Programa de Experiência na Avicultura – Dia 1

Ontem (30-01) concluí meu primeiro dia de estágio na avicultura da Vila Yamaguishi. Será um estágio bem curto (3 dias) mas me senti bastante animado com a experiência. Há muita curiosidade em saber como os processos são conduzidos por aqui. Realizei apenas a etapa do Nekase (“ninar” – botar para dormir) das galinhas. Tive alguma dificuldade em realmente colocar todas as galinhas no poleiro. Fiquei com medo de estar assustando elas e de empurrá-las para o lugar onde deveriam dormir. Foi difícil espantá-las do canto pois elas realmente se acumulam por lá e não saem tão facilmente. (Além de voltarem quando você vai buscar uma “galinha teimosa”) haha.
Tive a experiência de pegar uma galinha no colo pela primeira vez. Foi um misto de curiosidade com “friozinho na barriga” de fazer algo desconhecido. Me senti mais tranquilo quando percebi que não fui bicado.

Estou ansioso para os próximos dias. Percebi que tudo é pensado e continua em processo de pesquisa (o tamanho e formato do ninho, a angulação do poleiro, a casinha em si, quantidade de galinhas por casinha, quantidade de comida, horários…).
Achei curiosa a mudança de comportamento delas conforme sentem sono e o nekase pode ser feito. Elas cacarejam de maneira diferente e fazem um movimento com a cabeça.

Programa de Experiência As One – 7°Dia

Hoje participei da reunião da manha, ajudei a preparar a ração das galinhas e dei a ração para as mesmas. Hoje o trabalho começou a ser um pouco mais entediante.

Antes da reunião conversei um pouquinho com meu pai pelo celular, queria ter dito a ele que estava com saudades, mas não o fiz por sentir vergonha. E a reunião acabou girando em torno desse ponto, fiquei feliz ao perceber que as rodas de reunião da tarde são para conversar e observar as coisas que vão surgindo ao longo do estágio, não precisam estar necessariamente ligadas ao trabalho e nas minhas vivências com as pessoas daqui da comunidade.

Depois ao fim da conversa me senti livre pra comentar que estava meio receoso para fazer o Conhecer a Si (que começa amanhã dia 24), tenho receio de que minhas respostas anteriores voltem novamente como respostas padrão e isso atrapalhar minha pesquisa no curso. Alam me disse umas coisas, mas não me lembro de fato o que ele disse. Mas o lance era que não é tanto sobre achar as respostas através de intensa observação, mas que o lance é justamente perceber que a nossa cabeça funciona dessa forma, ou melhor, foram essas as coisas que entendi e guardei na memória.

Programa de Experiência As One – Fim da primeira semana, 6°Dia

Hoje fiquei um pouco tristinho comigo mesmo, dos 6 dias de estágio escrevi apenas 3 impressões dos dias vividos. Acho que parte dessa sensação é porque o Alam pediu para eu escrever os relatos de cada dia.

Acho que pra surgir essa reação de tristinho deve ter u lado meu verdadeiro de querer deixar relatado as coisas que me ocorreram aqui dentro, mas acho que maior parte do arrependimento surge por achar que desapontei o Alam ou de descumprir com o combinado.

Enfim sobre o dia de hoje, fui cortar mato para depois dar ele para as galinhas com o Diego, enquanto Diego triturava o mato, eu fiquei tirando um pano grosso de uma estrutura de madeira da antiga cama das galinhas, depois passei na cidade com o Diego e pegamos marmita pra almoçar na volta, por fim dei ração pras galhinhas e tive reunião com a Kayo e Milton as 16 hrs.

Uma coisa daora que senti no kokoro é que tenho percebido que meu estado de coração tem mudado no trabalho. No início dessa semana estava com um coração interno meio aflito, estava num estado de cautela e atenção constante, estava preocupado “inconscientemente” em fazer certinho, tava rodeado de pensamentos sorrateiros como “O que é que vão pensar de mim se eu fazer errado?” e “Tenho que mostrar o pessoal não erraram ao me chamar pra fazer o estágio”

E já nessa última parte da semana, convivendo nesse ambiente seguro, me observando e observando minhas reações e tendo reuniões diárias para conversar sobre essas observações a minha atenção foi naturalmente transitando para o foco do trabalho em si e nas minhas intenções com ele. Sinto meu coração mais seguro e com um foco maior no real.

Junto disso tenho percebido que aos poucos tenho me questionado coisas como “O que será que quero fazer de verdade a cada momento?”, “Como será que é o Fuji de verdade? E o que será que ele realmente quer fazer?”

Programa de Experiência As One – 3°Dia

Qual será minha vontade genuína no trabalho?

Foi esse o tema que a reunião de hoje abordou. E bem, meu trabalho hoje foi ajudar a preparar a ração das galinhas, botar a quantia correta de ração para cada um dos quartos do galpão 2, botar os sacos de ração nos quartos do galpão 1 e 5, e por fim dar ração para as galinhas do galpão 1. Lembrando que durante todos esse processos eu tava junto do Diego

Na reunião da tarde falei sobre como o trabalho aqui não estava parecendo trabalho, tinha a impressão de que trabalho é chato, sempre vejo pessoas que trabalham reclamarem do seu trabalho, eu e meus colegas continuamente reclamamos de estudar (que é o ´´trabalho“ do estudante) resumindo parecia que a base do trabalho era ser chato.

Seguindo isso falamos da percepção do trabalho, resumidamente, falamos sobre como deve ser o ponto de vista de trabalho de shokunim (職人), seria algo como artesãos, mas é bem essa ideia de pessoas que se especializam na sua atuação (chefes de cozinha, pessoal que forja katana e etc.), parece que eles buscam continuamente melhorar no trabalho e sentem prazer com isso.

