01 de Maio – 3º encontro da jornada da escuta

Acabei conversando com meus pais e entrando em outra conversa online depois da reunião e não consegui escrever logo em seguida como queria, então um pouco das impressões já se perderam. Mas mesmo um pouco cansado quero escrever ainda hoje.

Começamos a reunião falando sobre a escrita no blog. Gostei de ouvir alguns relatos de pessoas para quem isso funciona e é uma pesquisa viva, e tomei como um certo chamado para mim: acho que não escrevo tanto no blog por pensar no que é que é esperado como “pesquisa”, pensando que seria qualquer coisa mais específica do método Scienz ou relativa aos temas pontuais dos encontros. Ouvindo as pessoas, me pareceu só uma desculpa esfarrapada para não encarar a real coisa de fazer a pesquisa, que me parece ser olhar de verdade e com curiosidade para os conteúdos internos. Ao pensar que fazer a pesquisa, nos encontros e por escrito, seria de alguma forma responder as perguntas ou gravitar ao redor dos temas trazidos pelas pessoas, parece que perde a vida e vira só um jogo comunicativo e intelectual (por mais divertido que possa ser). Pensando nisso, me senti provocado a ocupar mais o espaço do blog realmente recuperando e investigando como as coisas foram para mim no encontro e durante a semana, prestando menos atenção no que seria “pesquisar certo”.

Nesse sentido, o encontro me marcou particularmente a partir de uma percepção que me veio na leitura do texto d’ “o que é o encontro as one” e durante o encontro mesmo, essa coisa de que o encontro seria uma maquete da sociedade onde todos podem falar tudo o que quiserem. Fomos falando, falando, e ao pensar sobre minhas dificuldades para conseguir falar nas relações, fui percebendo também como elas se manifestavam ali mesmo no encontro e na conversa com as pessoas do grupo. As vezes que falei, tive a impressão de que não estava plenamente consciente daquele falar, não escolhia exatamente os temas e a abordagem. Partindo de um ponto inicial, ia tentando costurar para conseguir fazer uma fala interessante, relacionar o conteúdo que eu decidi que era “o ponto” da minha fala com o que alguma outra pessoa tinha falado. Nem lembro mais exatamente sobre o que eu falava, mas uma hora eu disse alguma coisa e o Itamar balançou a cabeça, parecendo meio que questionar o que eu estava dizendo, e eu já atalhei dizendo “é, mais ou menos, não é totalmente assim”. Eu nem sabia bem onde ia chegar e o que queria dizer, aí só de olhar a reação dele e pensar que ele estava discordando já reagi me defendendo, relativizando uma frase.

Depois de falar, me senti um pouco frustrado. Acho que tinha vontade de conseguir me expressar melhor, ser ouvido. Não era uma frustração com as outras pessoas, pensando que elas não me ouviam, mas uma sensação ruim de não conseguir estar em contato comigo e tranquilo para falar. Talvez isso tenha a ver com essa vontade de falar bonito, de “participar da discussão”, uma coisa que parece mais externa e menos relacionada ao estado interno mesmo.

Eu fiquei particularmente com vontade de “participar” porque estava animado com o rumo da conversa. Senti que estávamos tateando terrenos novos, elaborando em cima do que cada um ia trazendo que mexia consigo daqueles temas. Parecíamos realmente estar tocando em assuntos verdadeiros, ou caminhando nesse sentido. Por outro lado, daí vinha minha insatisfação também: estávamos arrodeando temas verdadeiros e eu não conseguia estar totalmente ali falando como estava, ao falar entravam coisas pelo meio que me levavam a fazer uma fala que parecia dialogar mais com a minha cabeça do que com as pessoas ali.

Me veio uma tranquilidade quando olhei essa frustração e pensei que é para isso o encontro então. Seguir a pista dessas coisas que quer falar, observar o estado interno quando fala e percebe que não era bem isso, e ir navegando, acreditando que estamos todos ali de coração querendo falar e ser ouvidos e não só jogar joguinhos.

