Jornada / escuta / conta

Lá em Ibiúna, com os netos do Zé,
eu sou presente com as crianças, participo das coisas da casa, ajudo bastante. Mas tem uma cobrança maior dentro de mim.
Exijo muito e assim tô sempre devendo.
Para minhas expectativas.
Sabe aquela história do meio copo vazio ?!?

Também parece que eu “sei” tudo o que “deve” ser feito para melhorar as relações interpessoais deles.

E as minhas…com meus filhos, não sei, não consigo. Porque ?
Arrisco um caminho pra eu investigar:
Vivendo nas “idealizações”, o possível não se realiza e o que eu realizo não valorizo.

Meio copo vazio é o que não existe.
Eu ser bastante boa
Para não ser abandonada
Eu abandono as relações as situações quando eu acho que não estou a altura, que vou dar fiasco. Se me sentir assim vão me cortar fora
Abandono para não ser abandonada.
Quando percebo que vou “estragar” caio fora.
Fico bem com o Zé. Sou eu mesma no meu natural. Chata, perfeccionista e ele não me abandona. Me aceita sempre. Mas aceita ele antes. Não obedece ordens. Não se atropela para satisfazer nenhuma expectativa.
Também bonita porque ele me deseja como sou e para ele, bonita.
Sempre , que me lembre, tive que “atuar”
para a platéia familiar me aplaudir.
Atuar para ser boa e bonita.
Quero ser boa e bonita. Não fazer feio (decepcionar)
Sou o que sou e minha beleza está aí.
Em ser única, de verdade, testemunhando com minha pele sem maquiagens as vivências anteriores. Acredito mesmo nisso ? Escondo as cicatrizes… Ou tento.
Ser boa ganha o que ?
Visibilidade. Aprovação. Predileção.
Para ser boa, tem que haver mal.
Mal atuado, mal amado, mal falado, mal olhado, mal rejeitado, pecado.
E onde estão esses mal todos ?
Nos outros, claro.
A mãe que rejeita contatos corporais, fria, a sovina, a desconfiada, a seca…
Eu ” a boa ” adoro encostar, calor, dar o que tenho, confiar, lamber os egos alheios e os próprios.
Daí vou vivendo o oposto da mãe. E sempre preocupando através dos pré conceitos, idealizando para fugir do mal e do feio.
Fugir da realidade que seriam os corações originais e atuar por entre as reações de todas as pessoas. Cansa. Isso não é natural.

E divide a gente.
Tem muitos parâmetros que ainda são da minha platéia familiar…
Mas atuando menos por causa da”pandemia” e da “pesquisa” tô mais pelada.

2a semana jornada da escuta

o que eu quero falar e não falo

o que eu quero fazer e não faço

partes de mim que eu não quero ser

somente se for sem excessos

de peso

de palavras

de emoções

de ações desastradas

de vadiagem

sem excesso de falta, sem falta

mas naquilo que eu sou

(quer queira, quer não)

sou uma coisa i-n-t-e-i-r-a

nem a mais 

nem a menos 

2.Dia Jornada da Escuta

Observar o que verdadeiramente eu quero falar , me remete também a aumentar a minha escuta . Sinto que quando fico em estado de observação sobre o que eu quero dizer, também amplia minha capacidade de escuta . Se quero ser sincera com o que tenho no meu coração para falar , automaticamente me desperta a vontade de compreender melhor o que está sendo dito . Tive esta experiência ontem com minha filha , após a reunião , esta pesquisa sobre o coração original do que eu quero falar ficou ressoando em mim e tive a oportunidade de experimentar isso com minha filha . Foi nesta experiência que percebi que quando estou verdadeiramente conectada com meu coração original , estou conectada com o outro . Que possamos todos estar conectados no coração original .

o que quer mesmo de verdade?

O texto do Alam me ajudou a clarear o que comentei no texto de ontem, de olhar pra dentro e perceber umas coisas que não fazem nenhum sentido. Acho q foi difícil peneirar de início o que eu queria de verdade na situação com meu pai. Ás vezes na pesquisa me enrosco no ponto de não saber focar na verdadeira intenção, e fico flutuando nos pensamentos sobre os problemas.

A priori achei que falar que eu me senti chateada pudesse abrir um diálogo, onde eu ia esclarecer que eu me senti assim pq eu estava vulnerável, pq fazia tempo que eu não cozinhava e a fala dele me gerou mtas reações internas. Acho que talvez não disse isso por saber que tudo foi mais uma atitude de reação à minha própria reação. Algo como apontar que o outro errou e ficar se defendendo, e não ver de fato o que está passando dentro.