Já no outro lado da moeda temos a visão de trabalaho que percebo na maioria das pessoas com que convivo, que é a visão de que trabalho é chato. Por termos essa visão parece que o objetivo do trabalho passa a ser terminar o trabalho em si, não tem satisfação ao fazer trabalho e acaba fazendo apenas o necessário para terminá-lo Posso dizer que sou assim com estudos.

Mas como isso se deu? Me parece muito mais natural e lógico o ponto de vista dos shokunim, trabalhar se observando, observando o que pode vir a melhorar e agir de acordo com essas observações. Bem diferente do que ocorre aqui dentro de mim quanto a minha visão de trabalho, estudo objetivando o término do estudo, se o estudo ta chato eu continuo me forçando a terminar mesmo não gostando…

Enfim me parece bem ilógico se forçar a fazer uma coisa que não gosta e continuar forçando a terminar e em nenhum momento observar o que pode ser feito para mudar essa situação. No meu caso posso dizer que é quase se eu esquecesse das minhas intenções originais ao entrar na faculdade e o por que de eu estar estudando educação física, parece que isso tudo some quando sento pra estudar, seria trabalhar de acordo com essas vontades originais trabalhar do zero?

“não estou sozinho”

Hoje na reunião diária com o Fuji ele falou do tema da vipa “não estou sozinho”.

Lembrei q durante a vipa o Axel falou q não estava muito confortável ao fazer o Yakisoba, tanto no aspecto climático quanto do kokoro.

Na hora eu vi ele mas minha atenção não foi muito p ele. Pensei q ele estava fazendo normal, tudo bem.

Olhando agora, esse meu pensamento “normal, tudo bem” é meu pensamento, não é a realidade do Axel. Não teve interesse em “como será q ele está na verdade?”.

No método ScienZ se fala que ao conhecer que é meu pensamento surge interesse em “como será na realidade?”Achei que isso tem a ver com o “não estou sozinho”.

Conhecer que é meu pensamento = surge interesse na pessoa (no real) = começo a estar com as pessoas.

Programa de Experiência As One – 1° Dia

Hoje tive uma reunião daora co on Diego e Alam, falamos sobre pesquisar o desejo genuíno (D.G) de verdade no cotidiano. Mexer no celular é D.G? Ler livros é D.G? Estudar japonês é D.G? Qual será minha vontade genuína? No dia a dia, o que dá vontade de fazer de verdade?

No fim da tarde fizemos nekasse das galinhas, nesse momento eu entendi melhor o que o Diego e Miguel se referiam ao dizer fazer nekasse com os participantes da Vipa. A gnt foi botando energia e direcionando elas para o poleiro, assim elas possivelmente dormirem se sentindo mais seguras. Mas tem umas que teimam sair de lá.

Vipa Janeiro 2023

Uma coisa que me marcou muito nessa Vipa foi quando eu pensava sobre alguns participantes que não estavam se enturmando muito e na reunião da equipe disse algo como:

“acho que a gente da equipe podia dar um pouco mais de atenção para essas pessoas né?” e o Miguel disse em seguida: “seria bom se isso acontecesse entre os próprios participantes né?”

Eu achei muito interessante porque fiquei pensando sobre qual irmão mais velho gostaria de ser? Eu gostaria de poder ajudar a criar uma Vipa onde florescesse um ambiente onde se pode ser amigo de qualquer pessoa.

Fiquei pensando o que eu como irmão mais velho poderia fazer por isso? talvez mais do que agir por mim mesmo a respeito de cada pessoa que me preocupo ou vai minha atenção, fiquei pensando se não é possível de realizar um ambiente onde essas relações aumentam e a sociedade inteira vai nesse sentido.

Para mim desta vez ficou mais claro o potencial da Vipa para experimentar realizar na prática a sociedade que desejo.

Conversamos e depois fazemos atividades, como será que essas duas coisas se conectam? Parece que pude visualizar um pouco esse caminho, será?

Da última vez em julho eu tinha dormido separado nos quartos do naikan, mas dessa vez decidi que queria ficar mais junto com todos, tanto no dia a dia como também na hora de dormir. Me senti muito a vontade do jeito que foi dessa vez.

ViPa Janeiro 2023

Não tenho palavras que englobem tudo que foi essa ViPa para mim. Isso não acontece pois ela foi mega incrível em diversos aspectos, até porque foi uma ViPa normal como todas as outras, deixando claro que este normal já é algo incrível por si só, visto que é algo especial um grupo de pessoas se reunirem para verdadeiramente se olharem e acolherem, assim resultando num ambiente seguro para receber outras pessoas.

Enfim o que quero dizer é que está Vila não teve qualidades extraordinárias e exorbitantemente excepcionais que a diferenciaram das outras, por isso foi normal. Voltando ao que dizia inicialmente não tenho palavras que descrevam a experiência como um todo, mas acredito que Verdadeiro seja algo que se aproxime disso.

Mas e aí, como foi aqui dentro no kokoro?
Teve diversos momentos maravilhosos e divertidos, diversos momentos verdadeiros e naturais de contemplação ao real, assim como momentos de me sentir sozinho e não saber a causa e outros que identifiquei a causa.

E disso tudo o que mais achei daora foi perceber que embora eu não buscasse fazer as coisas sozinho e soubesse que não estava verdadeiramente sozinho, nos momentos em que me senti sozinho ou não estava sabendo lidar com meus sentimentos eu automaticamente tentei lidar com eles sozinho, nem passou pela cabeça pedir ajuda. De repente se tivesse tentado me observar junto de outra pessoa essas sensações negativas teriam se esvaído mais rápido. Talvez daqui pra frente eu consiga me observar melhor nesses momentos, quem sabe até conseguir pedir ajuda.