Curso para Conhecer a Si – fevereiro de 2022 – Miguel Atensia.
Busco nas minhas lembranças, recordações de tantos cursos, concentrados, Vila Paraísos, rodas e mais rodas conversando, ouvindo, pensando, refletindo e observando… Mas será que estava em algum momento pesquisando? Estou saindo dessa vez me perguntando isso de verdade.
Porque talvez eu não estivesse pesquisando com autoconsciência de que fato sou livre.
Mesmo agora isso não está na barriga. Estou me observando agora, parece existir uma animação aqui ao perceber isso. Será que daqui pra frente vou começar a pesquisar mesmo?
Sabor e frescor.
Mas calma. Sem me apressar. Não sei se estou lá ainda.
E tudo bem.
Mas enxergo um caminho cada vez mais claro. Nesse período de um pouco mais de um mês em que fiz Seminário As One, Curso para Auscultar a Pessoa, “start” da nova avicultura e agora esse Curso para Conhecer a si, foi muito, muito intenso para mim. Passar essa fase de transição de vida fazendo vários cursos trouxe muito material. Mudar de cidade, deixar um emprego de 10 anos, ficar a semana longe da Aninha e do Cae, vir morar aqui na vila…
O tema do abandono veio muito forte, as coisas estão saindo da caixa preta e recebendo luz.
Acho que isso foi o mais importante. Usar o tema que está mais sensível e poder botar para fora e ver como tudo que estamos pesquisando sobre o funcionamento de nós mesmos se aplica a eles. Isso ajuda a trazer para carne, uma compressão o que não é só na cabeça.
Então vou podendo observar o que até agora estava obscuro e me afetando sem saber.
São essas coisas que me prende.
Não tem nada fora em mim me prendendo.
Essas coisas que fui juntando aqui ao longo da vida e que fazem com que hoje eu acredite que é real as coisas que eu “tenho que fazer”, que eu “não posso fazer” ou “deixar de fazer”.
Alimentando relações com base nesses medos, me movendo com medo e querendo evitar as situações que me assustam.
Ao longo dos dias vieram esses exemplos concretos:
– Percepção da Aninha como algo fixo. Percebi que tomo como fixo as ideias e imagens que formo dela afirmando pra mim mesmo “Ela é assim!”. Mas na verdade eu não faço ideia do que realmente está se passando lá com ela… Deu vontade voltar minha atenção para o que está se passando com ela a cada momento, não na Aninha fixa do meu pensamento, mas na aninha “acontecendo”… Isso traz leveza. Vontade de auscultar
– Sentimento de abandono e sentimento de “não posso deixar de cuidar do Cae”. Por que travo? Com tanta força? Estou reagindo a que? Olhando com calma e com o ouvido/coração das pessoas da roda começa a vir lembrança da fase em que meus pais se separaram, a noite que fiquei sozinho com a minha irmã no apartamento do meu pai. A briga no bar em frente, o medo, o abandono que senti naquela noite.
O pacto que fiz comigo mesmo: “não vou ser um pai assim”! No dia a dia, não me lembro de nada disso, mas essas feridas atuam em mim hoje como se fosse soco no momento presente.
Parece que se eu não estiver presente, meu filho vai sofrer e se sentir abandonado, assustado, sozinho como eu me senti naquela noite.
Tudo isso é um pensamento com fortes emoções, pois parece real que isso vai mesmo acontecer. “Factualizo” um futuro que não existe, de um medo que vem de um passado que não existe mais.
Enquanto isso fica se passando aqui dentro fica impossível perceber o que realmente quero.
Agora eu começo a ver que quero ter uma relação com o Caetano como ele é a cada momento. Ser um ser humano saudável se relacionando com ele, sem feridas no coração. Me movendo com leveza e liberdade. Ele podendo se mover pela vida inteira com liberdade. Eu quero isso também com a Aninha. Nós três nos relacionando como os seres humanos que somos e com leveza.
– Outro tema é o equilíbrio entre suprir as necessidades e a galinha soberba.
Para um ser humano se desenvolver com saúde emocional e segurança é importante não faltarem por longo período os nutrientes essenciais. Nutrientes para o corpo e para o coração.
Qual é a quantidade adequada?
Qual é o momento adequado?
Qual o período de tempo adequado?
Exemplo. A galinha que fica muito tempo sem beber água depois bebe muito mais água do que precisa. Por outro lado tem também a árvore que recebeu muito esterco perto do tronco e ficou com raízes fracas e toma com chuvas fortes.
– Isso leva ao outro tema para seguir pesquisando, eu e a minha solicitude. Atendo muito rápido o que as pessoas pedem. Principalmente Aninha e Caetano.
E tudo que vou fazendo vai virando óbvio e no meio disso me atropelo sem perceber. …Tem algo aí para olhar.
Pois no fundo quero atender os desejos do coração e vê-los felizes, mas não está parecendo que estou me movendo em contato com os desejos deles mas pelo o que eu posso fazer para manter tudo em ordem, uma parente segurança em estar cuidando das coisas, me esforçando para que eles não fiquem bravos, se frustrem, fiquem tristes.
Enfim… Nossa! Muitas coisas vieram à tona.
Estou animado de poder olhar para tudo isso e me soltar um pouco mais das coisas que fico me agarrando aqui dentro.
Então voltar minha atenção para o real.
Quero preparar no meu coração a relação de família com as pessoas aqui na vila também. Para poder receber quem quiser fazer junto no futuro.
O que eu estou recebendo das pessoas aqui é essencial para conseguir tornar as coisas mais claras, meu coração mais leve e saudável.
Vai abrindo espaço dentro de mim, possibilidades vão surgindo e vou me aproximando do desejo mais profundo e sincero que opera a todo momento aqui dentro. Quero ir nesse sentido para ir realizando esse lugar onde qualquer pessoa possa ser como é.