Me lembrei de uma sensação que tive algumas vezes nos diversos tipos de encontro de pesquisa. Às vezes sinto que estou numa ideia de “fazer pesquisa” mais impessoal, como que querendo fazer certo, ouvir o outro e analisar bem, falar olhando bem o que falo… Acho que as vezes que senti mais de verdade a coisa de fazer pesquisa foi quando estava entre pessoas mais conhecidas, que eu coloco sob o rótulo de amigos e me abro mais fácil. Aí parece que brota um sentimento mais imediato de interesse nos assuntos da vida da pessoa e no conteúdo emocional da fala, bem como uma naturalidade maior de querer abrir e mostrar como tá dentro de mim, por razão nenhuma além de mostrar, porque são meus amigos. Penso que essa abertura e calor amoroso vai se construindo com o tempo e a convivência, mas que também é engraçado como têm sua dose de arbitrário em quando e com quem de repente eu decido que estou “entre amigos”. De fato parece possível ser amigo de todo mundo, e olhar para esse campo interno do ser parece abrir a porta mesmo para olhar todo mundo com um olhar mais atento. Mas penso que a amizade e a abertura também sempre se constroem de pessoa com pessoa, com esse calor amigo que é sempre singular.

(Uma anedota sobre ser amigo de todo mundo e fico por aqui por agora: Esses dias estava andando no centro da cidade e pensei que uma coisa que me atormentava muito na época do colégio era saber o que é verdade para as pessoas e se tinha alguma verdade mais verdadeira que outra. Sempre me pegava, e ainda pego, meio confuso diante de algumas crenças das pessoas sobre como o mundo e a sociedade funcionam. Fico pensando: “será que na verdade é assim?”. Quando penso assim, o mundo parece um lugar complicado e perigoso. A “verdade científica” do método Scienz, de que pessoas são todas pessoas, têm estados internos e falam várias coisas pra tentar expressar como está dentro, parece uma verdade que explica bem o mundo e facilita as coisas. Pensando que por mais complicadas ou arraigadas que sejam as crenças das pessoas elas ainda são pessoas, e as coisas que elas falam são faladas por um humano, parece que bastante do medo é substituído por curiosidade mesmo. Esse dia andando na rua estava olhando as pessoas bastante com essa curiosidade pelo ser humano e sentia menos medo, aí pensei nisso)

3° Encontro – Jornada da Escuta

que encontro legal! fui atravessada por muitas coisas e as coloco aqui do jeito que tô conseguindo organizar agora:

Palavras, ouvidas ou lidas, criam imagens na mente. Palavras só podem dar uma ideia, e uma ideia não é a experiência. Somos o poder de perceber e agir por trás e além dessas imagens, palavras são flechas que apontam pra coisas. Palavras não são as coisas. Palavras descrevem ou distorcem, mas sempre apontam para o interior das coisas. É preciso olhar, não a flecha, mas esse interior que ela aponta. Seguir o trajeto da flecha para ver onde ela nos leva.

Observar a si mesmo ao mesmo tempo que se vive Vigiar-se e ser espontâneo, é possível? Me lembrei da natureza da luz, que qdo observada de um lado se comporta como partículas, se observada de outro se comporta como ondas. Não seria assim qdo tento me “vigiar” para evitar dizer certas coisas? Coisas que acho que podem afetar o outro? Mas é possível afetar o outro com palavras? Ou é o outro que se afeta por si só? Mediar o próprio eu, controlando as palavras, controlando o que é dito, não seria uma maneira de embelezar? De interromper o fluxo interno do que quer sair? Quer falar… e falar…. mas tá preparado para ouvir?

Por que não consigo falar?

