Olhar a si: viver na reação cega ou conhecer o real?

Estou na Suíça agora junto com Ono. Eu faço a tradução dos cursos para ele. Terminamos um curso para olhar a si e um curso para auscultar a pessoa. Amanhã vem um outra turma para um curso para auscultar a pessoa, e no dia 30 mais um turma para o curso para conhecer a vida humana. Está sendo incrivelmente rico e divertido 😉

Eu estou fazendo paralelamente a minha pesquisa… Me chamou muita atenção novamente os exemplos das pessoas quando elas percebem que nas reações enxergam o outro como “ele me fez sentir raiva” ou “eu fiz ele se sentir mal”. Na real isso não é possível, ne. O outro fala das coisas que estão no interior dele e eu falo das coisas que estão no meu interior. Mas quando estou sem esta autoconsciência, eu me faço de vítima. Um exemplo disso: Eu quis fazer uma caminhada de manhã antes da reunião da equipe. Acordei um pouco mais cedo e quando finalmente estava pronta para sair da casa vi que faltava só meia hora até o horário combinado. Neste momento percebi algo interessante: Eu pensei “O Ono não me dá o tempo para passear”. Não foi um pensamento nítido, com muita emoção do tipo “Que saco….”, quase passou despercebido, mas com o clima do curso eu olhei mais um pouco e me vi assim, seriamente pensando que eu sou uma vítima, neste caso do Ono que tinha falado “Vamos reunir às 8:15, tudo bem?”

Eu estava reagindo ao quê…Provavelmente às coisas dentro de mim de “tem que cumprir o combinado”, “eu falei que ia estar as 8:15, então eu tenho que estar”, pessoas confiáveis são pessoas boas, etc….Eu mesma não me dei o tempo para passear, eu sou vítima de mim mesma…Simples assim.

Eu estou ansiosa para ouvir as pessoas do curso para auscultar a pessoa nos próximos dias. Estudar o ser humano, estou começando a realmente gostar disso, gostar das pessoas, gostar de mim. Somos todos seres muito bonitos, as vezes essa beleza está coberta um pouco com a poeira das ilusões. São só ilusões, nada muito sério…(mas que faz a gente sofrer, faz…)

Olhar a Si Dezembro de 2020

Essa final de semana depois de alguns meses fui no curso olhar a si. O Sakaisan virou para mim outro dia e falou: te inscrevi no curso, vai la!

Na hora deu ateh uma resistencia que depois tambem usei como material de pesquisa, mas nao eh a primeira vez que mesmo surgindo alguma resistencia assim eu vou na dele e dah beleza, pensando bem todos os cursos esse ano foram assim rsrs

Acho que eu fico querendo ja nao precisar mais de curso, mas acho que isso vem de uma coisa de ter que pensar, resolver as coisas sozinho. Mas acho que essas bagunca que entraram na mente pela sociedade nao dah para se limpar delas sem ser em sociedade, dessa vez surgiu isso tambem.

Participamos em tres pessoas, cada dia eu dormi umas 10 horas e falei abertamente tudo que tava pensando, tudo que vinha mente que tinha alguma coisa para pensar eu colocava do jeito que tava e ia me sentindo ouvindo e acolhido pelas pessoas enquanto tentava entender o que eh o olhar o si.

Um exemplo que pesquisei e resume bem como foi o curso.

Outro dia na marmitaria eu pedi para o Leo nao sujar a linha com o molho de hamburguer. Ele disse na hora: essa marmitaria eh uma bosta. Na hora eu tive meio que uma reacao de era culpa minha o local de trabalho ser uma bosta. Acho que essa reacao veio de uma cadeia de reacoes dos dias anteteriores. Na hora eu fiquei com o sentimento pesado e pensando sobre isso (dentro do looping da miha reacao).

Depois na reuniao contando como foi o dia o Leo disse que na verdade tava era querendo ir embora, acho que ele ficou meio que trabalhando sem ter vontade e reagiu ao eu falar com ele.

A partir desse exemplo eu percebi como ficar preso nas minhas proprias reacoes me impedem de tentar ver a pessoa que estah na minha frente. Tendo essas reacoes de auto protecao, complexo de inferioridade, ficar puto. Na verdade tudo reagindo a minha maneira de perceber as coisas, o problema eh que vi o quanto isso me atrabalha no dia a dia na relacao com as pessoas, ou por exemplo nas reuniaoes de pesquisa do trabalho que enquanto fico no meu looping nao consigo olhar as coisas objetivamente.

Eu achava que eram reacoezinhas. Mas nao estar acordado delas, nao olhar o si, acho que eh o que diferencia de poder viver a partir do coracao original ou viver a partir de reacoes que foram automatizadas na minha mente e geralemente vem de um lugar de desconfianca em relacao as pessoas, que, na maioria das vezes nao tem nada de real, sao apenas alucinacoes.

