Anotações

Pessoa => sentimento, pensamento => palavras

Percebo que no dia a dia meu foco pesa nas palavras da pessoa, e a partir dai tenho reações.

Acho que das palavras tenho uma pequena percepção da pessoa .

mesmo desejando segurança e estabilidade…

No encontro do zoom de ontem conversamos sobre o texto: Mesmo desejando segurança e estabilidade. Se desejo relações de amizade real, o quê faz com que surja conflitos, e as amizades ficam abaladas? Por quê nem sempre consigo expressar o desejo do meu coração para as pessoa que estou mais próxima, e que julgo ter uma relação de intimidade?

Se essa relação de amizade real, onde posso me sentir verdadeiramente segura, é o desejo do meu coração, por quê eu vivo desistindo dessa busca? Vivo me esquecendo que as outras pessoas também buscam o mesmo? O outro é sempre um bárbaro, distante, que vai chegar e vai trazer conflito, vai me provocar inseguranças. Então é melhor evitar. Ou quando não evito, e esse outro chega, é preciso doar tudo que tenho para ele, “forçando” um espaço de intimidade, me mostrando aberta, compreensiva, legal. Acho que nas relações que tenho mantido sempre perco um pouco de mim pra poder caber e me encaixar. Intimidade, segurança e confiança não se calcula assim. Ela acontece. Talvez a chave seja, onde está essa semente em mim que acha que é impossível uma relação humana verdadeira. Essa semente que vive criando um monte de caraminholas sobre como tal pessoa vai agir, essa semente que me gera inseguranças, que me faz aceitar essas relações mornas.

Há alguns meses atrás, quando lemos esse texto pela primeira vez, a Francy trouxe uma questão que retornou agora enquanto escrevo: Será que tenho esse espaço de segurança/confiança/intimidade comigo mesma?

Conversamos bastante sobre relações de trabalho e que envolvem trocas financeiras, onde a priori, já é dado um tipo de comportamento que precisamos ter, algo distante/frio para parecer e se enquadrar no “profissional”. Porque, afinal, se o contato for muito íntimo eu não vou conseguir cobrar tal serviço, então pra cobrar eu preciso estar distante. Mas isso não faz com que eu deixe de seguir o desejo de estabelecer um espaço de amizade real? E amizades reais não podem ter trocas de trabalho e serviço sem ter esse estresse sobre a questão financeira?

O texto fala que essas instabilidades nas relações humanas é a instabilidade de grupos e da sociedade como um todo. E que por mais que tenhamos ideias e ideais de como solucionar os problemas do mundo, essas instabilidades vão se repetir… E eu fiquei pensado se não é isso que estou fazendo, dedicando meu tempo e meu estudo em criar ideias e formas discursas de comportamento ao invés de olhar realmente pro que está acontecendo no meu coração e nas minhas relações. Por que perco tempo com estratégias que me desviam da verdadeira intenção do meu coração? Como se primeiro eu tivesse que mudar o mundo pra depois estabelecer relações autênticas.

O texto me revela que o caminho é outro. Mas essa semente ainda está em mim. Sinto que tenho buscado bastante esses espaços, principalmente agora com a minha família durante a quarentena, mas às vezes eu desisto por achar que as coisas e as pessoas são do jeito que são.

Escola – Brasil

Na frente da marmitaria tem uma escola brasileira. Abaixo tem uma foto de hoje de madrugada quando cheguei.

As vezes meus olhos nao veem essa bandeira, mas hoje nao sei porque entrou na vista.

Ha tres anos e meio quando cheguei aqui estava sempre pensando: nossa estou no japao; eu nao sou daqui; eu nao sei falar japones, etc. Com o passar do tempo eu nao penso que sou brasileiro, nem penso que sou japones, nem penso mais sobre isso. A lingua tambem eu me habituei a nao entender metade do que as pessoas falam e isso eh o normal.

Interessante como essas coisas mudam. No comeco tambem achava todas as japas feias, muito magras com os dentes mal cuidados. Depois de alguns meses de repente um dia acordei e achava elas todas bonitas.

Vivia sonhando com a oportunidade de comer um churrasco, ou um feijao, ou um pao de queijo. Outro dia a Ilana apareceu comendo um pao de queijo, eu brinquei que queria, mas nao eh uma vontade que vem forte e algo que tem que ser realizado de qualquer maneira.

Quando ouvia as historias do Lucio e outras pessoas que ficaram direto no japao por 5 ou 6 anos, achava uma coisa inimaginavel. Logo mais farao 4 anos que estou aqui e nao me parece nada de mais.

1 mes atras conversei com um amigo que morou junto na republica durante a faculdade. Foi a primeira vez que liguei para ele desde que vim, mas pareceu que tinha falado com ele no dia anterior.

No comeco foi sentimentalmente dificil estar aqui e pensei varias vezes se valeu a pena ter vindo, sempre me perguntava isso. Hoje olhando nao tenho a menor duvida. Isso nao serve muito de parametro porque quando olho para meu passado sempre acho qeu fiz boas escolhas mesmo quando a coisa nao foi boa, sou meio que agradecido por tudo que aconteceu.

Acho a vida interessante, mesmo ainda nao tendo vivido muito tempo, as indas e vindas, os encontros e reencontros, essa caminhada que nao da para saber direito onde vai dar.

Nem sei porque estou escrendo isso aqui, queria colocar essa foto e ao comecar a coisa foi rolando…

Osechi – Marmita de ano novo

Aqui a tradicao no final de ano, o que seria equivalente a nossa ceia de revellion, os japoneses chamam de Osechi. Parece que a versao original tinha a ideia de que a Mae fazia esse Osechi com alimentos que duram 3 a 4 dias fora da geladeira (no caso aqui eh o inverno). E o povo vai comendo durante a passagem de ano sem precisar se preocupar com cozinha.

Todos os anos vem se fazendo cerca de 200 kits desse aqui na marmitaria OfukuroSan da As One Community.

Hoje fizemos um kit para poder tirar as fotos e comecar a divulgacao. (hoje fizemos, mas eu na verdade nao fiz nada, so tirei a foto mas acabei me incluindo ai no conjugacao plural do verdo…)