…da reunião de sexta

7 – A amizade que não desmorona

Eu desmorono eu, antes de desmoronar a relação de amizade. porque me culpo, me açoito, me julgo. me comparo. não é verdade que me sinto no pré primário perto dos colegas … da pós graduação. Quero acreditar no inverso, que sou superior aos outros porque muitas vezes me sinto inferior. Eu queria ouvir um elogio, uma gentileza. eu queria ser agradada.

Coloquei coisas íntimas. pouco e muito importantes. (na verdade acho que tudo é importante) graves e não muito graves. ( na verdade acho que nada é grave) falei o que me ocorreu. A espontaneidade as vezes me perturba pelo medo do julgamento das pessoas. Não na hora que vem, que me expresso, mas depois.

Eu penso que tenho compaixão. mas fico muito focada em mim mesma para ver o outro. Nem sempre mas é bem comum. Talvez eu “queira” ser compassiva. Talvez não. Eu quero. Me percebo autoritária, quero estar certa. Aconteceu isso aqui em casa no fds. Crianças disputando um trenzinho que funcionava porque tinha pilha. Ooutro não tinha. O pai quis ir comprar pilha e eu falei: não vai adiantar nada. Eles vão arranjar outro motivo para conflitos. ( eu pensei comigo o pai é consumista e foge dos conflitos) Quantas crenças hein, Dona Vivi!

Coisificar pessoas…faço muito; quase sempre. fulano está errado. ele tinha que, eu é que sei. o outro não me ajuda. eu eu eu. lembro da música do Tom Zé: a maior palavra do mundo é eu. eu eu eu eu…simplesmente eu.

Buscar meu eu genuino, encontrar meus desejos verdadeiros a cada momento é uma busca para sempre e com a ajuda de todos os “eus” ao redor que querem olhar para isso. e os que não querem também. Limpar a poeira que encobre o desejo. Simples assim: o que eu queria era não queimar o alho!

Me sentir próximo e seguro, sem confrontos, sem inimizades…tal qual uma família !!!??? qual família: a biológica, a escolhida, a da biodanza, a da scienz? Será possivel? Claro que eu gosto de viver sem conflitos, num estado de relaxamento, de paz, sem sobressaltos. Mas tô sempre no meio de algum. quase todos são conflitos internos mesmo.

Me sinto azeda e amarga hoje. Gosto de estar com as crianças. com elas me sinto um pouco doce. Estive com quatro crianças no fim de semana, como vó, na vivência lúdica do aqui agora e o sabor da vida foi bem mais doce.

Expressei na reunião do sábado que as vezes penso que levar a vida empurrando com a barriga é mais fácil, menos trabalhoso, no sentido de deixar-me levar, mas percebo que isso não me traz felicidade. Momentânea, talvez … através dos esquemas de fuga tradicionais, lícitos e ilícitos. Depois da ilusão o vazio se apresenta e eu como, como, como. E a barriga cresce, cresce, cresce, para empurrar a vida mais um pouco.

Eu, Vivi deVirginia, não quero isso. meu desejo é me reparir. do zero.

Vamo que vamo, continuar pesquisando!

PSE 4 – 7 [30/08/2020]

Agora estou escrevendo aqui no quarto do fundo da marmitaria, esperando o pessoal para a reunião.

Essa reunião agora á com o pessoal da academia e a partir de hoje com o Yamachan.

Daqui a pouco vou para o Naikan, mas agora eu tenho sentimento de preguiça em relação a isso. Mas acho que ao ir para lá eu esqueço esse sentimento e consigo concentrar e fazer.

Dentro de mim olhar para as coisas como:

Aquilo foi assim!!Daquela vez aconteceu dessa maneira!!

Olhar uma por uma destas cenas e ver, como será que foi na verdade? Qual será que era o desejo/intenção daquela pessoa? Como será que eu queria ter feito?

Será que me torno um pouco mais flexível?

O pessoal chegou, vai começar a reunião..

um dois três e

Alerta: teoria à vista; depois melhora, não desistam

                Hobbes é um filósofo moderno da corrente contratualista, segundo a qual a sociedade se formou a partir de um contrato. Esse contrato é o acordo de que algumas liberdades deveriam ser restringidas para que houvesse segurança e paz; e assim teria surgido o Estado e suas leis. Historicamente, o Estado não surge para garantir a paz, mas para controlar as terras, os territórios nacionais, fazendo uso da violência para isso. Apesar dessa inconsistência, a ideia de contrato social reverbera em mim.

