Vila Paraíso Expresso

Participei da vila paraíso 07/2022, presencialmente só no penúltimo dia e na despedida. Isso acabou acontecendo porque me surgiu um resultado de PCR positivo para coronavirus (daqui vários anos vou ler esse blog e me lembrar que consegui ficar quase dois anos sem pegar esse treco, mas eventualmente virei estatística do ConectSUS).

A Vila paraíso tem sido um lugar de experimentação, descobrir sobre si e sobre as relações que queremos com as pessoas, é um braço do método Scien-z para a gente testar se as ideias todas fazem algum sentido. Em algum canto do coração sinto que eu tive alguma experiência gostosa com as vipas e a pesquisa sobre o si, e queria que os participantes também tivessem isso. Sobre conseguir sair um pouco da superfície das interações e se aprofundar numa compreensão mais objetiva do que eu quero comigo e com os outros.

Parece gerador de lerolero.

O que eu pensei foi que em alguns desses encontros da Vila Paraíso, eu tive a oportunidade de explorar, comigo mesmo e na interação com os outros participantes, sobre ser genuíno com as próprias vontades, algo sobre ser verdadeiro consigo mesmo (surgiu esse papo nessa vipa). Pude explorar os processos mentais que me ocorrem para a tomada das decisões. O que me passa pela cabeça na hora de me dispor a lavar louça, o que eu penso quando eu vou fazer yakisoba? Uns processos são dolorosos de se perceber que a gente passa por isso e não sabe, outros são bem gostosinhos. DAÍ talvez vem esse sentimento de querer que os participantes tenham alguma oportunidade, um espaço para passarem por isso. Mas ao mesmo tempo me preocupo de não querer forçar a cara das pessoas pra baixo da superfície. Tem gente que tá bem com a boia, e não quer molhar o cabelo.

Será que é tão natural esse processo de se descobrir quando está num ambiente propício pra isso? Algo como as galinhas não te bicam quando estão confortáveis. Será que as pessoas exploram o seu ser quando lhe é dado o ambiente? Essa dúvida me ocorre porque sinto que existe também um medo das pessoas de encarar os desejos e perceber que afogam os próprios desejos em prol da sociabilidade. “Não quero saber o que eu quero porque vou querer expor e talvez dar trabalho às pessoas”.

De alguma forma, talvez a gente (ou só eu) não está curtindo um solzinho usando a boia numa piscina, mas está desesperadamente nadando pra estar na superfície em um mar de sentimentos, desejos e emoções que parecem agitados na superfície e só perceberemos a calma quando mergulhar pro fundo e ver que não há ondas lá.