Curso para olhar a si – parte 2

“Agora me parece que o exemplo concreto é a chave, a base de toda a pesquisa especialmente nestes cursos básicos da Escola ScienZ dentro dos quais tentamos pela primeiro vez ”conhecer o nosso pensamento”. 

Relendo essa frase que escrevi ontem…

Se o olhar a si não acontece em relação ao exemplo concreto=eu real não acontecerá o olhar a si.

Só será mais pensar sobre si.

Se não olhar não verá nada. 

Aumentará os pensamentos sobre si, aumentará os conhecimentos teóricos, mas não conhecerá a si.

Sem conhecer a si não será possível a mudança (a volta) para uma existência de estabilidade mental e emocional, feliz e satisfeita.

Através dos temas do curso o meu olhar começou a se voltar mais para mim.

Em vários momentos percebi alguma reação dentro de mim acompanhado imediatamente de um “sobre essa reação eu não vou poder falar na frente de todo mundo, vai criar problema, sinto vergonha”.

Por exemplo:

O XX falou algumas coisas sobre o que pensou me vendo varrer, tipo “varrendo com vigor, varrendo com força, com determinação”:

Eu: “Eu acho que ele não deve falar sobre mim desse jeito” = “ele está me ridicularizando” = “eu sou a vítima da cutucação/das gracinhas dele”.

A ⭘⭘ falou “viu como a mancha no quadro ficou mais clara?”.

Eu: “Não ficou mais clara nada… é igual, mas melhor não falar nada para não incomodar a ⭘⭘ ” = eu “sei” melhor da “realidade”, se eu falar que “na verdade” a mancha não mudou em nada vai dar conflito.

Nossa, como eu estou pegando as coisas que eu capto como sendo fato.

A ⭘⭘ FALOU que a mancha ficou mais clara.= Na real eu captei uma fala da ⭘⭘ que eu entendi dessa forma, mas eu me engano pensando que “Ela FALOU isso”.

Eu SEI que a mancha não ficou mais clara.= Na real, eu olho para o quadro, capto algo, penso “É uma mancha” e em seguida penso “Essa mancha está igual a ontem”. Tudo acontecendo dentro de mim, neste caso por exemplo baseado nas minhas memórias (“ontem a mancha estava assim”, ainda se na realidade “eu tenho uma lembrança que ontem eu tinha captado algo neste quadro desse jeito”).

O XX está falando SOBRE MIM, se na real ele está falando algo da percepção dele.

Eu OUÇO o XX falando ISSO, se na real eu capto algo que vem dele e interpreto dentro de mim, no caso uma frase que eu consigo interpretar de alguma forma por ser em português.

Tudo acontece dentro de mim.

Eu capto do meu ambiente coisas que eu identifico dentro de mim como “falas das pessoas”, “essa pessoa está falando tal coisa”. Mas na origem são sons emitidos pelas pessoas. O significado que dou a isso está totalmente dentro de mim, meu cérebro faz isso. O que a pessoa quer dizer, as palavras que ela escolhe, o jeito de falar – tudo isso não tem como chegar diretamente a mim, tudo isso passa pelos meus sentidos e é processado dentro de mim. O que chega são sons ou luz, nada mais. 

Me parece que caiu um pouco mais no fundo da barriga que tudo acontece dentro de mim. Tendo isso mais claro não existe mais vítima e agressor. O interesse vai mais para “como eu captei” e “o que o outro realmente quer dizer?”

E agora dá para olhar mais para a maneira como eu capto cada coisa, como eu penso sobre cada coisa e qual é o sentido que eu dou ao captado.

(Eu instalei um verificador/corretor de gramática e vocabulário e ele avisa toda hora para retirar os muitos EU’s que escrevo, mas neste caso acho que eu quero deixar os EU’s para deixar mais claro que SOU EU que capto, que tudo acontece dentro do EU.)

Depois escrevo mais sobre como eu vejo agora as minhas reações que eu percebo em forma de pensamentos, emoções, sentimentos, ideias…

Curso para olhar a si em novembro de 2021

No último curso para conhecer a si, eu pude perceber como tudo muda se colocar para fora de forma honesta, do jeito que está. Começar por isso. Sem embelezar, do jeito que está.

Logo surgiu a vontade de aprofundar mais, de experimentar mais e me inscrevi para o Curso para olhar a si.

Fui com a motivação de experimentar essa observação de si, esse olhar a si, para ver se eu não conseguiria me tornar aos poucos uma pessoa mais estável, menos sendo levada pelas minhas emoções. Queria entender essa instabilidade que eu nem tinha noção até pouco tempo atrás. Achava normal de ter humor diferente todo dia. Como não se tem tanta gente com características chatas ao redor? Kkkkkk….

No último seminário pude fazer parte da equipe e o tema da felicidade ficou bem marcante para mim, a Felicidade seria o estado saudável e normal do ser humano, um estado vivendo na riqueza das ligações com as pessoas, recebendo os atos das pessoas, recebendo e vivendo através da riqueza da Natureza. E se sinto algo como desconfortável, seria procurar o erro e voltar ao estado de felicidade e plenitude. Fui para o Curso para olhar a si na procura do caminho, da maneira de enxergar esses erros e desvios.

Culpar o outro, me sentir vítima, me sentir agredida, me sentir em desvantagem, me sentir criticada…tudo isso sinto no dia a dia em vários graus, geralmente nada muito nítido, não chega a dar brigas e dramas pelo lado de fora mas dentro de mim a coisa muitas vezes é bem diferente. “Ele/ela…. é meio chato”, “…. me dá trabalho”, “…. só usa as coisas, mas não colabora se não pedir”, “…não se interessa por mim”, “…fala demais”, “…fala pouco”….Além de brigar internamente com a pessoa eu ainda brigo comigo por achar feio esse tipo de críticas em relação aos outros.

