Mês: abril 2022

Hoje desci no salão dos cursos pela primeira vez desde que cheguei aqui, faziam mais de 5 anos que não via ele.

Mudou muito a estrutura física, os quartos, os banheiros, os chuveiros, refeitório, tudo me pareceu mais limpo, fácil de usar, aconchegante.

Fiquei pensando qual será o desejo das pessoas aqui para colocarem força nessas reformas? O que move o pessoal da vila a preparar esse espaço, organizar os eventos, o que será que eles querem realizar através disso?

Através de receber aqui pessoas como eu e o Miguel também?

Descemos no salão para pensar um pouco sobre o uso do espaço e as refeições para este final de semana com a turma jovem que vem aqui. Depois fomos as compras.

Ao escolher as coisas a comprar vão surgindo as carinhas de quem deve vir aqui nos próximos dias, acho que dá para dizer que este encontro já até começou dentro da gente.

Como será quando todos estiverem aqui né?

Preguei uma tábua e rachou a madeira, fiquei na dúvida se dava para usar. Um dos funcionários aqui, o Dito, estava por perto na hora, resolvi perguntar para ele, e aí acha que dá para usar assim?

Ele diz: se ninguém ver não da nada!

Eu pensei: como assim mano kkk Ele ainda fala assim na cara de pau mesmo kkkk

Tem vários momentos que vejo cenas durante o trabalho e acho que estão fazendo algo errado, mas hoje fiquei me perguntando será que ao olhar para as coisas assim estou me baseando nos meus sentimentos genuínos ou nos meus pode e não pode?

Hoje tivemos uma reunião na avicultura onde também participaram os fucionários.

Achei uma oportunidade muito daora essa reunião. Minha vontade é de ter um local de trabalho que seja uma manifestação da sociedade onde qualper pessoa possa viver a partir da sua essência.

Acho que isso não tem a ver se a pessoa participa ou não das reuniões, dos cursos, acredito que seja possível uma ter uma sociedade onde qualquer pessoa que viva a partir do seu original.

Seria uma sociedade que qualquer pessoa que chegar junto pode automaticamente ser ela mesma. Imagino que a avicultura aqui possa ser esse lugar.

Minha impressão é que ao trabalhar, no fundo as pessoas desejam realizar algo há dentro delas, o trabalho é apenas um meio para essa realização, não é?

A reunião acho que seria u espaço para isso, mas precisa de pessoas que conseguem escutar as outras e a partir daí cada pessoa vai descobrindo o que tem de original em si, inclusive através da atividade no dia a dia como o local de trabalho.

Como será um estado de coração de uma pessoa que consegue ouvir as pessoas desse jeito?

Acho que essa pessoa precisa ter muito claro dentro dela o que é a essência do trabalho, como será isso?

Como foi fazer essa semana

O que marcou um pouco foi experimentar nas reunião tentar colocar as coisas como estão para mim naquele momento. Falar o que está preocupando ou então o que gostaria de fazer. Acho que para mim ainda não é o comum, e mesmo querendo fazer acho que ainda tem as coisas inconscientes que são escondidas, enfeitadas, omitidas. Mas mesmo assim só de querer de estar neste estado puro, natural já é algo que deixa com um sentimento de estar aqui, estar com as pessoas em volta.

Desde ontem está na minha cabeça algo como “ouvir a pessoa”, “aceitar as coisas como são”

Parece que tem bastante forte em mim essa coisa de querer construir uma sociedade para a felicidade das pessoas, mas quando olho para meu estado atual não bate exatamente com essa minha vontade/desejo.

Fico julgando as pessoas, gastando muito tempo pensando nas minhas coisas.

Lembro de algumas pessoas que conheci em Suzuka que parecia haver esse amor em relação a qualquer pessoa, independentemente de quem seja e do que aconteça.

Acho que uma pessoa assim está verdadeiramente a realizar uma sociedade para a felicidade de todas.

Fico imaginando como será um coração assim?

Como será que estou ouvindo as pessoas?

Isso eu concordo! isso eu discordo!

Sempre comparando com os meus julgamentos.

Mesmo vendo uns videos no Youtube eu penso: esse cara fala umas coisas sensatas, gosto de ver ele. No fundo acho que eu apenas concordo com o que está sendo dito, acho que a ideia dele bate com a minha?

