Curso para Olhar a Si

impressões – 17 a 20 de março de 2022

Tudo acontece dentro de mim.

Eu sou uma existência assim, que percebe as coisas ao redor de si através dos sentidos que captam luz, som, toques, coisas que fazem “sentível” odores e sabores,  e dentro de mim acontece o processamento. O que para mim parece ser a realidade não é a realidade em si, mas uma imagem, uma impressão dela que se forma dentro da minha cabeça.

Why the f…é tão difícil de sacar isso até incorporar? Se é algo tão simples? Não precisa saber um monte de coisas, ser inteligente e ter muitos estudos e conhecimentos, ser um gênio de física ou química, ou filosofia, ou psicologia, nada disso. Meu diagnóstico da causa dessa deficiência é que provavelmente treinamos desde pequeno uma maneira de ver as coisas que procura respostas e certezas.

Hoje uma amiga me mandou um vídeo curtinho do bebê dela de 5 meses de bruços no chão, mexendo com objetos, explorando com as mãos, com a boca. Não está atrás de respostas, imagino. Só está interessado nas sensações, todo aberto, nada de ‘eu sei que é isso, é aquilo’.

De onde vem a obsessão por certezas? Acho que é o medo.

O medo que implantam na gente desde pequeno que se fizer algo errado será punido, ou se não fizer algo que tem que fazer será punido também. Que m….a de sociedade. 

Está sempre em um estado de sentir perigo.

Tudo que fizer ou deixar de fazer pode ser motivo para ser punido.

Se andar numa rua com casas, está tudo cheio de coisas que não pode tocar, não pode entrar, não pode usar, tem que ter o maior cuidado para não infringir alguma “regra” (“é de alguém, então não pode usar”). A gente está tão adestrada de achar tudo isso normal e óbvio que nem percebe mais o desconforto que, na verdade, está sentindo o tempo todo.

Outro aspecto é a consciência de vítima que sai desse mesmo saco. Se eu não entender que tudo acontece dentro de mim, então tudo que me acontece automaticamente é culpa de outra pessoa, é por causa das circunstâncias. O outro me obriga, o outro me critica, o outro me irrita, o outro me força, o outro me impede, tenho que trabalhar para ganhar dinheiro, tenho que fazer coisas boas para ser aceita. Patético isso.

Foram ótimos dias junto com as outras pessoas, rimos muito das nossas viagens internas, sentimos interessante, sentimos tedioso, sentimos significativo, sentimos totalmente sem sentido, fizemos drama, contamos dramas, e no final a pergunta, Peraí, como captei tudo isso??? Recomendo. Terá outro em julho.

naikan 27/fev a 05/mar 2022 – by A.Y.

Foi talvez, uma vida de treinamento para me suprimir?
Ao tentar me suprimir, dar um jeito, me virar sozinho, acabo pensando, me ajustando a coisas de fora, ao senso comum que diz o que é certo, o que é errado.
Vou me tornando rigoroso comigo mesmo e também rigoroso com as pessoas
Penso que, aos poucos, fui me distanciando de mim e das pessoas, a visão ficando embaçada sem conseguir me ver, nem ver as pessoas.

As mentiras e as dissimulações.
Eu realmente queria ter feito assim? ter feito isso?
Qual / Como foi o seu verdadeiro sentimento naquele momento?
Ao fazer duas rodadas de pesquisa com essa perspectiva:
Ao olhar dentro de si, com calma e minúcia, os sentimentos simples e honestos que emergem lentamente
Parece que já existiam ali há muito tempo, algo que parece não serem exclusivas a mim, fico contente em encontrá-los e surge a vontade de cuidar bem deles.
Na consciência, pode ficar obscuro, se esgueirar ou desistir, mas o coração original/verdadeiro/real, não vai desaparecer.
Só de conseguir enxergar, senti o meu coração ir relaxando, acalmar, acalorar.
A sensação parecida a algo que vai voltando naturalmente para a origem.
A teimosia que “não quer perder”, “querer sempre vencer” também está aumentada, mas penso que não é o real do ser humano.

