças, vivências, valores, conhecimentos e memórias com que fui “preenchida”
Por exemplo, se dentro de mim existem conceitos bem arraigados de certo e errado, de ordens que tenho que obedecer, de exigências de resultados, quando me deparo com uma situação fora, que desperta esses canais de dentro, eu tenho uma reação.
Reajo a que? A algo de fora ou de dentro? Se eu não tivesse nada disso dentro, não haveria reação. Investigando então o que eu tenho dentro de mim, no inconsciente, lá bem gravado, eu posso compreender a reação como parte do meu pensamento que é humano. A reação se dá de acordo com o modo como captei o estímulo.
Meu companheiro Zé emite uns sons que eu capto como sendo palavras da língua e do vocabulário que eu conheço e que fazem um sentido que decifro como “tô com vontade de comer omelete”. Minha reação : ” não vou fazer”.
Lá dentro de mim existe um mandato : – tem que fazer – mulher tem que atender o homem – desejo do outro é uma ordem… Reagindo a isso é que saiu essa resposta.
O foco da pesquisa não está em mudar as minhas ações, a ponta do iceberg que é visível, mas olhar o meu modo de captar. Analisando, investigando, conheço como penso, as fixações que tenho e às quais reajo.
Não vou me chicotear pela minha reação. É natural, faz parte do pensamento humano.
Assim como eu, cada outro ser humano tem seu próprio modo de perceber o mundo e reage de acordo com isso. Compreendendo isso, ficariam sem sentido as imposições, submissões, comparações, exigências, julgamentos…
Viver com autonomia, liberdade e aceitação das minhas ações e reações resulta numa vida mais leve, mais gostosa, mais livre, mais de acordo com o desejo original do coração.

Preparação Vipa – 29/04 a 01/05

Desejo original: Qual o meu, qual o seu?
Viver respeitando-os continuamente.
Encontrar pessoas queridas e comer a comida da Claudete.

No fim fui ao encontro pensando no “Como fazer a Vila?” e “O que fazer na Vila?”
Na prática não tive conclusões concretas sobre essas questões. Apenas nos escutamos e nos acolhemos.

Qual será o estado do meu coração no dia a dia?
Quero viver de acordo com meu coração, não com minha cabeça, Viver de acordo com o que realmente quero e alimentando meu coração para sermos cada vez mais saudável.

Encontro de amigos

Esse fim de semana rolou o encontro pra desenhar a vipa.

Mas não conversamos sobre vipa.

Falamos de nós e procuramos dentro de nós nosso desejo genuíno, desejo sincero do coração.

Uma amiga amiga querida disse no final que esse encontro a fez lembrar que ela é gente e que viver é bom.

Fiquei com isso dentro de mim.

Reverberando até agora.

Não fizemos nada de mais.

Ficamos sentados, conversando, ouvindo… falando porque estamos sendo ouvidos.

Eu falo pq estou sendo ouvido com atenção e carinho.

Pq sou ouvido com carinho fico a vontade e seguro pra falar sobre qualquer coisa.

Então falo do que é muito importante pra mim.

Então pq estou falando livremente e relaxadamente começo a observar o que sai de mim.

E aquilo que parecia enorme e complicado quando estava sendo guardado dentro, fica mais claro, leve e pequeno.

Será que isso é ser inteligente de verdade?

Então não dá pra ser inteligente de verdade sozinho, mas quando sou auscultado por um amigo verdadeiro. Numa relação íntima de verdade.

Quero viver assim.

Com relações assim.

Quero me tornar uma pessoa capaz de ouvir com carinho qualquer coisa que vem da outra pessoa.

Pois assim posso realizar minha humanidade (lembrar que sou gente)

E assim viver é bom! É fácil.

Encontro Vipa 29/4 a 01/05

Estava me despedindo da galera, ai o J falou algo mais ou menos assim:

– Mari, queria continuar aquele papo lá

– Qual? sobre cérebro e consciência?

– Sobre por que você é vegana

– Ah, eu gosto de ser vegana, mas não é que eu ache que o veganismo seja algo muito importante

– Você gosta né?

– Sim

– Isso é que é importante

Pra mim esse diálogo resumiu muito bem o fim de semana

BR 15

Agora nesse final de semana no encontro ficamos conversando sobre o que seria a verdadeira amizade

Para mim é algo como:

Uma relação onde não nasce o conflito, a disconfiança.

O outro pode fazer, ou não fazer, pode ouvir ou não ouvir. E eu acolho seja o que for, me perguntando qual será o desejo genuíno daquela pessoa? Fico interessado no outro.

Não nasce o sentimento de acusação:

“Por que vc fez isso?” ou “Por que vc não me ouve?”

Tenho consciência que o sentimento de insatisfação se cria dentro de mim, não tem a ver com a outra pessoa.

Mas acho que isso ainda está no nível mínimo dessa relação.

Para além disso estou tão seguro nessa relação que tenho vontade de me adequar a outra pessoa. O desejo dela é o meu desejo. O que ela quer fazer eu quero fazer. Isso porque a gente está a olhar o desejo genuíno.

Não seria esse o estado “normal” do ser humano?

Acho que se conseguir visualizar essa relação é possível se tornar.