1- Pq tenho expectativas e projeções em relação as pessoas;
2- Pq sou insegura comigo mesma, e tb pq não tenho clareza da minha verdadeira intenção;
3- Pq espero ser compreendia sem precisar expressar minhas necessidades.

são muitas camadas.
mas nem tudo que é dito é falado.
forma e conteúdo. eu tento manipular a forma pra mascarar o conteúdo? é por isso que é mais fácil atacar o jeito que o outro fala? assim evito ter contato com o conteúdo que é dito, atacando a forma como é dita?

o importante é deixar vir, do jeito que vier, e se tiver que vir… que venha. ou não venha. no mundo encontrará uma linguagem…

e se não encontra, se cria linguagem!
acho que foi assim que com 11 anos fui parar no teatro. forma de dizer o que não se sabe dizer, mas que precisa ser expresso. existir e falar tem uma relação intima, ao que parece. mas não se fala só com palavras, Aléxia!
existir tb é se expressar no mundo do jeito que dá. existe uma necessidade de expressão aqui dentro. às vezes quer sair como palavras. às vezes quer sair como dança. outras vezes quer sair como poesia… silêncio.

expressões do ser que buscam linguagens para existir! forma é tb conteúdo.
algo pulsa tão forte aqui dentro que quer sair, quer ir na direção do outro, quer amar o outro, quer tocar o corpo do outro e ser tocado, no mais íntimo contato que a carne permite. o desejo erótico fala de algo que pulsa forte e só sabe ser dito assim, sem ninguém entender bem sua lógica. mesmo longe o desejo existe. o que sei é que esse algo é tão forte que não à toa é daí tb que a vida surge, o método pelo qual nascem os filhos e a espécie continua…
e a gente vai dando nome pra isso. ora solidão, ora já é namoro, noivado, ora casamento… família.
vamos rotulando, e depois fica difícil mesmo dizer se sou solteiro ou divorciado, e se isso vai gerar, ou não, estranheza no outro que me ouve tentando dizer o que não sei bem expressar.

ai ai, de ser em ser, de família em família, com os amigos (como esse encontro de hj a tarde) a gente vai seguindo a vida olhando junto pras coisas, é mais legal. dá paz no coração. não precisamos seguir sozinhos.

se não se expressa a sensação é que não tá existindo!
formas de manifestar o imanifesto…
… do corpo.
… do pensamento.
…. do seres!

seres atravessados por tantas coisas, tantas imagens, tantas ideias, tantos desejos…






Fala ai!

Hoje tinhamos como tema de pesquisa: pq não falo…pq não consigo falar…algo assim
E me veio alguma coisa com as palavras… INTIMIDADE, AMBIENTE (CONSTRAGER) FILTRO DE NECESSIDADE,


A intimidade seria o quão confortavel eu me sinto com certa pessoa, tem pessoas que conheço a muito tempo que não tenho intimidade e tem pessoas que conheço a pouco tempo e já criei uma boa intimidade. Perto de pessoas mais intimas creio que naturalmente me deixo ser mais eu, não vejo muitas barreiras na comunicação e costumo falar tudo que penso, e quando vejo que aparece alguma barreira (que seria por exemplo o pensamento de que posso machucar o outro com o que vou dizer) pergunto se a minha opnião, o meu pensamento é algo que ela(e) quer ouvir ou não, nesse momento estou a vontade pra colocar pra fora e também para guardar meu pensamento pra mim.

O ambiente influencia pela questão do poder constranger alguém ou ficar ocnstrangido… quando está apenas voce e a pessoa com quem está conversando é uma coisa, quando voce está conversando com alguém e existem mais pessoas no local, são mais opniões sendo construidas a respeito da sua fala, são varias interpretações e isso em alguns momentos pode sim ser algo que talvez acabe me impedindo de falar

E envolvendo tudo isso está o filtro da necessidade, será que é realmente necessario eu falar o que esotu pensando? Será que precisa ser agora?

Sinto logo existo – Penso logo falo? Acho q isso é algo legal de se pensar.. porque uma coisa é você não falar por medos e barreiras outra é apenas não falar porque talvez não fosse necessário, nem pra vc nem pra pessoa…Falar tudo é muito legal… mas melhor ainda é Falar o que vai te fazer bem que seja dito.

Nem tudo precisa ser dito na hora que é pensado, afinal sabemos que a primeira coisa que vem quase nunca é o que realmente é

mas NADA pode ficar dentro se dá voltade de por pra fora

ta tudo bem eu ter momentos em que quero falar e momentos em que quero fica quietinha.. o importante é eu estar confortavél e em paz do jeito que estou