Para mim desta vez deu para entender um pouco na pratica a questao de olhar o si e a realizacao da sociedade.

Entao fiquei com vontade de tentar conhecer mais seriamente como eh olhar o si, como eh viver percebendo o trabalho da minha mente. Para poder me relacionar a partir do amor que surge naturalmente em relacao as pessoas, soh isso de maneira simples.

Nao me parece uma tarefa dificil…

o joio e o trigo

A pessoa em relação a mim não é a pessoa ela mesma.

Parece que atribuo uma função às pessoas e espero que elas ajam conforme a função que eu atribui: mãe, pai, professorx, namoradx, amigx…

Função de cuidar, de dar atenção, de ser compreensivo, de dar bronca, dar limite, de ensinar… tudo em relação a mim… mas e a pessoa ela mesma?

A pessoa ela mesma é um ser vivo com vida interior e expressão/ação no mundo. Eu me interesso por esse ser vivo ou quero que ele seja um instrumento para mim?

O que está acontecendo dentro de mim que eu quero que o outro resolva?

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Meu desejo genuíno é ser um ser vivo que interage com outros seres vivos de forma saudável e divertida.

saudável: todos com necessidades satisfeitas, barriga e kokoro cheios.

divertido: criativo e inteligente.

última reunião do ano

tenho pensado bastante sobre fé. um amigo meu se converteu para o catolicismo, e isso está girando bastante na minha cabeça. me atrai a ideia de ter alguma coisa para acreditar, coisas mais ou menos fixas que lembrem de uma coisa maior mesmo quando a gente está perdido em sentimentos e pensamentos mais mesquinhos e ansiosos e não sei mais o que. nessas horas parece que a gente perde o norte e parece bom a ideia de ter rituais e formas de pensar que meio “garantam” voltar para lá. por outro lado, me dá bastante desgosto essa ideia toda de que “tem que acreditar”, que “é verdade”, parece que tem qualquer autoridade, qualquer enganação no negócio.

na reunião hoje veio um pensamento que eu gostei bastante. não sei se deu para entender, ou talvez eu falando escrevendo agora seja um pouquinho de preocupação de que todo mundo tenha entendido meu pensamento que eu achei legal.

mas o pensamento foi de que o tchan da coisa toda de organizar as relações ao redor das pessoas, de pessoa com pessoa, tem a ver com essa coisa do zero mesmo. a gente nunca vai saber fazer isso. e mesmo qualquer definição de pensar “ah, acho que fazer desse jeito é melhor do que daquele jeito” “eu penso assim e isso me aproxima ou me afasta do outro” “vou fazer isso aqui porque eu quero estar perto das outras pessoas”, tudo isso não tem nada a ver com a experiência de encontrar a outra pessoa. encontrar a outra pessoa acontece a cada momento. encontrar a outra pessoa na verdade também tem a ver com uma relação com as coisas, pq parece que não existem propriamente coisas sem pessoas. a panela ganhou de presente de alguém, ou está cozinhando para alguém, ou quando cozinha está cozinhando em retribuição à outra pessoa que cozinhou no almoço, ou pelo amor que essa pessoa sempre te deu ou só porque você é realmente muito magnânimo e está fazendo isso sem razão nenhuma só por fazer (rs). No fundo sempre é relação com a outra pessoa, e com todas e com todo o universo.

entrar nesse fluxo é entrar nesse fluxo. sinto que eu coloco várias barreiras e porquês para fazer isso. e as vezes pensando que estou tentando fazer isso de entrar em relação com as outras pessoas, tô não fazendo isso (“o que será que eu devia fazer da vida para conseguir estar aberto me relacionando com as pessoas?”, penso eu enquanto minha vó assiste TV do lado, e minha mãe trabalha no computador, meu pai faz janta na cozinha).

parece que o fluxo de estar presente, na realidade, escapa a todas as perguntas. a resposta de qualquer pergunta é a resposta que faça ela sumir e voltar a atenção pra como está agora, o que está acontecendo, qual a intenção dentro de si.

eu sinto medo, porque (além de todas as outras milhões de respostas que eu poderia colocar aqui) parece insuficiente, pra tocar a vida, só estar atento com o que está dentro. precisa saber para onde vai, o que está fazendo, aonde quer chegar. mas parece que segurar essas perguntas um pouco para deixar ficar e ver como está, e agir mais a partir de onde está na realidade, vão surgindo mais respostas do que quando busca resposta.

é muito doido que essa coisa que a gente mais busque seja uma coisa que não se faz, mas que só se chega. se tentar fazer, já não tá fazendo. ao mesmo tempo, graças a Deus, existe uma pista no coração, existe mesmo. qualquer coisa que não seja esse estado, cedo ou tarde, dá um esquisito na língua.

acho que é por isso que as vezes da vontade de virar católico, ou comprar um terreno na comunidade da Ilana. queria garantir que tô no caminho certo, que não vo ter sempre amargo na língua. mas parece que é só uma questão de ter fé e ir navegando, sempre sempre. seja sendo católico ou na comunidade ou no emprego CLT.