Ok, no fundo já é um grande passo de finalmente enxergar um pouco mais o meu estado atual: Me sentindo vitimizada significa por outro lado que eu estou acusando o outro de fazer algo errado comigo. 

Reli agora um relato que escrevi depois do Curso para auscultar a pessoa no começo desse ano. Escrevi: “Um outro ponto ficou mais claro: Eu estou me vitimizando o tempo todo. Parece que eu tenho isso muito forte. Pôr a culpa no outro ou nas circunstâncias.” Não lembrei em nada disso, parece que até foi outra pessoa que escreveu. Acho que provalmente em janeiro quando eu escrevi isso eu estava ainda meio que convicta que o real é que “eu sou a vítima, o outro está fazendo ou falando alguma coisa que me deixa chateada”. 

Bem, por que mesmo depois de ter tido bastante oportunidades de fazer essa investigação de mim eu pouco tinha avançada em direção a ser a pessoa com o coração aberto, flexível, receptiva, podendo falar com todos sobre tudo? 

O primeiro ponto agora eu enxergo como “eu estava normalmente pensando sobre mim e não olhando a mim”, já colocando meus julgamentos sobre mim, tentando ser aquilo que achava que a pesquisa mostrava. “Falar na lata, sem embelezar, o que tem dentro de mim”, não tinha acontecido esse tempo todo. E se não colocar para fora parece que não acontece a pesquisa. A insistência dos zeladores em “vamos examinar com exemplos concretos” neste curso agora de repente faz muito sentido. Eu acho que até agora eu achava que os exemplos concretos eram como um efeite na pesquisa, algo que dava um pouco de vida à teoria, algo geralmente interessante e revelador, mas não tinha entendido a real importância disso. Agora me parece que o exemplo concreto é a chave, a base de toda a pesquisa especialmente nestes cursos básicos da Escola ScienZ dentro dos quais tentamos pela primeiro vez “conhecer o nosso pensamento”. 

Mais sobre o conteúdo do curso dessa vez quero escrever mais tarde.

Coisas que tenho pensado

Os pensamentos parecem as bolhas numa água fervente: surgem pequenos no fundo, vão crescendo e subindo até chegar à superfície e findar – é só um pensamento.

Gostaria de me enxergar como água clara e sei que está bem turva ainda. Internamente coloquei um aviso: “não pule na água”, para relacionamentos amorosos.. estou evitando.

Voltando ao trabalho na clínica de shiatsu, penso que estou indo trabalhar, que sou funcionária, tenho chefe e clientes.. então penso “e se essa clinica fosse nossa, minha, do miguel, da galera? seria diferente?” O estado de espírito muda imaginando assim.. Também muda ver o cliente como um bebê. Pode vir qualquer pessoa, homem mulher idoso jovem, no fim todo mundo é um bebê que quer relaxar e ser cuidado.

Importante acréscimo para o post da manhã

Só agora lembro de algo muito importante em relação ao exemplo que eu escrevi de manhã…

“Foi o Alam que me fez sentir enroscada! Ele me fez sentir isso.”

Parece que essa sensação de ser vítima também faz parte do pacote da factualização. Fico em um estado que me impossibilita de ver que eu estou reagindo à minha percepção das palavras do Alam, que é algo que acontece dentro de mim.

“Fui eu que me fez sentir enroscada. Fui eu que me fez sentir isso.” Que beleza 🙂

O outro falou assim ou eu ouvi assim?

Ontem conversei com Alam. Ele falou de uma conversa que ele teve com Milton.

Eu fiz um comentário. O Alam falou, em japonês, algo que eu entendi como uma resposta dele em relação ao que eu tinha falado: “Isso é uma maneira de ver.”

Eu senti um claro enrosco dentro de mim. Lembrando da cena agora, acho que surgiram dentro de mim pensamentos como:

“Como assim, uma maneira de ver? Lógico que é uma maneira de ver. Por que vc precisa me ensinar que o meu pensamento é uma maneira de ver? Eu sei disso…”

Como eu captei a fala do Alam para que surgissem esses pensamentos?

Tem vários fatores, coisas dentro de mim, que moldaram meu estado para surgir tudo isso, mas o que eu penso agora que antes de mais nada eu captei a fala do Alam “Isso é uma maneira de ver” como, primeiro “Lá vem a Marceline com as certezas dela” e em seguida “Preciso puxar a orelha dela para ela parar de se fixar na maneira de pensar dela e com isso causar problemas por aqui”. É realmente um filme paralelo acontecendo dentro de mim, por um lado o Alam falando (teoricamente eu sei que o que vem dele são sons que eu interpreto como “Isso é uma maneira de ver”), por outro lado eu tendo toda a certeza que ele está falando “Lá vem a Marceline com as certezas dela”. Um belo exemplo de factualização.

Eu estava participando do último seminário na semana passado. Conversamos sobre “ideia fixa, pensamento fixo”. Ouvindo os participantes trocando sobre isso, me parece cada vez mais que “ideia fixa, pensamento fixo” são outras palavras para “factualizar” (pegando algo que está na minha cabeça como se fosse fato). Vou querer me observar no dia a dia em relação a isso.

Pegando do blog do Diego hoje, ele escreveu: “Conhecer a diferença entre o que vejo, ouço e o que está fora de mim. A parte da minha cabeça, a parte de fora. Como estou vendo as outras pessoas, como vejo minha relação com as outras pessoas? Não estou fixando minha visão sobre os outros?”