Quando penso em “formar” uma comunidade voltada para a pesquisa e para a felicidade das pessoas, me pergunto: por que não posso fazer isso agora mesmo com qualquer um? como iniciar essa realização? Parece que o estado “natural” da sociedade de hoje é o da desconfiança entre as pessoas, que se comportam para agradar umas às outras e assim garantir algumas trocas benéficas para si. Então, me pergunto, como será a transição desse estado para o de tranquilidade em se expressar a partir do coração?

Eu não quero a partir de mim mesma agir com espontaneidade e me sentir vulnerável com isso (na verdade, acho que nem se eu quisesse conseguiria ser assim de uma hora pra outra). Penso que quero fazer um acordo, um contrato: a partir de agora vamos todos ser espontâneos e lidar com isso juntos através da pesquisa. Me vêm à mente a cena de um filme que não lembro qual, que é uma roda de homens apontando cada um uma arma para o outro, de um jeito que todos estão apontando e sendo apontados ao mesmo tempo. Nesse momento a cena congela, porque se um atirar todos atiram. Eles estão presos na própria teia que formaram. Se alguém abaixar a arma, vai se tornar automaticamente o mais vulnerável de todos. Minha impressão é que devia ter uma fala do tipo “um dois três, todo mundo abaixa a arma”. E só assim iriam se liberar dessa paralisia. Em termos mundiais, podia ser os países destruindo suas bombas nucleares.

Esse é um exemplo dramático para ilustrar como estou enxergando as relações de aparência baseadas na insegurança. Acho que vivemos no modo “quando o outro baixar a guarda eu baixo também”, mas o outro pensa a mesma coisa e no fim ninguém se libera. Será que é a intenção de viver sem armadura que vai construir a sociedade livre? Acho que ninguém gosta de carregar o peso da armadura, mas todos o fazem para se preservar, mesmo que para isso tenham que perder em liberdade e amizade verdadeira.

Onde está a segurança que não precisa de armadura? Como começar? Seria dentro de mim, reconhecendo as defesas que construí ao longo da vida? Acho que em um ambiente intencionalmente receptivo, as armaduras ficam mais evidentes, porque gera desencaixes do tipo “nossa, por que usei essa bazuca para matar essa mosquinha?”. O ambiente acolhedor facilita perceber as defesas, porque elas se tornam inúteis. E de fato, não são tão úteis assim né.  

*Depois que eu li o que eu escrevi pensei que não faz muito sentido dizer “começar”. Esse bonde já tá andando há um tempo e eu subi nele em movimento ~~

PSE 4 – 6 – [29/08/2020]

Hoje de manhã na marmitaria eu olhei para o estado da Jon In e pensei que para ela mesma e para as pessoas em volta dessa maneira era melhor ela voltar para casa. Eu experimentei falar isso para ela.

Ela disse: acho que eu vou voltar para a Coreia. Chorou um pouco e foi embora do trabalho.

Ao ver isso me surgiu uma emoção de insegurança/medo.

Acho que essa emoção surgiu a partir de imaginar ela desistindo de ficar aqui e voltando para a Coreia.

O que serah que está acontecendo? Qual será o meu pensamento?

– Ela foi embora por que eu falei?
 – Voltar para a Coreia eh uma coisa ruim?
– Eu nao estou em posição de falar isso para ela, nao tenho esse direito?
-O que serah que o OnoSan, SakaiSan, SatoSan vão pensar de mim?

Como será que estou vendo/ qual sentido estou atribuindo a conversa das pessoas?

Curso para Realizar o “Um” – Impressões

Uns dias antes do curso, tivemos uma reunião de pesquisa da Academia. Conversamos sobre como estamos vivendo agora, se a postura está sendo de continuar a viver como antes da Academia, com uma visão de ser humano e de sociedade preenchida com suspeita, insegurança e essas coisas, ou se estamos realmente tentando fazer algo diferente, pra viver do jeito que somos de verdade.

Acho que durante esses 5 dias de curso, foi ficando mais claro dentro de mim qual o objetivo da Academia, dos cursos, de todas essas reuniões. Do porquê de pesquisar o estado de coração, qual o desejo, como é a forma que realmente queremos tomar.