A pessoas que está falando está falando algo que está pensando, algo de dentro dela, como será ter atenção na pessoa (auscultar a pessoa)?

Quanto que tenho consciência de que são meus pensamentos, julgamentos?

Acordei, abri o celular tinha uma mensagem da minha mãe dizendo que minha vó tinha falecido. Então minha mãe me perguntava se eu conseguiria ir até Marília no enterro dela.

Depois abri o outro aplicativo de mensagens, tinha uma da Haruka falando que queria conversar. Na hora me veio um vixi, que será?

Minha cabeça ficou oscilando entre as duas coisas até chegar na reunião da manhã.

Na reunião tem um texto com um tema que estamos pesquisando, mas mesmo lendo, não adiantou, minha cabeça queria pensar outra coisa. Resolvi colocar o que estava pensando como estava.

As pessoas ouviram isso e aqueles temas deram uma assentada dentro de mim.

Depois fiquei me perguntando: por que será que nesses casos surge esse tipo de reação?

Quais meus pensamentos que estão por trás dessa reação?

Preciso ir no enterro; não posso deixar meus pais preocupados; será que aconteceu alguma coisa que não gostaria com a Haruka;

Dá para ir escavando e encontrando mais, mas acho que tem pessoas que mesmo em casos assim não se preocupam ou ficam com a cabeça atarefada, afinal, ficar com a cabeça atarefada não vai no sentido do que eu quero fazer em relação as outras pessoas.

Fiquei pensando qual a diferença entre mim e as pessoas que conseguem sempre se manter objetivas, calmas?

Dieguito chegou e tivemos algumas conversas que me marcaram.

Me senti ouvido de verdade por ele e eu me senti bastante a vontade pra colocar pra ele como eu estava me sentindo no momento em que rolava a conversa.

Na terça a gente estava limpando o galpão quando a Aninha me ligou, ela não estava bem, ultimamente a saúde dela está frágil.

Voltei e coloquei a situação para ele.

Foi bom ter alguém logo ali pra pensar junto.

Eu posso ir

Eu posso não ir

Eu consigo não ir?

E consigo aceitar meu estado desse momento?

Dentro de mim sempre tem uma ideia do que devo ou não fazer, do que que deveria ou não sentir. Do que esperam de mim.

Mas ali com ele pareceria que nada disso era importante para ele. Pareceu que ele estava interessado só em mim e não no que fazer.

E então, através dele, parece que muitas pessoas tbm estão interessadas em mim.

Mas não percebo isso com clareza no dia a dia.

Parece que na minha vida até aqui sempre se tratou do que fazer e não na pessoa.

Enfim.

Quero começar a escrever mais aqui.

Pra ter esse momento de olhar com calma.

Ontem a noite fui tomar um vinho e bater um papo a dois com o Romeu.

Em alguns momentos me lembrei de quando a gente tinha um papo assim antes de eu ir para o Japão. Acho que naquela época sempre rolava uma preocupação com o que ele estava pensando de mim (eu ficava tentando aparecer algo que não era?), ou também, meio que tudo que ele falasse estava correto, não ouvia as coisas como sendo as ideias do Romeu.

Nesse tempo acho que eu mudei, ele também mudou. Ontem foi para mim realmente um papo entre amigos, claro que não é uma relação como a que tenho com o Miguel, entre dois mano da mesma idade. Mas acho que foi um papo de pessoa com pessoa.

Cada conversa no dia a dia, cada atividade, será que pode seguir para uma relação de intimidade?

Hoje fui descarregar umas tábuas de madeira que vamos usar para construir os ninhos novos.

Chegando no galpão fui fazer o serviço junto com o Marlos, que é um moço que trabalha aqui faz bastante tempo.

Era final da tarde eu ainda pensava em fazer outro serviço quando apareceu esse de descarregar.

Cheguei para fazer a coisa falando meio apressadamente: aa vamos mexer esses aqui para lá, esses outros para cá. Até que eu percebi meu estado de pressa.

Nesse estado acho que não estava olhando para o Marlos como pessoa, estava falando minhas vontades, jogando elas no ar. Depois perceber esse estado desacelerei um pouco.

O que será que me deixou nesse estado?

Pensamentos como: tenho que fazer isso logo; ainda tenho outro serviço depois;

Mas não percebo que são apenas meus pensamentos.

No dia a dia, a partir do que estou me movendo? O que será que estou realizando no trabalho, no cotidiano?