Autoritarismo legal (good vibes)

Esses dias cheguei num lugar importante com uma amiga. Ela trabalha numa escola livre (good vibes) que na hora que a coisa aperta as diretoras tomam decisões bem autoritárias. Daí pulamos pra nossa infância. Percebemos que nossos pais foram criados por pais autoritários mas quiseram fazer diferente com a gente tentando ser pais legais, porém na base tinha o autoritarismo. Por isso quando eram legais nem sempre eram sinceros, nem sempre estavam ali na relação vendo o que era necessário, as vezes era preciso um contenção, ou um pedido, ou saber o que eles realmente queriam. Mas preferiam ser legais deixar rolar…. porém quando a coisa apertava vinha o autoritário, vinha um: Chega! Uma punição, um castigo… chegava num limite que aí eles exerciam o poder.

Corta para a nossa vida adulta, e vemos essa dinâmica se repetindo, queremos ser legais e muitas vezes isso significa não se colocar, não expressar a sua real vontade, fazendo coisas pelos resultados, ser agradável, ser querido, ser reconhecido. Mas muitas vezes vamos acumulando essa sensação de insatisfação dentro e aí uma hora isso explode e vem o autoritarismo. Quero submeter o outro a minha vontade, e isso vem com manipulação, vem com imposição, com exercer o poder do seu cargo.

Tudo isso parece que é uma barreira para as relações. Não parece uma relação de intimidade e familiaridade.
quando está nesse estado de relação, não “tem que” ser legal e também não tem vontade de submeter o outro ao seu desejo.

100 defeitos

Quando se tem intimidade até o “defeito” da outra pessoa é gostoso.

Essa atração por pessoas “perfeitas sem defeitos” é muito infrutífera!

Melhor concentrar na intimidade e não precisar mudar.

Check Up 54 Ultimo dia

Como foi fazer


Todos os dias ter pessoas como pais ouvindo minha conversa, a cabeça sempre se movimentando, sempre indo para frente.


Ao diminuir a importância das minhas reações comeca a surgir a pergunta: o que quero conhecer?


Naquela hora aconteceu daquele jeito, mas depois na reunião todo mundo junto tentando conhecer como seria no caso de uma pessoa normal/saudável.


Acho que fiquei mais próximo de aceitar o eu como está agora e deixar de dar importância às ações e palavras.


A princípio penso que estou olhando para as coisas objetivamente sem criar muitas ilusões, mas ficou claro que não é assim.

Foram dois meses que passei satisfeito, leve e divertido.


Melhores momentos


– Essa reação ai nao tem importancia;

– Nesse caso não tem outra coisa a se dizer se nao: sim;

– Nesse caso nao da para fazer outra coisa a nao ser se tornar aquela pessoa:

– Ter cautela em relação a pessoa e dar importancia a ela são coisas diferentes;

– Não pode ser desigual?

– Enquanto houver sentimento de ciúmes um mundo de paz eh impossivel;

– Você não está ouvindo o que a pessoa está falando como se fosse a verdade/fato?

– Desde o princípio já estava definido que não é uma pessoa que consegue;

– Também existe a verdade em relação aquela pessoa;

– As vezes nao brota amor também;- Isso é porque voce nao tem forca de realização;

Adeus

Me preparando para ir embora

Sabe aquele projeto engavetado?
Hoje não tem mais sentido. Adeus
Sabe aquela roupa esperando eu caber dentro?
Não vai ter. Adeus
Sabe aquele desejo de ser amado por todos?
Hein? O que?
Adeus
Sabe aquela mala cheinha de coisas pra “n” climáticas ?
Esvaziou. É prá hoje.
Frio ou calor, sol ou chuva, não importa.
Vou prá onde meu desejo me agasalha.
Ciao

Check Up 53

Hoje de manhã a Miyuki San disse: estou cansada.


Depois na reunião eu falei para o Nakai San: a Miyukisan disse hoje que estava cansada.


Ele fala: por que será?


Na minha cabeça logo surge: vou para de pedir para ela parar de fazer as coisas que peço de manhã.


Alguns segundos depois ele fala: vou perguntar para ela.


Ao ouvir isso eu me dou conta que já tinha ido inteiramente para o mundo dos meus pensamentos, sem nenhuma relação com a pessoa em si.


Depois ainda pensei que por que ela disse que estava cansada na minha cabeça ela logo se torna uma pessoa que está cansada.


Outra conversa
Ontem ganhei pela segunda vez um pão do Naganosan.
Este estava mais gostoso que o outro, mas realmente o mais gostoso é o momento em que recebo o pão.