Durante o curso eu nem entendi direito o que estávamos vendo, na real nem entendo agora também e tentando escrever sinto que fica muito na teoria.
Mas…
Senti que deu um arredondada em tudo que vim fazendo até agora, na Academia, nos cursos, como um todo.
No meio do curso eu senti que não tava pegando muito bem a ideia do material, mas depois que terminou tinha alguma coisa que mudou dentro de mim.
Acho que uma visão mais clara foi se formando, do porquê da pesquisa do ser humano, porquê ir pro trabalho, pras reuniões, a observação, o dia a dia da Academia. Uma visão geral do porquê desse movimento todo, desse formato, e de que esse formato dá pra mudar e tá constantemente mudando pra seguir mais de acordo com o objetivo disso tudo.

Também tem uma certa leveza sobre as manifestações do estado de coração, meu e dos outros.
Acho que eu tinha/tenho algum negócio sobre “esse tipo de reação não é bom”. Fico tentando reprimir certos tipos de pensamentos e sentimentos achando que pareço que “eu to fazendo direito” as coisas (a pesquisa, a Academia”).
Mesmo que na real é exatamente isso que não to fazendo direito.
Mas sinto que quanto mais claro o objetivo fica, mais eu largo mão do parecer.
Vai ficando claro que fingir que não há um estado insalubre só gera um efeito adverso.

Talvez meus valores atuais, de botar peso e colocar como objetivo as coisas que se manifestam (ações e palavras) acabam fazendo eu olhar pro estado de coração insalubre como algo ruim e acabo tentando esconder isso.
Mas o importante mesmo é o olhar de “como tá o estado de coração”.
E isso é só o caminho pra voltar pro estado normal. Esse desejo sustenta tudo isso.

Acho que só começou a nascer esse olhar do todo, e também to escrevendo logo depois de sair do curso, com tudo bem fresco na cabeça. Talvez daqui uns dias isso nem tá claro como agora e sinto uma certa relutância em relação a isso.

Faz 2 dias que o curso acabou, e dentro dessa leveza que sinto em relação às reações, senti que tem alguma teimosia/esforço dentro de mim sobre tudo.
Dentro do pensamento de que “conseguir fazer é bom”, eu tenho reações em relação a reações, tipo “esse tipo de pensamento é ruim”.
E em cima disso, tem um eu que também diz que é ruim pensar que aquilo é ruim. Complicado né.
Mas tá dando pra ver isso de uma forma mais objetiva, consciente. O olhar vai pra como tá meu estado agora.
Tipo saindo de loop que eu tava preso.

PSE 4 – 5 – [28/08/2020]

Ontem recebi uma mensagem do Yosshi dizendo que queria que eu pensasse sobre determinado assunto.

Surgiu em mim um sentimento de repreendê-lo/atacá-lo.

Durante a reunião de PSE hoje foi feita a pergunta: o que estou repreendendo/atacando, qual o alvo?

O que estou tendo como pensamento fixo/duro?

Quando essa emoção surgiu dentro de mim passou algo como:

 – Você precisa pensar isso junto comigo!!
– Você só fala!!
Várias coisas surgiram.

O que será que eh esse meu estado?

PSE 4 – 4 [27/08/2020]

Hoje tive uma reunião junto com o SakaiSan, mas antes de começar a reunião eu estava com um sentimento de cansado.


Ele começou a falar e mesmo eu tendo interesse no assunto, minha primeira reação foi de não querer ouvir.


Depois no Encontro As Ano eu comecei falando que estava com esse sentimento de cansaço. Depois eu pensei que poderia ter começado a falar com o SakaiSan naquela hora colocando também esse meu sentimento como estava.


Eu fiquei cansado no meio da reunião diária da marmitaria. Durante o encontro As One da Academia eu já tinha falado sobre esse meu sentimento de cansaço que surge durante essa reunião da marmitaria, mas hoje surgiu novamente.

Quero saber o que está acontecendo neste caso. 

PSE 4 – 3 [26/08/2020]

Durante a reunião diária da marmitaria eu estava ouvindo a conversa da YoshikoSan.


Naquela hora minha vontade era de olhar atentamente para ela, observa-la. Em certo momento ela começou a falar olhando para mim, minha reação naquela hora foi de que eu precisava fazer algum movimento, nao da conseguia ficar apenas olhando parado para ela.


Dentro de mim algo dizia que eu tinha que balançar a cabeça como se estivesse concordando, ou então emitir algum som mostrando que estou ouvindo.


Não conseguia ficar parado apenas olhando para ela.


Acho que foi uma reação de um local parecido com a reação que escrevi ontem (25 08 – PSE 4 -2)


Eh algo que diz como deve ser uma relação entre as pessoas.


