2° encontro – Jornada da escuta

Me lembrei de um acontecimento em relação ao meu pai. Sofri um mini acidente enquanto fazia almoço semana passada. Fui pegar a panela de pressão e ela virou, a água quente queimou minha perna. Meu pai, que estava em outro cômodo começou a me dar bronca dizendo que eu era desastrada na cozinha. Eu fiquei tentando organizar as coisas na pia e do chão que estava cheio de abóbora, mas isso foi rápido, pq logo fui jogar água fria pra acalmar a queimadura da coxa. Qdo meu pai percebeu que poderia ter acontecido algo sério ele veio me dizer que era pra por farinha de trigo na queimadura pra não criar bolhas. Mas eu já estava mto chateada pra poder ouvi-lo, e só disse que ele ajudava mais ficando quieto. Eu comecei a reagir a muitos pensamentos que foram vindo. Não aceitei que meu pai me levasse no hospital. E no hospital fiquei o tempo todo com raiva por ele ter me tratado daquela maneira qdo a panela virou. Tive vontade de chegar em casa e dizer pra ele o quanto eu fiquei chateada. Mas não disse.
Hoje no encontro fui vasculhando melhor o pq não consegui dizer isso. e aí percebi que na real o que queria ter dito logo de início era: “pai, me queimei, me ajuda aqui com as coisas”.
mas eu não consegui dizer isso tb, fiquei tentando consertar as coisas do meu “desastre” pra parecer menos “desastrada” e depois neguei qualquer ajuda vinda dele.

o que me prendeu?
sinto um série de receios e interditos que operam entre meu pai e eu, mas acho que tem algo nesse caso de não querer ser ajudada, de não querer ser vista como desastrada, de me impor como alguém que sabe se cuidar e que não precisa de ajuda. ainda mais ajuda de quem me chateou.

as vezes percebo em mim isso de querer fazer as coisas sozinha, receio de dizer várias coisas que eu gostaria. as vezes finjo ser inabalável com circunstâncias e acontecimentos que me afetam, pq aqui dentro de mim tem algo que diz que certas coisas não deveriam afetar. o fato é que afetam. mas eu silencio, ou arrumo uma desculpa pra não dizer o que quero dizer, ou fujo da situação. Talvez isso seja por ter mtos pensamentos sobre o pensamentos dos outros em relação a mim… e um medo de ser abandonada.
o que não faz o menor sentido. HAHAHAHAHAHH