Relato da experiência de Estágio As One – 10° Dia (comparações e quem quero ser de verdade)

Hoje conversei com a Miliane, uma funcionária daqui e mãe de um antigo amigo meu da Vila Paraíso, durante a conversa ela me disse que Renan, seu filho, já esta morando sozinho, terminou o técnico e tá pensando em fazer uma facul pública em alguma engenharia acho.

Ao ouvir essas coisas eu automaticamente comparei a minha vida à vida do Renan, e é sobre esse tema que a nossa reunião da tarde que tenho com Diego e Alam circundou e é isso que tenho vontade de relatar aqui agora.

Como disse antes eu comparei a minha vida a do Renan, inevitavelmente eu me senti mal e senti que “estou atrasado na vida”, afinal ainda estou sendo sustentado pelo meu pai, já estou em faculdade pública e não moro mais com meu pai, mas essas coisas ocorrem graças ao meu pai que me banca. O que me incomodou era justamente isso, ainda estar sendo sustentado elo meu pai, mas percebo que no fundo não é exatamente isso que me incomoda, já tenho bem claro pra mim que eu gosto de não trabalhar e poder focar somente na facul, que por sinal é integral.

Conversando na roda fui percebendo algumas diversas coisas, coisas como talvez a raiz do incômodo seja um senso de cobrança desenvolvido ao longo da vida, que tem como base a noção de fazer meus pais orgulhosos, algo como se não for de acordo com esse senso eles não vão ser orgulhosos.

Outras coisas que surgiram desse tema é a história de figura do ser humano, que ainda não sei o que é exatamente. Mas sobre quem quero ser de verdade, pessoas que nos inspiramos e temos como norteadores de nossas ações, as vezes conscientes e as vezes não, mas o lance é que quem nos inspiramos pode nos fornecer dicas de quem realmente queiramos ser. Pessoalmente ainda não sei quem me inspira ou se tem alguém nessa posição dentro da minha cabeça.

Ainda nesse tópico o que posso dizer que ocorre aqui dentro é que parece que quem quero ser muda de acordo com o ambiente que me encontro, se estou no treino de capoeira eu quero ser um grande capoeirista, se estou na faculdade eu quero ser o estudante perfeito…
Mas percebo que a vontade de querer ser grande capoera pode ter vontade de ser isso, mas também rola um querer receber atenção e elogios do professor de capoeira, ser motivo de orgulho.

Ao longo da conversa Diego disse que parece meio primal/natural nos inspirarmos em alguém, tipo filho pequeno olhando pro pai, e Alam tb disse que tem impressão de que essa coisa de buscar atenção nas diferentes coisas da vida parece ser reação de querer suprir uma falta que teve. Ambas as coisas ditas fizeram sentido pra mim.

Experiência Estágio As One – 9°Dia (fui chamado de fraquinho por um outro “fraquinho”)

Hoje o dia foi meio engraçado, “tomei” um “Que tal ele, que é mais fraquinho, fazer essa atividade” com direito de dedo apontando e tudo, e ainda foi de um senhor da terceira idade que na minha visão deve ser mais fraco que eu!

Bom pra contexto hoje veio um carregamento de 300 sacos de farelo de soja, 50kg cada um (acho), colou uma galera pra ajudar e em determinado perguntaram/pediram pra esse senhor, o Alemão, ir ajudar o Lucas a embalar e organizar os pallets que tinham terminados de serem carregados, e foi nesse momento que a famigerada frase foi proferida em relação ao meu ser.

Na hora me veio uma reação de conflito, logo de cara me veio um pensamento de “Aeh? Então vem na queda de braço aqui pra ver quem é fraquinho!”, depois disso veio um “melhor não fazer cena aqui, pega mal” e por fim eu percebi meu lugar, e realmente pra essas pessoas que fazem isso algumas vezes ao ano por diversos anos, eu devo ser visto como fraquinho, ainda mais quando sou meio magrinho e geral lá era parrudo (com a exceção do Alemão).

Mas observando essas reações com mais calma eu percebi que na real eu vinha me sentindo inseguro com minha performance no trabalho, sentia que mais atrapalhava que ajudava, a fala do Alemão só confirmou isso. Daí me senti bem inseguro e acho que tentando/querendo resolver essa sensação, eu quis me provar forte, pois se sou forte essas sensações ruim somem e Alemão estaria errado, e daí surgiram a reação de confronto.

Gostaria de conseguir fazer todo esse raciocínio que fiz com calma de maneira automática, ou pelo menos que esse modo de pensar seja tão bem exercitado que eu consiga exercê-lo na hora que as reações e sensações surgissem .