Por certo tempo mesmo tendo essa reação eu consegui ficar parado, até que em certo momento ela disse algo sobre a montagem das marmitas (parte que estou mais ligado), nessa hora minha cabeça balançou.


Que serah que eh isso?


Como serah que vejo a relação entre as pessoas?

Impressões Pós-reunião dia 25/08/2020

Saio da reunião no Zoom. Percebo em mim um sorriso por dentro. Um estado leve de coração.

Kayo me perguntou o que eu estava chamando de “kokoro” e eu falei desse estado de abertura para o outro e pra vida, que parece que surge quando vamos nos conectando na conversa.

Sempre sinto isso quando vou para o Yamaguishi, seja fazendo curso, vila Paraíso ou numa visita. Começa assim: chego na vila geralmente de São Paulo, geralmente com a cabeça cheia e ligeiramente ansiosa. Então sinto que as primeiras aproximações com as pessoas muitas vezes são desatentas ao estado delas, racional e, de uma certa forma, distante (mesmo que eu esteja comunicativa).

À medida que começo a escutar as pessoas, algo se movimenta em mim e vai dando uma vontade maior de me conectar com aquilo que estou ouvindo e com quem está falando. Esse estado de abertura que percebo em mim, altera até a sensação física do meu corpo. A sensação é que meu corpo se ancora, assenta, volta pra uma sensação de movimentos justos, num estado sem precipitação ou ansiedade. É um estado gostoso de estar.

No encontro de hoje sinto que comecei assim: meio sem saber o que falar, puxando falas “pra movimentar o grupo” e achando que não tinha nada de interessante para colocar. Ainda bem que no meio da conversa as partilhas me levam a este estado de observação e consigo olhar para essa ansiedade de “ter que parecer”, de “ter que fazer alguma coisa” e em algum momento alguma coisa mais despida, mais verdadeiro se apresenta, movimenta a conversa e me movimenta.

Sinto que cada encontro vai se despindo e se revelando a mim como uma cebola sendo descascada (Sem o sofrimento de descascar uma cebola, claro!). Mas esse estado de eu e dos outros coletivamente “revelados ” é que faz eu desligar o computador com um sorriso na cara e é o que eu tenho chamado de kokoro ou “estado de kokoro”, como o Diego disse.

Escrevi assim, sem pensar muito, do movimento que veio do nosso encontro.

Reuniao Terca – Como foi fazer

Hoje durante a reuniao com o pessoal do brasil confesso que estava trocando umas mensagens pelo celular com o pessoal daqui de suzuka.

As vezes minha atencao se roubava nisso.

Mas foi interessante porque estavamos na reuniao conversando sobre uma relacao verdadeiramente segura ao ler o texto, e pelo celular estavam rolando mensagens do trabalho e ao responder eu me perguntava: estou sendo eu mesmo?

Ao trocar essas mensagens no mesmo tempo pensando sobre a verdadeira seguranca me deu coragem de escrever algumas coisas da maneira que vinham, logo apos enviar a mensagem vem aquele pensamento: serah que nao falei de mais?

o velho habito de procurar a seguranca a partir de coisas boas e ruins, coisas que devem ou nao serem feitas.

Desde a semana passada em uma reuniao da academia saiu essa palavra coragem. Se eu sempre fico me movendo pela sensacao de segurannca, fazendo que acho que eh bom, o que acho que as outras pessoas esperam que eu faco, fico sempre prezo a essa coisa da relacao condicionada porque ela eh momentaneamente confortavel/segura. Acho que as vezes preciso lancar mao da coragem para quebrar o habito e tentar conhecer uma outra forma de relacao, algo mais verdadeiro.

No final da reuniao o Alam comentou que o Ze Luiz disse que tem lido e gostado das coisas que escrevo aqui no blog. Eu tinha mais umas 4 traducoes que estao prontas mas achei que se lancar tudo de uma vez as pessoas nao leriam. A partir de ouvir a conversa do Alam resolvi colocar logo esse material de uma vez mesmo.

Quando se fala do Ze Luiz, ou anti zelador, como alguns conhecem, eu lembro uma vez que fui da livraria dele junto com o Romeu, o filho dele tambem estava, estavamos bebendo vinho e rolando umas conversas que eu nao entendia nada (eu ainda era muito careta naquela vez), mas foi uma memoria que ficou muito gravada vendo aqueles tiozinhos doidoes conversando umas coisas loucas, com certeza foi um episodio que me influenciou bastante a partir dali…