Depois pensei que o que eu queria de fato era ter falado, “pai me ajuda aqui”.
Mas com os questionamentos do Alam eu me pego pensando que por trás tem um plano de fundo que é mais próximo do que eu queria/quero de verdade…
Não ter nenhum tipo de bloqueio na convivência com as pessoas. De me sentir segura antes mesmo da panela cair, e saber que tudo bem acidentes acontecem, e que meu pai viria me ajudar independente de eu ter pedido ou não ajuda, como de fato aconteceu. E que não é tudo bem me sentir tão insegura a ponto de querer fazer tudo sozinha e me passar por inabalável em outras situações. Segurança e estabilidade, meio a base de tudo mesmo…

Me pego pensando o por que tenho operado na chave de tanta insegurança. Com um receio frequente de não estar adequada. Adequada a quê? Mando algo pra algum amigo e depois penso, “seria melhor não ter escrito nada, vai que…” vai que o quê? hahahaha melhor não se relacionar pra ficar com a falsa sensação de que estou me relacionando com as pessoas?

ai ai, sigo soprando essa poeira que me embaça o olhar e me impede de ver como está a verdadeira intenção, às vezes incomoda um pouco, mas é melhor soprar do que ter poeira nos olhos.

falar sem embelezar as palavras

embelezar = enfeitar = maquilar = disfarçar = esconder = falsificar = mentir = não ser verdadeiro = não ser honesto – . . .

ok, na reunião, está tentando colocar o que foi pensado do jeito que foi, sem embelezar.

mas quer colocar para atacar / contra atacar por que sentiu ferido(a)?
quer colocar para se defender? porque não quer perder?

ou quer colocar para fazer a pesquisa?

o que quer mesmo de verdade?

Manuscrito 2 / Des-Manuscrito 2

Não falo muitas coisas para não ter que enfrentar o interlocutor por medo e/ou preguiça. Prefiro falar com meu próprio umbigo, que na real, é isso que rola no meu pensamento humano.

A reunião de ontem foi boa pois sentir conexão com as pessoas, pelo menos foi o que foi verbalizado por algumas e corporalmente por outras.

Não falo muitas coisas para não ter que enfrentar o interlocutor, talvez eu pense o que é preciso ter uma justificativa muito boa, em algumas situações, para falar pois posso ouvir coisas de volta que eu não queira ouvir.

O quanto estou aberta a ouvir o que as outras pessoas pensam de mim? 

O quanto quero pensar sobre isso? 

O quanto quero apenas remoer meu guru-guru e não sofrer interferências externas?

Parece mais fácil ficar pensando com o próprio umbigo, já que na real, é isso que eu faço rotineiramente.

Olhar para o outro e não para as palavras do outro. 

O quanto realmente quero interagir?

O quanto apenas os meus pensamentos humanos me limitam?

Coloquei neste texto várias interrogações, mas no fundo, não sei se realmente quero descobrir os “porquês”.

Pensando aqui agora, tudo deve ser muito mais simples do que criou na minha cabeça. Mas isto des mereceria meu grande cérebro humano, que serve para tantas coisas e é pouco usado. (Contém humor na última fala). 

Obs: deveria colocar ironia, mas achei uma palavra “ ruim” , prefiro humor.  

2° encontro – Jornada da escuta

Me lembrei de um acontecimento em relação ao meu pai. Sofri um mini acidente enquanto fazia almoço semana passada. Fui pegar a panela de pressão e ela virou, a água quente queimou minha perna. Meu pai, que estava em outro cômodo começou a me dar bronca dizendo que eu era desastrada na cozinha. Eu fiquei tentando organizar as coisas na pia e do chão que estava cheio de abóbora, mas isso foi rápido, pq logo fui jogar água fria pra acalmar a queimadura da coxa. Qdo meu pai percebeu que poderia ter acontecido algo sério ele veio me dizer que era pra por farinha de trigo na queimadura pra não criar bolhas. Mas eu já estava mto chateada pra poder ouvi-lo, e só disse que ele ajudava mais ficando quieto. Eu comecei a reagir a muitos pensamentos que foram vindo. Não aceitei que meu pai me levasse no hospital. E no hospital fiquei o tempo todo com raiva por ele ter me tratado daquela maneira qdo a panela virou. Tive vontade de chegar em casa e dizer pra ele o quanto eu fiquei chateada. Mas não disse.
Hoje no encontro fui vasculhando melhor o pq não consegui dizer isso. e aí percebi que na real o que queria ter dito logo de início era: “pai, me queimei, me ajuda aqui com as coisas”.
mas eu não consegui dizer isso tb, fiquei tentando consertar as coisas do meu “desastre” pra parecer menos “desastrada” e depois neguei qualquer ajuda vinda dele.

o que me prendeu?
sinto um série de receios e interditos que operam entre meu pai e eu, mas acho que tem algo nesse caso de não querer ser ajudada, de não querer ser vista como desastrada, de me impor como alguém que sabe se cuidar e que não precisa de ajuda. ainda mais ajuda de quem me chateou.

as vezes percebo em mim isso de querer fazer as coisas sozinha, receio de dizer várias coisas que eu gostaria. as vezes finjo ser inabalável com circunstâncias e acontecimentos que me afetam, pq aqui dentro de mim tem algo que diz que certas coisas não deveriam afetar. o fato é que afetam. mas eu silencio, ou arrumo uma desculpa pra não dizer o que quero dizer, ou fujo da situação. Talvez isso seja por ter mtos pensamentos sobre o pensamentos dos outros em relação a mim… e um medo de ser abandonada.
o que não faz o menor sentido. HAHAHAHAHAHH

Tempo

Escuta aqui, escuta bem…Não vai dar tempo… tá acabando o tempo…pois é. Me segurei. Fiquei muito tempo sem falar. Quando criei coragem…acabou o tempo.
Meu tempo aqui, não acabou ainda. Estou remexendo por aqui.
Olhar todos, escutar, falar, calar ( que é uma fala fodida mas que não chega lá, no outro, porque não é adivinhação )
me emocionou. Senti que estou viva junto aos outros também vivos, que estou curiosa para saber de vocês e necessitada de falar de mim…mas também envergonhada…