e os meus desejos? e a minha vontade?

A Nanatyan perguntou sobre como tinha ficado a minha blusa de frio, com enchimento de penas, depois de lavar.
Comecei a explicar que tinha lavado na máquina mesmo, com programa inteiro, inclusive centrífuga no final, depois tinha colocado para secar na varandinha e que o vento a secou bem e a deixou bem fofa.
Nanatyan estava com a blusa dela, molhada, em um cabide.
Ela pendurou o cabide com a blusa na barra da varandinha.
Eu falei: Ah, lembrei! Eu usei o varalzinho de secar roupa para colocar a blusa em posição horizontal, usando vários prendedores, com o objetivo de não acumular penas caídas…”
A Nanatyan deixou a blusa dela no cabide, ainda falou alguma coisa como “mendokusai, vou deixar assim, acho que dá….”, mais com o ar de pensar sozinha, em voz baixa.
Eu senti vontade de falar “Acho que vale a pena fazer isso, se vc quiser, eu pego um desses para vc…”, mas acabei não falando mais nada.
Porque será que eu não falei, apesar de querer ter falado?
Um ponto acho que foi que eu fiquei surpresa. Pensei “Como assim, a Nanatyan desiste destes detalhes que normalmente ela dá importância??”
Eu tenho essa imagem da Nanatyan que ela é detalhista, gosta de fazer as coisas com cuidado. Mas não percebo que isso é uma imagem minha que eu formei olhando ela. Para mim, ela “é” assim. E quando ela reagiu “não dando muita bola às detalhes”, fiquei perplexa e estava mais ocupada com esses pensamentos do que com ela ou com o que eu queria dizer.
O outro ponto é que eu penso que a Nanatyan está com a saúde fragilizada, e acho que desisti de falar mais para não cansar ela. Um desejo com o bem-estar dela, avaliando que a questão da blusa não era tão importante assim.
Mas além disso eu queria evitar aquela situação que aconteceu um dia, que eu estava empolgada querendo falar sobre uma situação que eu tinha passado, e no meio da minha fala a Nanatyan falou algo como “não estou querendo ouvir agora, está demais para mim”. Eu entendi o sentimento dela, achei legal ela falar isso, mas também me senti como uma tonta que não percebe as pessoas, que vai invadindo os outros, que não sabe “ler o clima”. É isso não é algo “bom”.
Mas como ficam nestes momentos os meus desejos? A minha vontade?
Me parece que estou reprimindo algo, disfarçando. Mas aquilo que eu queria não sumiu com isso, só o empurrei de lado. “Não é como eu sou”

PSE 18 – Impressões de fazer o PSE – [08/06/2020]

Durante o dia a dia ao ir me fazendo as perguntas: como que eu vi? como que eu ouvi? parece que aos poucos posso ir percebendo que a origem das reações está dentro de mim.

Tanto na hora das reuniões revendo como foi o dia tanto quanto em cada situação quando o olhar se volta para ver que eh apenas a maneira que captei, aos poucos acho que vou acordando para que eh um processo da minha mente. Na hora que olho para a reação ela se acalma e daí é possível pensar objetivamente.


Uma impressão que ficou foi de perceber que estou reagindo ao sentido que dou as ações e palavras das pessoas. Por exemplo, quando a pessoa diz que não quer fazer tal coisa, parece que a origem da reação é menos sobre se a pessoa vai ou não fazer, mas sim,  se eu capto ela como uma pessoa egoísta, ou ela está agindo como criança, parece que reajo bastante nestes casos. Acho que tem um hábito de reagir sobre como eu e a as pessoas devem ser, agir. 


Daquela vez participando do conhecer o si e do concentrado da Academia, acho que o sentimento de insegurança veio a partir de um pensamento de eu achar que estar mentalmente saudável é bom, isso eh um dever, ou do contrario eh ruim, parece que eh um julgamento em relação a isso. 


Todos os dias conversando sobre as minhas reações, sobre meu estado atual, parece que vai ficando mais leve. Parece que colocando essas reações em palavras começo a aceitar o eu como ele eh. Ouvindo minhas falas e a das outras pessoas pode ir conhecendo o pensamento humano, e a partir daí dá para ir observando de maneira objetiva as reações humanas.


Ainda quero que tenha uma oportunidade como a desse PSE todos os dias.