O que quero de verdade ?
Do que foi formado recebendo das pessoas ao redor
Do acúmulo de ações humanas
Coisas que naturalmente brotam do eu que estou dentro de tudo isso
Não a partir da situação atual, a consciência atual, ou pensamentos atuais
Eu quero direcionar a minha escuta a humanidade (o ser humano como ele é)

Diálogos comigo mesmo

Geralmente não escrevo aqui, pois não vejo como as coisas que penso seriam interessantes ao outro, mas hoje sei lá, a minha vontade de expor meus pensamentos foi maior que esse pensamento. O cenário acontece comigo voltando da paulista às 22 hrs e algo pra minha casa, e depois eu fazendo atividades domésticas até o momento atual 24 hrs e algo.

´´Uau como deve ser doido essa sensação de trabalhar duro num projeto ao longo de anos, ver ele tomar forma do zero até o momento de sua apresentação, quero sentir isso. Bom mas não adianta pensar nisso agora, não vou fazer isso sozinho… Nossa que vontade de conversar, ser visto, ouvido agora. Nossa verdade to com vontade de encontrar o Bernardo, sempre que encontro ele vem sentimentos positivos, sinto que posso ser verdadeiro e afetuoso com ele sem julgamentos. Nossa parece que eu também o amo do jeito que ele é, ele tem liberdade de fazer o que quer, independente, o amo. Também amo Luisa a namorada dele. Pera…. Como que posso amar ela se eu mal conheço ela? Que estranho, quando digo que amo ela é um sentimento bem diferente do que quando digo que amo o Bernardo, Yara e minha mãe, mas também no fundo parece que é a mesma coisa, aceitação completa.“

´´Que estranho, parece que essa coisa que eu to chamando de amar e amor vai além da definição que eu havia dado a essas palavras, não se trata só de sentimentos afetivos como sinto com a Yara, minha mae, mas também trata disso. Essa coisa parece mais profunda do que eu inicialmente tinha pensado. Tem algo haver com acolhimento/aceitação incondicional. Só de existir eu amo, além do mais, como não amar a Luisa se ela ajuda alguém que eu amo a crescer como ser humano.“

´´Amei fazer vida humana e sinto que posso dizer que amo a Leticia e o Igor, mas sinto que os amo não por terem feito curso comigo, já eram amados, fazer curso comigo apenas trouxe a minha consciência que os amo, se os amo, como não amar seus filhos e pais? Se os amo como não amar os envolvidos nas suas criações como ser humano?“

´´Uau que doido parece que o meu entendimento do que entendo como amor está se expandindo, que contemplativo, gostoso e um pouco estranho isso, um mundo que amo/aceito/acolho incondicionalmente em sua totalidade. Esse amor que to observando/pensando me parece bem diferente do amor que sinto quando falo um eu te amo genuinamente para alguem, mas sinto que no fundo não muda muito, é tudo amor!“

Enquanto lavava louça começou a tocar uma música chamada Gatinha Comunita, imediatamente me lembrei de uma amiga, que namora, por qual tenho muito apreço, mas não mandei mensagem pra ela por medo dela achar que eu estava dando em cima dela, ou o namorado ficar defensivo em relação a mim. Enfim, muitos pensamentos e decidi que os riscos não compensavam chamá-la de gatinha comunista, uma parte minha ficou tristinho com essa decisão, não gostei de ter decidido não expressar o meu afeto. Fiquei tristinho de ter tido a expressão do meu amor pelo outro limitada por convenções sociais e “achismos” da minha cabeça. Sinto que quero expressar meus sentimentos, afetos e amores ao outro quando der vontade, do jeito que sai daqui de dentro, sem filtros e amarras que impedem sua expressão plena.